Moçambique: Observação eleitoral pede independência à CNE
18 de janeiro de 2021A Sala da Paz, coligação da sociedade civil de observação eleitoral moçambicana, apelou esta segunda feira, (18.01), aos novos membros da Comissão Nacional de Eleições (CNE) para serem independentes, assinalando que a suspeição em relação aos escrutínios tem conduzido à violência política.
"No exercício das suas funções, espera-se que os membros da CNE não representem as instituições públicas ou privadas, organizações políticas ou sociais de proveniência, pautando a sua conduta" pela "independência, imparcialidade e responsabilidade, contribuindo, desta forma, para a lisura dos processos eleitorais", refere a Sala da Paz em comunicado.
Segundo a organização, "já não é justificável que os processos eleitorais em Moçambique continuem a ser caraterizados por acusações de fraude, manipulações do recenseamento e dos resultados eleitorais, troca de resultados, falsificação de editais, distúrbios na hora de votação e de contagem de votos e deficiente credenciação dos observadores".
Essas situações, prossegue a coligação, mesmo que ocorram de forma isolada, contribuem para manchar todo o processo eleitoral.
"Vezes há em que a fraca integridade dos processos eleitorais conduziu a contestações que evoluíram para a violência político-militar, provocando danos humanos e materiais", sublinha a Sala da Paz.
Punição exemplar
Para a coligação, passados 30 anos de instauração formal da democracia multipartidária e com seis eleições gerais, cinco autárquicas e três provinciais já realizadas, Moçambique adquiriu experiência para organizar processos eleitorais transparentes e resultados credíveis.
"Independentemente da sua proveniência, a lei da CNE protege cada um dos membros, ao estabelecer que os mesmos são inamovíveis, pelo que no exercício das suas funções, espera-se que não representem instituições públicas ou privadas, organizações políticas ou sociais de proveniência", refere o comunicado.
A Sala da Paz defende a punição exemplar dos infratores da legislação eleitoral, a disponibilização atempada dos recursos necessários para as operações eleitorais e criação de garantias de segurança aos cidadãos e demais atores políticos no exercício dos seus direitos políticos.
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, empossou na sexta-feira, (15.01), 17 novos membros da CNE eleitos pela Assembleia da República em dezembro de 2020. Dez dos novos membros foram designados pelos três partidos políticos com assento parlamentar e sete indicados por organizações da sociedade civil.
Entre todos foi escolhido o bispo da Igreja Anglicana de Moçambique, Carlos Matsinhe, como presidente da CNE para o mandato de cinco anos.
A nova CNE tem a responsabilidade de fazer a supervisão do recenseamento e das eleições autárquicas de 2023 e do recenseamento e eleições gerais (presidenciais e provinciais) de 2024.