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Observadores acusam FRELIMO de manipulação e fraude

Lusa
16 de outubro de 2023

Consórcio "Mais Integridade" acusa a FRELIMO de manipular as eleições autárquicas, denunciando fraude generalizada. Observadores registam adulterações nos editais, uso excessivo da força e falta de transparência.

Consórcio 'Mais Integridade' aponta irregularidades nas eleições de Moçambique.Foto: Alfredo Zuniga/AFP

O consórcio "Mais Integridade", coligação de organizações não-governamentais moçambicanas, acusou hoje a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, de ter manipulado os resultados das eleições autárquicas do dia 11, protagonizando "um nível elevado de fraude".

"Com base na nossa observação e evidências recolhidas nas mesas de voto, notamos com preocupação que as sextas eleições autárquicas não foram transparentes, íntegras e imparciais", disse o diretor do Centro de Integridade Pública (CIP), Edson Cortez, que leu o comunicado "Roteiro da Fraude", com a posição daquele consórcio.

Os observadores da coligação, prosseguiu, registaram um nível elevado de fraude e má conduta por parte das autoridades eleitorais, dos membros das mesas de voto e dos brigadistas do recenseamento eleitoral. 

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 "Uma fraude particularmente grave surgiu durante o processo de contagem, em que os editais foram adulterados", acrescentou.

"Registámos ainda o uso abusivo da força pelas Forcas de Defesa e Segurança para intimidar e expulsar observadores e delegados de candidatura dos partidos da oposição das mesas de voto e desviar urnas para locais desconhecidos, diferentes daqueles onde deveria decorrer o apuramento", disse Cortez.

Os observadores do Consórcio Mais Integridade assistiram à contagem de votos em centenas de salas de aulas sem lâmpadas, lê-se no comunicado.

A coligação assinala que "48 anos após a independência nacional, a contagem de votos nas eleições é feita à luz de candeeiros", realçou Edson Cortez.

Uso da força

Agentes das Forças de Defesa e Segurança (FDS) que deviam atuar de forma republicana, agiram em defesa e apoio da formação política no poder, avança a nota do Consórcio Mais Integridade.

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As autoridades usaram excessivamente da força contra eleitores nos diferentes municípios observados, adiantou. 

"A nossa observação constatou durante a votação que em quase todos os centros de votação, as primeiras duas mesas de voto, tinham sempre maior afluência e que o voto tendencialmente era a favor do partido Frelimo", declarou.

Os observadores do Consórcio Mais Integridade também detetaram situações de enchimento de urnas e boletins de voto pré-marcados introduzidos nas urnas por presidentes de mesa, delegados de mesa da Frelimo, polícias e observadores do processo eleitoral ligados as organizações próximas do partido no poder. 

Estas situações foram detetadas nas autarquias de Monapo, Mussoril e Nampula, na província de Nampula, e Quelimane, na província da Zambézia, as regiões mais povoadas do país, prossegue a nota.

"O processo de acreditação de observadores foi simplesmente péssimo e concebido para dificultar a observação eleitoral", lê-se no comunicado.

As sextas eleições autárquicas em Moçambique decorreram em 65 municípios do país na quarta-feira, incluindo 12 novas autarquias, que pela primeira vez foram a votos. Segundo resultados distritais e provinciais intermédios divulgados pelo STAE nos últimos dias sobre 50 autarquias, a Frelimo venceu em 49 e oMDM na Beira.

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