A construção de um estádio na cidade de Maxixe, Inhambane, foi anunciada pela Federação Moçambicana de Futebol há cinco anos. O financiamento foi iniciado pela FIFA, mas até hoje o estádio ainda é uma miragem.
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Já passaram cinco anos desde que a Federação Moçambicana de Futebol anunciou a construção de um estádio municipal na cidade de Maxixe, em Inhambane, sul de Moçambique.
Em 2018, o Governo provincial aprovou o projeto financiado pela FIFA, a Federação Internacional de Futebol. E, em 2019, foi assinado o contrato para construção do estádio, no valor de cerca de quatro milhões e quinhentos mil dólares. Assinaram o documento Alberto Simango Júnior, anterior presidente da Federação Moçambicana de Futebol, e Dajin Chen, na altura diretor-geral da empresa chinesa Julen Construções.
Mas, na semana passada, o atual presidente da Federação Moçambicana de Futebol, Faizal Sidat, a anunciou que a construção do estádio municipal já não será possível, porque acredita que não será sustentável.
Novo projeto
A verba da FIFA servirá agora para reabilitar o antigo campo desportivo da cidade de Maxixe, denominado Fernando Gomes, construído na era colonial, ou seja, para colocar relva sintética e aumentar as bancadas.
"Este projeto é substituição do anterior que era para ser um estádio. O que nos pretendemos é a massificação. A partir de abril começamos com as obras, penso até setembro vamos ter o campo. Ainda estamos a trabalhar nos orçamentos e a própria FIFA vai lançar o concurso, queremos a transparência possível", explicou Sidat.
No entanto, o edil de Maxixe, Fernando Bambo, afirma que o município já estava preparado para receber novo estádio. E já tinha indemnizado as famílias que viviam no local onde deveria ter sido erguido o estádio.
Moçambique: Onde está o estádio de futebol pago pela FIFA em Maxixe?
"Nós já tínhamos indemnizado as benfeitorias e demos o Direito de Uso e Aproveitamento de Terra para aquele espaço. Vai ser um campo com dimensões internacionais e também com uma capacidade de cerca dois mil espetadores e para nós é uma grande vitória".
Cidadãos surpresos
Egídio Agostinho, residente na cidade de Maxixe, diz que a não construção do estádio municipal surpreendeu muitos cidadãos. "A falência do projeto para mim não é bem-vinda porque construir campo lá em Mangapana seria dar espaço para o desenvolvimento de infraestruturas".
Já para Tofane Abibo, outro munícipe, a construção de um estádio municipal na cidade de Maxixe seria um desperdício de dinheiro.
"O próprio campo que ia ser construído em Mangapana seria um estádio de dimensões nacionais e isto para mim seria desperdício de dinheiro, porque aqui não temos nenhuma equipa nos jogos nacionais ou internacionais", justificou.
Textáfrica: Ruínas e o legado do seu clube de futebol
A Textáfrica foi a maior fábrica têxtil de Moçambique. Instalada na década de 50, hoje sobram apenas ruínas, e o bom nome de seu clube de futebol.
Foto: DW/J. Bernardo
Ano 2000: Extinta a fábrica Textáfrica
A empresa Textáfrica, instalada em 1951, foi a maior fábrica têxtil de Moçambique. Depois da Independência do país, ela teve apoio de cooperantes alemães da República Democrática da Alemanha (RDA). No ano 2000, paralisou as suas atividades e cerca de quatro mil trabalhadores ficaram desempregados. A economia do país foi afectada - a empresa impulsionava a economia moçambicana.
Foto: DW/J. Bernardo
Só ficaram quinquilharias
Nos pavilhões da extinta fábrica, já não se encontram as maquinarias - tampouco parece que este local um dia foi uma fábrica têxtil. Há apenas bugigangas e máquinas obsoletas. Uma dúvida, porém, permanece: para onde foram as maquinarias da Textáfrica?
Foto: DW/J. Bernardo
"Gigante" têxtil abandonada
À primeira vista, a antiga fábrica da empresa moçambicana parece um ginásio. Mas engana-se quem assim o pensa, pois neste local decorriam as atividades de tecelagem. Antigamente, era bem melhor equipada com sistemas de frio e maquinarias de alta potência, entre outros. Caso apareça um investidor, deverá recomeçar tudo do zero...
Foto: DW/J. Bernardo
De plantação de algodão a mercado
Após a falência da Textáfrica, no ano 2000, foram erguidas bancas de venda de diversos produtos na zona onde era plantado o algodão, matéria-prima da empresa têxtil. Neste local, vende-se produtos alimentares, roupas, cereais, tubérculos, frutas, etc. Este é hoje o maior mercado grossista da província, denominado Francisco Manyanga, também conhecido como "Mercado 38".
Foto: DW/J. Bernardo
Carpintaria na fábrica têxtil
Para evitar que as instalações fiquem totalmente abandonadas, a direção da extinta Textáfrica arrenda vários compartimentos da mesma. E, pela escassez de armazéns e empresas extrativas, empresários concorrem às instalações para desenvolverem suas atividades comerciais.
Foto: DW/J. Bernardo
Reativação em breve?
O governador provincial de Manica, Manuel Rodrigues, garantiu há dias que esforços estão sendo envidados, a nível provincial e central, para atrair investidores. O objetivo é colocar em funcionamento aquela que foi a maior fábrica têxtil do país. "Potenciais investidores chineses, indianos e sul-africanos já visitaram o local. Há uma luz no fundo do túnel", disse o governador.
Foto: DW/J. Bernardo
Petizes no antigo centro infantil da Textáfrica
Neste edifício degradado funcionava um centro infantil da antiga fábrica Textáfrica. No local, as crianças dos trabalhadores - e também as que viviam nos arredores – frequentavam as aulas. Hoje, crianças ainda visitam o local, mesmo nas atuais condições. Os petizes brincam, correm e passam tempo ali, de algum modo, a pressionar os dirigentes para a reativação do espaço.
Foto: DW/J. Bernardo
Clube de futebol sem fundos
O clube de futebol da empresa foi criado em 1958. Hoje, a bancada do campo do Grupo Desportivo e Recreativo Textáfrica está sem teto devido à intempérie de janeiro último. A direção está a buscar fundos para reposição, pois, a 31 de março, deverá começar a edição 2019 da maior prova futebolística de Moçambique: "Moçambola".
Foto: DW/J. Bernardo
Equipa fabril em pé e forte!
Estes são alguns dos jogadores do Grupo Desportivo e Recreativo Textáfrica, GDRT: eles mantém o bom nome da empresa! O governador, Manuel Rodrigues, ao centro, é ladeado por Miguel Júnior, técnico-adjunto, e Aleixo Fumo, técnico principal. A equipa arrasta massas em Manica e no país. Apesar da falência da empresa, os futebolistas continuam em pé e forte!
Foto: DW/J. Bernardo
Negócio sustentável
O clube Textáfrica possui alguns artigos timbrados, ou bordados, com o nome da própria fábrica. São chapéus, cascóis, camisetas e muitos outros artigos. É através da venda deste material que o clube GDRT sobrevive, para além do apoio de alguns empresários da praça. Há também uma loja em Chimoio, que vende material desportivo e promove a imagem desta empresa.
Foto: DW/J. Bernardo
Campeão de futebol
A equipa Textáfrica foi a primeira campeã de futebol em Moçambique, mas, de lá para cá, nunca mais ascendeu ao título nacional. O curioso é que, mesmo passando diversas situações difíceis no âmbito financeiro, ela nunca abandonou a competição futebolística.
Foto: DW/J. Bernardo
Futuro
O primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, visitou as instalações em fevereiro de 2018, anunciando interesse de empresários estrangeiros em breve. "Tivemos que vir cá para mantermos contacto e acompanharmos o nosso empreendimento. Nossa visita ao complexo fabril Textáfrica foi para demostrar interesse do Governo em revitalizar a fábrica da Textáfrica", disse.