Moçambique: ONU disponível para dialogar com Mariano Nhongo
Lusa
6 de junho de 2020
O enviado pessoal do secretário-geral da ONU para Moçambique diz já ter tido um primeiro contacto telefónico com o líder da autoproclamada Junta Militar da RENAMO e que está disponível para um encontro pessoal.
Publicidade
O enviado pessoal do secretário-geral das Nações Unidas para Moçambique, Mirko Manzoni, diz estar disponível para dialogar com Mariano Nhongo, líder dissidente da autoproclamada Junta Militar da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), acusada de protagonizar ataques armados no centro de Moçambique.
"Estamos disponíveis para discutir se o objetivo é a paz", afirmou, esta sexta-feira (05.06), Mirko Manzoni.
Em declarações à imprensa, após a cerimónia que marcou a desmobilização de guerrilheiros da RENAMO, no quadro do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional, no posto administrativo de Savane, na província de Sofala, o enviado pessoal do secretário-geral da ONU, disse ainda que as reivindicações de Mariano Nhongo podem ser discutidas, mas o "importante é ver se são possíveis e pertinentes".
"Todos temos reivindicações", frisou Mirko Manzoni, acrescentando que já teve um primeiro contacto telefónico com Mariano Nhongo e que está disponível para discutir o tema pessoalmente.
"Eu não tenho medo, nem problemas. Não há problema no mundo que não possa ser resolvido com o diálogo. O diálogo é mais importante e melhor que todas as armas", realçou Mirko Manzoni.
À semelhança do enviado pessoal de António Guterres, também o chefe de Estado de Moçambique se manifestou aberto para dialogar com Nhongo. "Nós estamos disponíveis para falar com eles e ouvir o que está mal neste processo de inclusão, reconciliação e tolerância", declarou Filipe Nyusi, esta sexta-feira (05.06) em Savane. Neste mesmo dia, Mariano Nhongo voltou a frisar "que o DDR não tem pernas para andar”.
União Europeia pede rigor
Também a União Europeia disse, esta sexta-feira (05.06), apoiar o cumprimento do calendário definido para o processo de desmobilização, desmilitarização e reintegração (DDR) do braço armado da RENAMO. Em comunicado, a União Europeia apela às duas partes, Governo e RENAMO, a concretização rigorosa do acordo "para garantir a estabilidade duradoura no país".
Acordo de Paz histórico em Moçambique
Em Moçambique, o Presidente Filipe Nyusi e o líder da RENAMO, Ossufo Momade, formalizaram na quinta-feira (01.08) o fim das hostilidades militares no país. O acordo, já considerado histórico, é o terceiro em 25 anos.
Foto: DW/A. Sebastião
Acordo histórico
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e o líder da RENAMO, Ossufo Momade, erguem o acordo de paz e fim das hostilidades, que foi assinado na Serra da Gorongosa, província de Sofala, centro do país. O local é conhecido como bastião da RENAMO. O acordo tem como objetivo acabar com os confrontos entre as forças governamentais e o braço armado do principal partido da oposição.
Foto: DW/A. Sebastião
Anos de hostilidade
"Estamos aqui em Gorongosa para dizer a todos moçambicanos e ao mundo inteiro que acabámos de dar mais um passo, que mostra que a marcha rumo à paz efetiva é mesmo irreversível", declarou Filipe Nyusi, referindo-se ao acordo assinado com a RENAMO. É o terceiro documento após anos de hostilidades. O primeiro foi assinado em 1992, em Itália - o chamado Acordo Geral de Paz de Roma.
Foto: DW/A. Sebastião
Virar a página
"Com esta assinatura do acordo de cessação das hostilidades militares, queremos garantir ao nosso povo e ao mundo que enterramos a lógica da violência como forma de resolução das nossas diferenças", afirmou o líder da RENAMO, Ossufo Momade, ressaltando que "a convivência multipartidária será o apanágio de todos partidos políticos".
Foto: DW/A. Sebastião
Silenciar das armas
O pacto cala oficialmente as armas e prolonga de forma definitiva uma trégua que durava desde dezembro de 2016, depois de vários anos de confrontos armados entre as forças governamentais e o braço armado da RENAMO.
Foto: DW/A. Sebastião
Abraço da paz
Na cerimónia de assinatura do acordo, o Presidente de Moçambique Filipe Nyusi mostrou-se otimista em relação aos próximos anos, dizendo que "a incerteza deu ligar à esperança e o futuro de Moçambique é promissor".
Foto: DW/A. Sebastião
"Paz vai ser testada nas eleições"
Este novo acordo é um passo muito importante para Moçambique e também para todos os partidos. Daviz Simango, líder do MDM, esteve na cerimónia e alertou: "Temos que trabalhar muito neste processo eleitoral que se avizinha. Portanto, se o STAE nos proporcionar o teatro, que tem vindo a fazer de ciclo em ciclo eleitoral, pode proporcionar o retorno a essas situações de conflitos militares".
Foto: DW/A. Sebastião
Unidos pelo acordo
Horas depois da assinatura do acordo, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse na Beira que o Governo e a RENAMO vão unir-se para debelar qualquer tentativa de prejudicar o acordo de cessação definitiva de hostilidades militares.