Moçambique: 11 agentes acusados de tentar raptar traficante
13 de julho de 2022"As audiências preliminares terminaram, eles já foram pronunciados e o processo está em tribunal, aguardando a marcação da data do julgamento", declarou o porta-voz da Procuradoria Provincial de Maputo, Jorge Chivindje, citado hoje pela Rádio Moçambique.
Segundo o Ministério Público, o caso ocorreu no ano passado, quando os agentes, que não estavam em serviço no dia, orquestraram uma operação de perseguição da suposta traficante, que viria a envolver-se num acidente de viação no bairro de Khongolote, Município da Matola.
O Ministério Público entende que os agentes pretendiam raptar a cidadã moçambicana e apoderar-se da droga, bem como de valores monetários que a mesma trazia na sua viatura.
"Pretendiam apoderar-se de bens, drogas e valores monetários na posse da cidadã, uma vez que a mesma se dedicava ao tráfico e venda de drogas, tendo-a ameaçado e agredido fisicamente, com recurso a armas de fogo do tipo Makarov e AK-47", segundo um comunicado do Ministério Público emitido em fevereiro do ano passado, citado pela publicação eletrónica Carta de Moçambique.
Agentes violam princípios e deveres
Para o MP moçambicano, os agentes usaram "informação privilegiada", violando princípios e deveres profissionais, além do "compromisso e juramento de bem servir a pátria e o Estado".
Dos 11 agentes indiciados, todos agora suspensos, 10 estão detidos desde abril de 2021.
Algumas cidades moçambicanas, principalmente as capitais provinciais, voltaram a ser assoladas desde 2020 por uma onda de raptos, visando principalmente empresários ou seus familiares.
Numa avaliação sobre a criminalidade, apresentada no início do mês de maio, a procuradora-geral da República de Moçambique referiu que os crimes de rapto têm vindo a aumentar e os grupos criminosos têm ramificações transfronteiriças, mantendo células em países como a África do Sul.
A PGR já admitiu o envolvimento de magistrados, advogados e investigadores da polícia na preparação dos raptos.