Nyusi vence, em Inhambane, com 81,37% dos votos, mas RENAMO e MDM "não assinam atas". Em Panda, membros da RENAMO estão detidos por suspeita de falsificação. FRELIMO com larga vantagem também em Manica e Gaza.
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O Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) em Inhambane, anunciou oficialmente, esta segunda-feira (21.10), os resultados das últimas eleições de 15 de outubro, onde o partido FRELIMO e seus candidatos saem vencedores.
Agostinho Buque, presidente provincial do STAE em Inhambane, disse, durante a apresentação dos dados no salão nobre do conselho municipal da cidade, que o processo ficou marcado pelas reclamações dos partidos da oposição, mas que mesmo assim não deixou de ser um "processo transparente". No entanto, confirma Agostinho Buque, "os partidos RENAMO e MDM não assinaram as atas".
Na votação para as presidenciais nesta província, Filipe Nyusi, da FRELIMO, obteve 266.276 votos, o correspondente a 81,37%, Daviz Simango (MDM - Movimento Democrático de Moçambique) somou 14.404 (4,4%) e Ossufo Momade (RENAMO - Resistência Nacional Moçambicana) recolheu 44.763, ou seja, 13,37% dos votos.
Célio Mate, mandatário do partido FRELIMO em Inhambane, diz que a vitória do seu partido é fruto de muito trabalho."O partido FRELIMO congratula, primeiro, os órgãos eleitorais pelo excelente trabalho no processo. Quanto aos resultados, são fruto realmente de trabalho árduo que este glorioso partido fez durante 43 dias da campanha".
Moçambique: Oposição rejeita vitória da FRELIMO em Inhambane
Já Ossumane Mussagy, vogal da RENAMO no STAE de Inhambane, frisa que o seu partido não aceita os resultados e que está a aguardar novas orientações da sua formação política. "Não aceitamos os resultados e o passo a seguir vai caber à Resistência Nacional Moçambicana em Maputo", explica.
O mesmo posicionamento tem José Sinequinha. O mandatário provincial do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) denuncia uma "grosseira fraude eleitoral", na sua opinião, a mais grave desde a introdução do sistema de multipartidarismo na década 90."O MDM não aceita esses resultados que estão a ser anunciados", frisa José Sinequinha, acrescentando que "houve muitas evidências de boletins de votos apanhados fora dos centros de votação. É um indício de que houve fraude".
Na província de Inhambane, quase metade dos eleitores não foram às urnas e mais de 11 mil votaram em branco.
Detenções em Inhambane
Entretanto, segundo revelou o porta-voz da polícia desta província moçambicana, no encontro semanal com jornalistas, encontram-se detidos no distrito de Panda, o chefe do gabinete distrital de eleições e sete membros do partido RENAMO. São acusados de falsificação de certificados de habilitações literárias para se candidatarem a membros das mesas de voto em Inhambane.
Segundo a Lusa, os sete certificados apresentavam a mesma data de emissão e as mesmas notas, tendo sido substituídos apenas os nomes, o que terá, segundo a polícia, levado às suspeitas dos órgãos eleitorais. O certificado de habilitação literária, no mínimo da 7.ª classe, é um dos requisitos para ser membro das assembleias de voto.
Nyusi com 74% em Manica
FRELIMO canta vitória em Manica
01:30
Os números até agora divulgados dão uma larga vantagem a FRELIMO em todo o país nas três eleições. Em Manica, esta vantagem é expressiva. Na votação para as presidenciais, Filipe Nyusi obteve 381.822 votos, correspondente a 74,85%, Ossufo Momade (Renamo - Resistência Nacional Moçambicana) recolheu 113.204, ou seja, 22,19%, e Daviz Simango (MDM - Movimento Democrático de Moçambique) somou 12.554 (2,46%). Mário Albino da AMUSI, teve apenas 2.555 votos, ou seja, 0.50%.
Para a Assembleia da República, a FRELIMO conquistou 7,653% dos votos, seguida da RENAMO com 2,362% e o MDM com 2,53%. Resultados muito semelhantes registaram-se para a Assembleia Provincial.
O partido no poder venceu, na Zambézia, com 65,49% dos votos; a RENAMO foi o segundo partido mais votado, com 29,6%, o MDM em terceiro lugar com 3,39% dos votos e a Ação de Movimento Unido para Salvação Integral (AMUSI) conseguiu 0,37% dos votos. Filipe Nyusi, o candidato presidencial da FRELIMO, venceu as presidenciais com 69,5% dos votos.
A vitória mais expressiva da FRELIMO registou-se, até ao momento, na província de Gaza, no sul do país, onde obteve 95,02% dos votos.
De norte a sul de Moçambique, grande afluência de eleitores marcou primeiras horas de votação. 13,1 milhões de moçambicanos foram chamados a escolher Presidente da República, 250 deputados e 10 governadores provinciais.
Foto: Getty Images/AFP/G. Guercia
Filipe Nyusi abre votação em Maputo
As primeiras assembleias de voto abriram às 07:00 para as sextas eleições gerais. Filipe Nyusi, Presidente de Moçambique e candidato a um segundo mandato, abriu a votação em Maputo. Depois de votar na Secundária Josina Machel, em direto na televisão pública, pediu ao país para mostrar ao mundo que Moçambique "apoia a democracia". "Vamos acreditar e vamos confiar", sublinhou o candidato da FRELMO.
Foto: Getty Images/AFP/G. Guercia
Ossufo Momade vota na Ilha de Moçambique
O candidato presidencial da RENAMO, Ossufo Momade, disse que "nunca" vai aceitar "resultados eleitorais manipulados", assinalando que a negação da vontade popular levou o país a hostilidades militares no passado. "Estamos determinados em fazer qualquer coisa que o povo nos indicar", declarou Momade. O candidato falava após votar na sua terra natal, na Ilha de Moçambique, província de Nampula.
Foto: Getty Images/A. Barbier
Daviz Simango apela ao voto de todos
Daviz Simango, candidato à presidência pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), votou no bairro de Macuti. "Aproveito esta oportunidade para lembrar a todos os moçambicanos que não votarem que vão ter a oportunidade de ser dirigidos por aqueles que não escolheram", advertiu. Pediu ainda às autoridades para "criarem condições para que estas eleições sejam transparentes livres e justas".
Foto: DW/A. Sebastião
Tentativas de fraude a favor da FRELIMO
Segundo o Centro de Integridade Pública (CIP), registaram-se já vários "casos de tentativas de enchimento de urnas" nos dois maiores círculos eleitorais do país. Os casos, a favor da FRELIMO, ocorreram nas assembleias de voto instaladas nas escolas primárias completas Eduardo Mondlane de Angoche, em Nampula, e 16 de Junho, em Mopeia, na Zambézia, precisou a ONG.
Foto: DW/L. da Conceição
UE: Observação eleitoral "em boas condições"
A Missão de Observação Eleitoral da União Europeia (UE) considera que a abertura das mesas de voto decorreu de modo ordeiro. "Havia muitas filas, mas os procedimentos foram seguidos em grande parte", disse Sànchez Amor. O chefe da missão da UE informou ainda que "a observação está a realizar-se em boas condições" e, por enquanto, "o processo desenrola-se conforme o previsto".
Foto: DW/L. Matias
Quelimane: Zambezianos em peso nas urnas
Assembleias de voto em Quelimane, província central da Zambézia, registam grande afluência de eleitores desde as primeiras horas. A DW encontrou vários cidadãos que não conseguiram votar por problemas com o cartão de eleitor. Luís Boavida, cabeça de lista do MDM, e Manuel de Araújo, da RENAMO, apelaram aos zambezianos para irem às urnas. Pio Matos, da FRELIMO, garantiu que está "tudo tranquilo".
Foto: DW/N. Issufo
Gaza: Ambiente calmo e ordeiro
A tranquilidade marcou a abertura das mesas de voto em Mandlakazi, na província de Gaza, no sul. Gaza foi notícia nos últimos meses porque foi aqui que os órgãos eleitorais moçambicanos recensearam cerca de 230 mil eleitores a mais do que o número da população em idade eleitoral anunciada pelo INE. Irregularidades muito contestadas por oposição e sociedade civil.
Foto: DW/C. Matsinhe
Nampula: Eleitores impedidos de votar
Em Mulila, no populoso bairro de Namicopo, na cidade de Nampula, pelo menos oito eleitores foram impedidos de votar, alegadamente porque os seus nomes não constavam dos cadernos eleitorais. O bairro de Namicopo é na sua maioria habitado por apoiantes da RENAMO. Já a Sala da Paz condenou a "falta de vontade dos órgãos eleitorais" em credenciar observadores na província de Nampula.
Foto: DW/S. Lutxeque
Tete: Balanço positivo da Sala da Paz
A Sala da Paz faz um balanço positivo das primeiras horas de votação em Tete, apesar de se verificaram longas filas de eleitores e de alguns membros desta plataforma eleitoral não terem sido credenciados pelos órgãos de administração eleitoral para a observação do pleito. Nestas eleições, Tete elege 21 deputados para a Assembleia da República e 82 membros para a Assembleia Provincial.
Foto: DW/A. Zacarias
Inhambane: Prioridade para eleitores idosos
Idosos em Inhambane estão a ter prioridade nas mesas das assembleias de voto. Nesta província, as mesas abriram à hora prevista, com milhares de eleitores nas filas para exercerem o seu direito cívico. A afluência às urnas diminuiu ao final da manhã. Os concorrentes ao cargo de governador votaram cedo e aguardam os resultados nas suas residências, sob fortes medidas de segurança.
Foto: DW/L. da Conceição
Pemba: Longa espera para votar
Ao contrário de Inhambane, em Pemba, província de Cabo Delgado, alguns idosos queixam-se da longa espera para votar e lamentam que não lhes seja concedida prioridade, como preconiza a lei. "Há lutas na fila e como nós somos mais velhas não conseguimos ficar paradas, por isso ficamos sentadas", disse à DW África a idosa Albertina Navaia, que vota na Escola Primária de Cariacó.
Foto: DW/D. A. Uatanle
Manica: Votação sem sobressaltos
Em Manica, a votação tem sido sobressaltos nem registo de ilícitos eleitorais. Apesar de, no geral, os partidos darem nota positiva ao arranque do processo na província, o delegado do MDM, Humberto Escova, lamentou a circulação de automóveis blindados, na zona de Pinanganga, no distrito de Gondola, e acusou o contingente policial de semear o medo entre os eleitores.