O candidato Ossufo Momade, líder da RENAMO, apontou, em Manica, a independência económica como um dos desafios, convidando a juventude a assumir o "compromisso coletivo" de travar "males que corroem o tecido social".
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"Cerca de 50 anos de governação de um partido único [FRELIMO] e Moçambique está cada vez mais empobrecido e as desigualdades sociais estão cada vez mais acentuadas", acusou Ossufo Momade, em declarações na aldeia de Xinhambuse, província de Manica, centro do país.
O líder da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), partido que tal como há cinco anos volta a apoiar a sua candidatura presidencial nas eleições gerais de 9 de outubro, participou na cerimónia fúnebre de André Matade Matsangaísse, primeiro comandante e um dos fundadores daquela força, 45 anos após ter morrido em combate, na Gorogonsa, que se realizou este domingo (29.09) na aldeia de Xinhambuse, a sua terra natal.
Para o presidente da RENAMO, o país atravessa um período que desafia setores-chave, destacando, além das desigualdades sociais, as fragilidades da educação e saúde.
"O acesso à comida para a maioria das famílias moçambicanas é um problema diário", acrescentou o líder da oposição, acusando a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), partido no poder, de ter "delapidado" o Estado desde a independência, em 1975.
Para Ossufo Momade, Moçambique precisa de uma juventude mais ativa face aos dilemas que o país enfrenta, apesar de ser "rico".
"É hora de mudar", frisou Ossufo Momade, avançando que as pessoas, sobretudo a juventude, precisam de um "compromisso coletivo".
A partidarização do Estado , acrescentou o candidato, também deve ser travada, bem como o suposto nepotismo, que descreveu como um dos "grandes males que afetam" o país e travam a sua independência económica.
O líder do principal partido de oposição em Moçambique é um entre os quatro candidatos à Presidência de Moçambique, numa disputa que conta ainda com Daniel Chapo, apoiado pela Frelimo, Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceiro partido representando no parlamento, e Venâncio Mondlane, ex-membro e ex-deputado da RENAMO, apoiado pelo Partido Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), sem representação parlamentar.
Moçambique realiza em 09 de outubro as sétimas eleições presidenciais, às quais já não concorre o atual chefe de Estado, Filipe Nyusi, que atingiu o limite constitucional de dois mandatos, em simultâneo com as sétimas legislativas e quartas para assembleias e governadores provinciais.
Mais de 17 milhões de eleitores estão inscritos para votar, incluindo 333.839 recenseados no estrangeiro, segundo dados da Comissão Nacional de Eleições.
Candidatos presidenciais querem transformar Moçambique, mas como?
Todos os candidatos presidenciais, e os principais partidos em Moçambique, prometem mudanças depois das eleições gerais de 9 de outubro: menos corrupção e melhores condições de vida. Mas a via para lá chegar difere.
Foto: Alfredo Zuniga/AFP/Getty Images
Daniel Chapo, da FRELIMO, quer mudanças
Daniel Chapo promete mudanças se for eleito Presidente da República. O partido que o apoia, a FRELIMO, está no poder desde 1975, mas Chapo diz que quer fazer "coisas novas" em Moçambique. O ex-governador da província de Inhambane, de 47 anos, considera que a paz no país é uma prioridade: "Sou o candidato mais jovem e mais experiente, por isso, não podemos brincar no dia 9 de outubro", disse.
Foto: Marcelino Mueia/DW
FRELIMO quer novas leis para combater a corrupção
A FRELIMO aposta na mudança na continuidade e define o combate ao branqueamento de capitais e corrupção como prioridades. O partido propõe reformas legais, incluindo "a aprovação de uma Lei de Repatriamento de Capitais, bem como a Declaração de Bens de Proveniência ilícita, dentro de um determinado prazo". A FRELIMO quer um país "livre da dependência externa, com uma economia a crescer".
Foto: DW
Ossufo Momade, da RENAMO, promete revisão constitucional
Ossufo Momade, o candidato presidencial do maior partido da oposição, a RENAMO, diz que, se for eleito, vai "criar condições para rever a Constituição" e criar três capitais: "A capital política será Maputo, a capital parlamentar será Beira e a capital económica, Nampula". O opositor, de 63 anos, promete reforçar a força logística do Exército para combater o terrorismo em Cabo Delgado.
Foto: Marcelino Mueia/DW
RENAMO quer colocar o cidadão no centro da governação
A RENAMO nunca governou Moçambique, mas define uma missão clara no seu manifesto eleitoral: defender a liberdade e o Estado de Direito democrático, colocando o cidadão no centro da governação. O partido promete combater a corrupção e criar emprego, sobretudo para jovens e mulheres, aumentando a transparência e dando incentivos fiscais "seletivos" a quem crie postos de trabalho.
Foto: Bernardo Jequete/DW
Lutero Simango, do MDM, promete devolver dignidade ao povo
Lutero Simango, o candidato presidencial do MDM, será o primeiro nome no boletim de voto. O político, de 64 anos, promete resolver os problemas básicos dos cidadãos, melhorando as condições de vida: "Assumo o compromisso de que, se me elegerem, vou devolver a dignidade aos moçambicanos", afirmou. Simango também já disse que vai falar com "o diabo" para combater o terrorismo no país.
Foto: Sitoi Lutxeque/DW
MDM propões várias reformas
O MDM, a terceira maior força política em Moçambique, promete realizar várias reformas, se for eleito: Reforma das instituições, despartidarizando o Estado e redefinindo as competências das autarquias; Reforma na Educação, criando uma rede escolar equilibrada que priorize as zonas rurais e que torne o país competitivo; Reforma na Saúde, valorizando a medicina estatal, privada e tradicional.
Foto: Alfredo Zuninga/AFP/Getty Images
Candidato independente, Venâncio Mondlane, quer o povo no poder
Venâncio Mondlane, de 50 anos, começou a carreira política no MDM e passou também pela RENAMO. Agora, como independente, promete que, se for eleito Presidente da República, "o poder vai pertencer ao povo e não a um partido". Mondlane diz ainda que o país não precisa mais de se endividar: "Vamos criar condições para, com os nossos recursos naturais, fazermos muito melhor do que se tem feito".