Moçambique: Ossufo Momade faz campanha eleitoral em Manica
Bernardo Chicotimba
5 de outubro de 2019
O líder da RENAMO fez um comício a apoiantes do partido da oposição em Chimoio, o maior círculo eleitoral da província. Ossufo Momade prometeu mais empregos e pediu que população fique atenta à contagem dos votos.
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O candidato à presidência da República de Moçambique pela Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Ossufo Momade, escalou este sábado (05.10) a província de Manica, centro de Moçambique, no âmbito da campanha eleitoral de "caça ao voto". A porta de entrada foi a cidade de Chimoio, maior círculo eleitoral da província.
Ossufo Momade vai escalar sucessivamente Machaze, Mossurize e Báruè, alguns dos distritos bastiões do maior partido da oposição moçambicana. Em Chimoio, o candidato pediu voto à população que abarrotou o espaço escolhido para o comício.
O líder da RENAMO prometeu mais emprego aos jovens, garantiu pagar bons salários aos funcionários públicos visando acabar com a corrupção, além de asfaltagem de mais vias de acesso para permitir o escoamento de produtos agrícolas.
"Estou a ver rostos de pobreza em vós, mas vocês não são culpados. A culpa é daqueles que estão há 44 anos a governar. Não há razões de a população de Manica ficar pobre, porque Manica possui uma terra arável, propícia para a prática da agricultura. Isso é por causa da má governação", declarou.
Perante à enchente de membros e simpatizantes que acorreram ao local do comício, alguns para o ver e outros para acompanhar o seu manifesto, Ossufo Momade prometeu mais.
"Temos empresas que estão a explorar o gás, mas o dinheiro tem estado a beneficiar a um punhado de gente. Isso deve acabar, mas para tal é preciso votar na RENAMO e no seu candidato que sou eu", disse. Momade também afirmou que, se eleito, o ensino será gratuito da primeira à décima classe. "Vamos ter que pagar bem os professores para ensinarem também bem os nossos filhos", declarou.
O líder da RENAMO pediu à população que fique vigilante no dia 15 de outubro, a data da votação. "Depois de votarem, vão à casa almoçar e, depois, regressem aos locais onde cada um votou para controlar as urnas, senão pode haver manobras", advertiu.
Momade recebe apoio
Boa parte do eleitorado de Chimoio demonstrou apoio à liderança de Ossufo Momade como um continuador do trabalho deixado pelo antigo líder da RENAMO Afonso Dhlakama.
Segundo Henriques Jaime, membro do partido em Chimoio, Ossufo Momade assumiu a liderança antes da morte do Afonso Dhlakama. "Nós aceitamos a sua liderança, ele foi indicado antes da morte de Dhlakama, apenas foi a eleição para provar a democracia dentro do partido. Ele é um indivíduo com dignidade, respeito e amor para com todos os membros e o povo moçambicano, tal como o falecido", disse.
A eleitora Isabel Jossua Mugafue disse que não há razões de o negar, porque Ossufo Momade está a mostrar boas obras. "Estamos cansados de sermos espezinhados pelo governo do dia. Queremos novas coisas. Há muito sofrimento no seio do povo, então é só com Ossufo Momade que o país poderá avançar", disse.
Azevedo Monteiro, diretor da campanha da RENAMO em Manica, disse que Ossufo Momade tem qualidades invejáveis no seio dos quadros que o partido possui.
"Nós aceitamos e dizemos já agora que Ossufo é presidente legítimo, a partir do congresso transcorrido na serra da Gorongosa e a sua eleição foi testemunhada quase por todos os moçambicanos, a comunidade internacional e outros. Portanto, ele é nosso líder e não haverá mais outro a não ser Ossufo Momade", sublinhou.
Eleições em Moçambique: A campanha em fotografias
Começou a campanha eleitoral em Moçambique. Candidatos prometem lutar contra a corrupção, criar empregos e melhorar o dia a dia dos moçambicanos. Eleições estão agendadas para 15 de outubro.
Foto: Getty Images/AFP/G. Guercia
Promessas novas e antigas
Começou a "caça ao voto" em Moçambique. As eleições gerais estão marcadas para 15 de outubro e os candidatos à Presidência acenam aos eleitores com várias promessas: lutar contra a corrupção, melhorar as condições de vida do povo e a qualidade de ensino e criar mais empregos. Promessas novas, mas que também já se ouviram noutras eleições.
Foto: Getty Images/AFP/G. Guercia
Nyusi contra "demagogias"
Filipe Nyusi recandidata-se ao cargo de Presidente. No arranque da campanha eleitoral, o candidato da FRELIMO criticou "demagogias" e assegurou que conhece as preocupações da população. Por isso, promete criar mais empregos e melhorar as escolas, as estradas e o setor da saúde.
Foto: DW/M. Sampaio
Ossufo Momade: Uma estreia
É uma estreia nestas eleições: o novo líder do maior partido da oposição em Moçambique, Ossufo Momade, candidata-se, pela primeira vez, à Presidência da República, depois da morte do líder histórico da RENAMO, Afonso Dhlakama, em maio de 2018. Momade promete combater a corrupção no país: "Estão a prender os peixinhos enquanto os tubarões estão lá. Nós queremos que os tubarões entrem também."
Foto: DW/M. Sampaio
Simango critica dívidas ocultas
Daviz Simango, o candidato presidencial do MDM, também não está contente com a governação no país. Segundo Simango, basta olhar para o escândalo das dívidas ocultas, garantidas pelo anterior Governo sem conhecimento do Parlamento: "Vejam as dívidas ocultas, que prejudicam sobremaneira o nosso povo, encarecendo a vida da maioria". É preciso mudar de rumo, diz.
Foto: DW/M. Sampaio
Falta de fundos para AMUSI
É o quarto candidato presidencial: Mário Albino, do partido extraparlamentar Ação do Movimento Unido para a Salvação Integral (AMUSI). Albino começou a campanha a "lamentar o comportamento da CNE que está amarrada às orientações do partido FRELIMO. Até hoje não libertaram fundos para a campanha eleitoral para o AMUSI", denunciou Albino, citado pelo jornal moçambicano O País.
Foto: DW/S.Lutxeque
Problemas por resolver
Antes do início da campanha, já havia várias controvérsias em relação a estas eleições: denúncias sobre "eleitores-fantasma" na província de Gaza ou ameaças de um boicote ao processo pela autoproclamada Junta Militar da RENAMO (foto), que contesta Ossufo Momade na presidência do partido. Na véspera do arranque da campanha, a Junta Militar ameaçou: "Somos moçambicanos e continuamos com as armas."
Foto: DW/A. Sebastiao
Novidade: Eleição de governadores
Pela primeira vez na história de Moçambique, os eleitores vão poder escolher os 10 governadores provinciais. É uma novidade que resulta das negociações de paz entre o Governo e o maior partido da oposição a RENAMO. Nas províncias, os candidatos também andam a tentar "caçar votos". Na foto, apoiantes da FRELIMO na província da Zambézia.
Foto: DW/M. Mueia
"Escolher um filho para dirigir a província"
Manuel de Araújo candidata-se pela RENAMO a governador da província da Zambézia. No arranque da campanha congratulou-se com a possiblidade de os moçambicanos poderem votar nos seus governadores: "44 anos que este país está independente, mas nós nunca tivemos a possibilidade de escolher um filho nosso para dirigir a província". Pio Matos é o candidato da FRELIMO e Luís Boa Vida do MDM, na Zambézia.
Foto: DW/M. Mueia
CNE prepara escrutínio
As eleições gerais estão marcadas para 15 de outubro. Segundo a Comissão Nacional de Eleições de Moçambique (CNE), estão a ser recrutados os "formadores provinciais e os candidatos a membros das assembleias de voto, cuja formação deverá acontecer durante o mês de setembro". Serão distribuídas 21 mil mesas de voto por todo o território nacional e pela diáspora.