O líder do maior partido da oposição está em campanha eleitoral na Zambézia, onde prometeu combater a corrupção caso fosse eleito e apelou à união na RENAMO.
Publicidade
Em vésperas de eleições gerais em Moçambique, o líder da RENAMO, Ossufo Momade apela à união do partido chamando a Mariano Nhongo, líder da Junta Militar, para junto de si e tornar o partido mais unido. Na conferência de imprensa, na tarde desta terça-feira (03.09) na cidade de Quelimane, província central da Zambézia, Ossufo Momade, líder do maior partido da oposição em Moçambique, convidou Mariano Nhongo a juntar-se a ele e fintou as perguntas em relação às medidas que tem para unir o partido.
"Meu irmão, essa sua pergunta eu não gostaria de comentar neste momento porque estamos na campanha, a campanha é uma festa, o Nhongo é um cidadão moçambicano, é da RENAMO. O que nós pedimos a Nhongo é que regresse à razão", disse Momade.
Crise interna
No entender de Lourindo Verde, analista político, Ossufo Momade deveria entrar em conversações com Mariano Nhongo, ao invés de se dedicar a campanha política quando há uma ameaça no seio da própria RENAMO.
"Hoje é difícil saber de facto o que é que a tal Junta Militar esta a reivindicar, um líder é aquele que deve conversar. Tem que ouvir perceber o que é que está a acontecer e se for um assunto que tem uma solução, então, dar uma solução. Ele tem que se aproximar ao invés de estar a andar aí de um lado para o outro a saber que o nome dele não é bem vindo pela ala militar que até lhe suporta, ele tinha que antes de mais nada resolver primeiro o conflito que existe internamente para levar a RENAMO a ser de facto um partido da oposição pelo qual nós estamos habituado", explicou Lourindo Verde.
Há possibilidades de a RENAMO entrar em crise política caso Ossufo não tome medidas cautelares, entende o analista.
Moçambique: Ossufo Momade chama Mariano Nhongo para união
"Se não tomar essas providências é possível que se caia em tensão política, um problema que envolve ele pode se tornar num problema que envolve o partido", sublinhou Verde.
Combate à corrupção, prioridade da RENAMO
O líder da RENAMO diz que veio à província da Zambézia, no quadro da campanha eleitoral que se iniciou no sábado passado. No seu manifesto diz que acabar com a corrupção está no topo das suas prioridades, caso seja eleito para o cargo de Presidente da República.
A campanha eleitoral com vista às eleições gerais de 15 outubro prossegue no seu quarto dia. Para além do candidato da RENAMO, Ossufo Momade, está também na Zambézia o candidato às presidenciais do MDM, segundo maior partido da oposição, Daviz Simango.
A FRELIMO, partido no poder, dividiu-se, esta terça feira, em vários grupos nos bairros de Quelimane para a campanha porta a porta.
Eleições em Moçambique: A campanha em fotografias
Começou a campanha eleitoral em Moçambique. Candidatos prometem lutar contra a corrupção, criar empregos e melhorar o dia a dia dos moçambicanos. Eleições estão agendadas para 15 de outubro.
Foto: Getty Images/AFP/G. Guercia
Promessas novas e antigas
Começou a "caça ao voto" em Moçambique. As eleições gerais estão marcadas para 15 de outubro e os candidatos à Presidência acenam aos eleitores com várias promessas: lutar contra a corrupção, melhorar as condições de vida do povo e a qualidade de ensino e criar mais empregos. Promessas novas, mas que também já se ouviram noutras eleições.
Foto: Getty Images/AFP/G. Guercia
Nyusi contra "demagogias"
Filipe Nyusi recandidata-se ao cargo de Presidente. No arranque da campanha eleitoral, o candidato da FRELIMO criticou "demagogias" e assegurou que conhece as preocupações da população. Por isso, promete criar mais empregos e melhorar as escolas, as estradas e o setor da saúde.
Foto: DW/M. Sampaio
Ossufo Momade: Uma estreia
É uma estreia nestas eleições: o novo líder do maior partido da oposição em Moçambique, Ossufo Momade, candidata-se, pela primeira vez, à Presidência da República, depois da morte do líder histórico da RENAMO, Afonso Dhlakama, em maio de 2018. Momade promete combater a corrupção no país: "Estão a prender os peixinhos enquanto os tubarões estão lá. Nós queremos que os tubarões entrem também."
Foto: DW/M. Sampaio
Simango critica dívidas ocultas
Daviz Simango, o candidato presidencial do MDM, também não está contente com a governação no país. Segundo Simango, basta olhar para o escândalo das dívidas ocultas, garantidas pelo anterior Governo sem conhecimento do Parlamento: "Vejam as dívidas ocultas, que prejudicam sobremaneira o nosso povo, encarecendo a vida da maioria". É preciso mudar de rumo, diz.
Foto: DW/M. Sampaio
Falta de fundos para AMUSI
É o quarto candidato presidencial: Mário Albino, do partido extraparlamentar Ação do Movimento Unido para a Salvação Integral (AMUSI). Albino começou a campanha a "lamentar o comportamento da CNE que está amarrada às orientações do partido FRELIMO. Até hoje não libertaram fundos para a campanha eleitoral para o AMUSI", denunciou Albino, citado pelo jornal moçambicano O País.
Foto: DW/S.Lutxeque
Problemas por resolver
Antes do início da campanha, já havia várias controvérsias em relação a estas eleições: denúncias sobre "eleitores-fantasma" na província de Gaza ou ameaças de um boicote ao processo pela autoproclamada Junta Militar da RENAMO (foto), que contesta Ossufo Momade na presidência do partido. Na véspera do arranque da campanha, a Junta Militar ameaçou: "Somos moçambicanos e continuamos com as armas."
Foto: DW/A. Sebastiao
Novidade: Eleição de governadores
Pela primeira vez na história de Moçambique, os eleitores vão poder escolher os 10 governadores provinciais. É uma novidade que resulta das negociações de paz entre o Governo e o maior partido da oposição a RENAMO. Nas províncias, os candidatos também andam a tentar "caçar votos". Na foto, apoiantes da FRELIMO na província da Zambézia.
Foto: DW/M. Mueia
"Escolher um filho para dirigir a província"
Manuel de Araújo candidata-se pela RENAMO a governador da província da Zambézia. No arranque da campanha congratulou-se com a possiblidade de os moçambicanos poderem votar nos seus governadores: "44 anos que este país está independente, mas nós nunca tivemos a possibilidade de escolher um filho nosso para dirigir a província". Pio Matos é o candidato da FRELIMO e Luís Boa Vida do MDM, na Zambézia.
Foto: DW/M. Mueia
CNE prepara escrutínio
As eleições gerais estão marcadas para 15 de outubro. Segundo a Comissão Nacional de Eleições de Moçambique (CNE), estão a ser recrutados os "formadores provinciais e os candidatos a membros das assembleias de voto, cuja formação deverá acontecer durante o mês de setembro". Serão distribuídas 21 mil mesas de voto por todo o território nacional e pela diáspora.