1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Moçambique: Pacientes desesperam com falta de sangue

26 de junho de 2020

Há falta de sangue nos hospitais da província de Inhambane, sul de Moçambique. Por isso, muitos pacientes são obrigados a recorrer à ajuda de familiares ou de doadores, que por vezes cobram avultadas somas de dinheiro.

Wissenschaft Medizin Kühlung
Foto: imago/Westend61

Se ficar doente e necessitar de sangue nos hospitais da província de Inhambane, o melhor é recorrer a um doador da família. Há doadores externos que chegam a cobrar 1500 meticais (cerca de 20 euros).

Foi o que aconteceu a Rosa. Depois do parto, teve alta do hospital rural de Chicuque, na semana passada. Como perdeu muito sangue, precisou de uma transfusão. O marido chegou a doar sangue, mas, como era de um grupo sanguíneo diferente, teve de pagar para fazer uma transfusão.

"Queria dinheiro uma pessoa de fora (1500 meticais). Doou-me o meu marido e puseram-me aquele [sangue] do hospital para substituir o sangue que me puseram. Não te põem sangue sem pagar em todos os hospitais", denuncia Rosa Adalberto.

Tempo perdido à procura de doador

Félix foi doar sangue ao pai, que sofreu um acidente de viação e está agora internado no Hospital Provincial de Inhambane. Antes de ser operado, precisa de uma transfusão de sangue.

"Aqui estou para vir doar sangue para o meu pai que teve acidente hoje, depois saiu muito sangue. Amanhã deve ir para a sala de operações e disseram-se que tem de ter sangue", conta.

Hospital Rural de Chicuque, na província de InhambaneFoto: DW/L. da Conceição

Felicidade também contou à DW que o pai recebeu uma primeira transfusão no hospital distrital de Massinga. Mas depois teve de procurar e pagar a um doador para obter mais sangue. Mesmo assim, depois da transfusão, o pai acabou por perder a vida.

"Deram-nos meio litro e nós tínhamos que procurar uma outra pessoa para doar sangue e pagar. Não o conseguimos salvar e perdeu a vida."

Covid-19 afasta doadores

As autoridades dizem que há falta de sangue, particularmente desde o início da pandemia de Covid-19. 

Manuel Zacarias Caetano, responsável provincial do banco de sangue do Hospital Provincial de Inhambane, contou à DW que, por causa da doença, muitos doadores têm medo e dúvidas. E pede aos familiares para doarem sangue.

"Para uma unidade destas, sendo provincial, não é suficiente. Nós precisamos de 150 unidades, [isso] mostra que estamos abaixo daquilo que é a nossa capacidade", diz o responsável.

A venda de sangue é ilegal em Moçambique. Para combater o fenómeno, há frequentemente campanhas de recolha. Este mês, face à queda "preocupante" das doações, a vice-ministra da Saúde, Lídia Cardoso, citada pelo jornal Notícias, apelou à "disponibilização de sangue [...] como parte integrante dos esforços" para salvar vidas em Moçambique.

Discriminação contra LGBTs no banco de sangue

01:39

This browser does not support the video element.

Saltar a secção Mais sobre este tema