1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
Estado de DireitoMoçambique

Moçambique: Eleição do diretor-geral do STAE compromete CNE

10 de outubro de 2022

A eleição do novo diretor-geral do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), Loló Correia, não reúne consenso em Moçambique. Analista considera que a CNE revelou falta de transparência.

STAE Namacurra
(Imagem de arquivo)Foto: DW/M. Mueia

A lei moçambicana prevê que o diretor-geral do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) seja escolhido por concurso público. 

Mas como disse há um mês o porta-voz da Comissão Nacional de Eleições (CNE), Paulo Cuinica, a seleção por concurso público não gerou consenso. Sendo assim, Loló Correia foi escolhido para chefiar o STAE por votação.

O porta-voz garante, no entanto, que a escolha de Loló Correia foi feita através de uma votação livre, justa e transparente, tendo arrecadado 10 dos 17 votos possíveis. 

Porta-voz da Comissão Nacional de Eleições (CNE), Paulo CuinicaFoto: R. da Silva/DW

"Nestes termos, ficou deliberado que Loló Correia irá exercer o cargo de diretor-geral do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral devendo se instruir os devidos ofícios".

Na altura, o maior partido da oposição, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), não concordou com o recurso à votação e acusou o partido no poder de alterar as regras de jogo. 

Caso no tribunal administrativo

O analista político Wilker Dias dá razão ao partido de Ossufo Momade e sublinha que tudo se "deveu a um saltar de etapas, que não foram obedecidas".

"O critério de escolha era a entrevista e um dos candidatos acabou por levar o caso ao tribunal", complementa.

O caso está no tribunal administrativo. Mas Dias acredita que a Comissão Nacional de Eleições podia ter resolvido o problema aceitando o erro - a votação.

"Mas não foi pensado dessa forma e, agora, o caso no tribunal acaba por manchar e piorar ainda mais a situação. Agudiza a falta de credibilidade que as nossas instituições eleitorais têm a nível nacional", lamenta.

Analista Wilker Dias teme que o caso levante dúvidas sobre as próximas eleiçõesFoto: Arcénio Sebastião/DW

Falta de transparência na CNE

Para o analista Wilker Dias, esta mudança revela falta de transparência na CNE. 

"E também a questão da imparcialidade que é inexistente. [A CNE] deveria ser um dos órgãos que pautam por este caminho, por ser onde o cidadão, em termos técnicos, confia para o apuramento do poder do exercício do voto", explica. 

Dias avança que este problema pode comprometer o recenseamento eleitoral e levantar muitas dúvidas sobre as próximas eleições, previstas para 2023 e 2024. 

"Nós já verificámos polémicas ligadas ao próprio processo de recenseamento, há alguns anos, e agora estamos a verificar um cenário que pode, de certa forma, manchar já - logo no início - os processos subsequentes que se avizinham." 

Em 2023, Moçambique realiza eleições autárquicas seguidas das presidenciais, legislativas, provinciais e provavelmente as distritais. A CNE disse precisar de quase 300 milhões de euros para a organização dos escrutínios. 

Uma aliança da oposição contra a FRELIMO em Moçambique?

10:54

This browser does not support the video element.

Saltar a secção Mais sobre este tema
Saltar a secção Manchete

Manchete

Saltar a secção Mais artigos e reportagens da DW