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Liberdade de imprensaMoçambique

Moçambique: Polícia acusa jornalista de provocar agitação

sm | gcs | Lusa
7 de junho de 2024

O comandante-geral da polícia moçambicana, Bernardino Rafael, diz que os agentes da corporação não agrediram ninguém durante o protesto de antigos oficiais em Maputo. E acusa uma jornalista raptada de "criar agitação".

Bernardino Rafael, comandante-geral da polícia moçambicana
Bernardino Rafael, comandante-geral da polícia moçambicanaFoto: DW

O comandante-geral da Polícia da República de Moçambique acusou hoje (07.06) uma jornalista e ativista do Centro para Democracia e Desenvolvimento (CDD), raptada por agentes, de ter provocado agitação durante o protesto dos antigos oficiais das Forças de Segurança, na terça-feira passada (04.06).

Bernardino Rafael garantiu que a polícia estava apenas a tentar proteger os manifestantes. "Infelizmente, apareceu uma jornalista que estava a criar agitação, aquilo que vocês viram nas redes [sociais]. Nós não agredimos ninguém", assegurou o agente policial.

O comandante-geral desafiou igualmente a imprensa a provar até que ponto a polícia terá sido violenta: "Primeiro, tem de provar. Tem de aparecer um órgão a provar o mal que a polícia fez. Acho que há coisas que as pessoas provocam para ver a reação."

Jornalista e ativista Sheila Wilson, que o CDD denunciou ter sido raptada por agentes da políciaFoto: CDD

"Que procurem saber. Não houve nenhuma agressão. Era para salvar aqueles nossos colegas, e falámos bem com eles. Eles saíram dali sem nenhum problema", salientou Bernardino Rafael.

Atuação "cruel e desumana"

Os antigos oficiais protestavam desde 28 de maio em frente à representação das Nações Unidas, em Maputo, para exigir supostas compensações resultantes do Acordo Geral de Paz.

A polícia reprimiu o protesto na terça-feira à noite. Uma jornalista e ativista do CDD, que cobria a operação em direto, foi levada por agentes. A polícia foi ainda acusada de agredir jornalistas da televisão privada STV, estação parceira da DW, que viram os seus bens confiscados.

A Associação de Juízes (AMJ) diz ter ficado preocupada com a atuação da corporação, tendo classificado de "cruel e desumana" a detenção da jornalista do CDD. "Sem precisar de muito esforço na análise, não restam dúvidas de que a jornalista foi vítima de uma atuação cruel e desumana", refere um comunicado da AMJ.

"A polícia só tem o direito de deter um cidadão, incluindo jornalista, quando este for encontrado, em flagrante delito, a cometer um crime público que admita prisão preventiva ou quando houver um mandado de captura emitido por um juiz que ordene a captura. Não parece que seja o caso", concluiu. 

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