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Polícia atribui ataque à "Junta Militar" da RENAMO

Arcénio Sebastião (Beira)
11 de janeiro de 2021

O alvo foi uma coluna de viaturas de carga pesada perto do posto administrativo de Muxungue, ao longo da EN1. Ataque ocorre numa altura em que Mariano Nhongo havia declarado uma trégua militar.

Junta Militar da RENAMO
Dissidentes membros da autoproclamada "Junta Militar" da RENAMOFoto: DW/A. Sebastião

Dias depois de relativa calma na zona centro de Moçambique, homens armados armados não identificados voltaram a perpretar ataques. A informação foi avançada por Abel Chave, parente da única vítima mortal do ataque ocorrido no último sábado (09.01) em Zove, a poucos quilómetros do posto administrativo de Muxungue, ao longo da EN1. Esta zona foi palco de ataques armados entre 2013 e 2017.

Mariano Nhongo havia declarado uma trégua militarFoto: DW/A. Sebastião

"O ataque ocorreu por volta das 19h30 a 25 quilómetros de Muxungue. Eles estavam numa coluna de mais ou menos sete ou oito camiões e o carro deles infelizmente foi o mais atingido. O meu irmão que estava lá e sofreu dois tiros na cabeça. Ele perdeu a vida no posto de saúde de Muxungue", contou Abel Chave em entrevista à DW África.

A mesma informação foi confirmada esta segunda-feira (11.01) pelo porta-voz da polícia na província de Sofala. Mas Daniel Macuacua garante que no local não há nenhum perigo, visto as Forças de Defesa e Segurança (FDS) estão posicionadas e a cumprir com a sua missão.

"Foi despachada uma equipa das FDS que continua no terreno a trabalhar, sobretudo, a efetuar a vasculha nas matas de forma a neutralizar estes bandidos. A situação operacional no centro continua mantendo-se calma e controlada", sublinhou.

"Não obstante ter ocorrido um ataque protagonizado pelos bandidos pertencentes à autoproclamada 'Junta Militar' da RENAMO. Estes que posicionados naquele troço teriam intercetado e atacado uma viatura pesada de marca Sinotruc, tendo atingido na altura um dos ocupantes de sexo masculino e de 22 anos. Este que teria contraído ferimentos graves e que, infelizmente, socorrido para o hospital de Muxungue, teria perdido a vida", declarou.

Trégua militar abalada?

Quanto ao tipo material bélico utilizado, Daniel Macuacua diz que vestígios colhidos no local mostram que fora utilizado uma arma do tipo AKM.

O ataque ocorre numa altura em que se vivia uma calmaria na região centro do país, depois de o líder da autoproclamada "Junta Militar" ter anunciado uma trégua militar. Segundo Mariano Nhongo, a trégua seria para facilitar as negociações com o Governo. A DW África tentou contatar sem sucesso a liderança da "Junta Militar". 

Na semana passada, o enviado especial das Nações Unidas para Paz em Moçambique, Mirko Manzoni, saudou a posição do líder da Junta ao anunciar uma trégua militar. Manzoni tinha avançado que há ambiente propício para o diálogo entre o presidente da República, Filipe Nyusi, e Mariano Nhongo. Não se sabe ao certo a localização exata do líder do grupo dissidente, que estará nas matas entre Sofala e Manica. 

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