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Moçambique: Polícia vai pagar funeral de adolescente morto

Lusa
8 de abril de 2022

A polícia moçambicana vai custear as despesas do funeral do adolescente alvejado mortalmente durante tumultos por alegado tráfico de órgãos humanos em Manica. 16 menores detidos durante os protestos foram libertados.

Foto ilustrativaFoto: DW/L. da Conceição

Os menores faziam parte das 54 pessoas detidas durante o tumulto na quarta-feira (06.04), que provocou a morte do adolescente, depois de a polícia ter disparado para dispersar moradores revoltados que protestavam contra o desaparecimento de crianças no bairro 25 de Junho, subúrbio da capital provincial de Manica.

"Há uma comissão que foi criada ao nível do comando provincial da polícia para tratar do apoio à família enlutada", disse Mário Arnaça, porta-voz da polícia em Manica em conferência de imprensa.

A polícia, prosseguiu, colocou igualmente em liberdade quatro adultos detidos por falta de provas, e instaurou processos-crimes contra 34 pessoas envolvidas nos tumultos por "roubo e instigação à justiça pelas próprias mãos".

Suspeitas de tráfico não confirmadas

Ainda segundo as autoridades, uma investigação preliminar e a triagem das informações recolhidas no terreno não confirmou a descoberta de órgãos humanos congelados nos imóveis de um comerciante, classificado como suspeito.

"Do trabalho realizado pela polícia, o congelador foi aberto, não se achou nenhum elemento estranho, ou órgão humano", declarou Mário Arnaça, e anotou que as duas crianças que terão espoletado a revolta continuam desaparecidas. "Um trabalho duro de resgate está sendo feito pela polícia e o Sernic [investigação criminal] para conseguir trazer esses menores à sociedade", acrescentou.

O tumulto começou quando um grupo saiu à rua e destruiu duas residências de um comerciante local, que dizem ser suspeito de ter raptado dois filhos dos seus empregados, após a população ter encontrado parte de órgãos humanos guardados em dois frigoríficos, tendo na sequência começado o confronto com a polícia que tentava dispersar os manifestantes.

O nome do suspeito já esteve associado a tentativas de rapto de menores e casos de tráfico de órgãos, abortados pela polícia, em Manica.

As autoridades judiciais colocaram a região em "alerta vermelho" em 2012, ao considerar "alarmante" a subida de casos de tráfico de pessoas e de órgãos humanos, muitos ligados à feitiçaria e outras práticas de enriquecimento ilícito.

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