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Moçambique: População de Tete queixa-se do preço da energia

Jovenaldo Ngovene (Tete)
7 de agosto de 2023

Apesar da produção da Hidroelétrica de Cahora Bassa, consumidores de Tete dizem que pagam mais pela energia do que outras províncias de Moçambique. EDM aponta altas temperaturas na região como a causa.

Foto: DW/M. Barroso

A província de Tete é produtora da energia elétrica através da Hidroelétrica da Cahora Bassa (HCB). Ainda assim, a população desta região no centro de Moçambique diz-se sufocada porque alegadamente a corrente é mais cara em Tete do que noutros pontos do país. Os residentes dizem que a situação tem um grande impacto no bolso das famílias mais carenciadas.

Criada em 1975, nos termos de um protocolo assinado entre a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e o Estado português, a HCB conheceu a sua reversão em 2007 para o Governo moçambicano numa percentagem de 85%. A corrente elétrica produzida é de benefício nacional. Mas também chega a outros países, nomeadamente África do Sul, Malawi e Zâmbia.

A principal sede de produção está localizada na província de Tete, onde a população considera que a fatura mensal sai muito caro aos consumidores da província comparativamente às outras.

Raúl Pita é cliente da Eletricidade de Moçambique (EDM), empresa responsável por adquirir a corrente à HCB para revender à população e outros utentes. "Nós estamos a comprar energia ou credelec [sistema de venda de energia a crédito], mas não está a dar. Não sabemos porque é que aqui está caro, quando a energia é produzida aqui mesmo", queixa-se.

Contadores adulterados como este são encontrados por equipas de inspeção da EDMFoto: DW

Ligações clandestinas

"[Uma recarga] de 100 [meticais, cerca de 1 euro e 45 cêntimos] nem chega para dois dias, quando a pessoa assiste à novela, por exemplo, e tem um congelador", conta Raúl.

Lino Frase é outro consumidor insatisfeito: "Na verdade, a energia aqui em Tete está mais cara e não sei porquê, é como se a Cahora Bassa não fosse nossa", lamenta.

Muitos consumidores recorrem a ligações clandestinas para contornar as taxas consideradas exorbitantes. No entanto, estas ligações têm estado a baixar a qualidade da corrente que se consome e constituem um perigo, em muitos casos.

Só no primeiro semestre deste ano, o Serviço Nacional de Salvação Pública (SENAP) em Tete registou um total de 21 incêndios, na maioria em residências, e as ligações que propiciam o roubo da corrente são a causa mais apontada.

Hermínio Nhantumbo, presidente do Conselho Empresarial na província central de Tete e representa a CTA, diz não ter dúvidas de que o roubo da corrente elétrica por parte dos consumidores deriva dos preços altos. "Se nós em casa, que pagamos a energia doméstica, já sofremos, imaginem os empresários", afirma. "É preciso frisar que há duas taxas, uma comercial e outra doméstica. Nós já reclamamos com a doméstica, imaginem quem paga a taxa comercial".

A EDM justifica os preços em Tete com as elevadas temperaturasFoto: DW/R. da Silva

HCB remete queixas para a EDM

A HCB garante que vende a corrente à EDM a cerca de 50% do custo normal e, a ser feita qualquer reclamação, só a EDM poderá responder.

Abordado pela DW, o diretor da EDM em Tete, Carlos Mohoro, reconhece que a corrente elétrica na província é mais cara em comparação com o resto do país. A culpa, afirma, é das condições climáticas: "Quando abrimos a geleira cá em Tete, ela consome muito mais do que em Chimoio, na Beira e noutras partes do país, porque Tete é o ponto onde temos as temperaturas mais altas", explica. "Cá em Tete, precisamos de muita energia comparativamente a todas outras cidades".

Uma resposta que não convence Hermínio Nhantumbo, presidente do Conselho Empresarial: "Já ouvi várias explicações científicas, mas eu propriamente não estou satisfeito. Acho que devíamos ter uma taxa baixa de uso de energia, sobretudo para a população que vive numa terra de tanto calor".

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