Portugal anuncia novo apoio a atingidos pelo Idai em Sofala
Arcénio Sebastião (Beira)
17 de janeiro de 2020
Marcelo Rebelo de Sousa visitou áreas que estão a ser reconstruídas na capital de Sofala. Governo português anunciou transferência de recursos para saúde e para aquecer a economia da região.
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O Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, visitou nesta quinta-feira (16.01) a cidade da Beira, no centro de Moçambique, que no ano passado foi devastada pelo ciclone Idai. Portugal anunciou um investimento suplementar de 400 mil euros para o Hospital Central da Beira.
O Presidente português foi ver no terreno como está a ser feita a reconstrução da cidade. "Há obviamente casas isoladas, ainda há zonas de acesso impossível, ainda há infraestruturas demolidas e de reconstrução difícil. É de fato uma aventura e os beirenses são, como costumam dizer e disseram vários, muito resistentes", observou Rebelo de Sousa.
Portugal anuncia novo apoio a atingidos pelo Idai em Sofala
O chefe de Estado português visitou as obras de reconstrução de hospitais financiadas pelo Governo de Portugal. Rebelo de Sousa esteve no centro de saúde urbano de Macurungo e no Hospital Central da Beira, onde conversou com alguns pacientes internados.
Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, logo após a passagem do ciclone Idai, Portugal ajudou Moçambique com mais de 4 milhões de euros para a reposta de emergência. Na visita desta quinta-feira, o ministro anunciou que o investimento suplementar de reconstrução e ampliação do Hospital Central da Beira deverá possibilitar a instalação de um centro de formação profissional.
Apoio à economia
O Presidente português garantiu ainda ajuda às empresas da região. Marcelo Rebelo de Sousa fez saber que na quarta-feira foram assinados novos acordos em Maputo para apoiar as obras de reconstrução das áreas afetadas pelos ciclones Idai e Kenneth, no centro e norte de Moçambique.
O chefe de Estado europeu garantiu que Portugal vai continuar a ajudar. "Foram [acordos] para aqui para cima, lá mais para o norte, e têm a ver, por um lado, com a reconstrução e reforço de meios financeiros para apoio à reconstrução e, depois, já uma terceira fase, são apoios à atividade empresarial daquilo que é importante para o futuro", disse Rebelo de Sousa.
Feridas do ciclone Kenneth não cicatrizaram, seis meses depois
O ciclone Kenneth devastou o norte de Moçambique, em abril. 45 pessoas morreram e 250 mil foram afetadas pelo ciclone. Seis meses depois, muito já foi feito, mas muito continua por fazer na província de Cabo Delgado.
Foto: Reuters/OCHA/Saviano Abreu
Salas de aula por reconstruir
Mais de 500 salas de aula ficaram destruídas depois da passagem do ciclone Kenneth. Com apoio financeiro, recuperaram-se cerca de 100 salas. Em alguns casos, foram alocadas tendas às escolas destruídas para permitir o decurso das aulas. Entretanto, há várias escolas por reconstruir. Um exemplo é esta escola primária na Ilha das Quirimbas, distrito do Ibo, cuja cobertura foi arrasada.
Foto: DW
"Comida pelo trabalho"
O Programa Alimentar Mundial (PAM) em Cabo Delgado, chefiado por Enrique Alvarez, continua a prestar assistência alimentar às famílias afetadas pelo ciclone. Em agosto, iniciou uma nova etapa de reconstrução, denominada "Comida pelo trabalho", onde cerca 70 mil pessoas beneficiarão de apoio alimentar ou material de construção, mediante a prestação de trabalhos na comunidade.
Foto: DW
Setor da pesca atingido
O ciclone Kenneth destruiu ou danificou muitos barcos de pesca artesanal, e a atividade piscatória ficou paralisada. O motor deste barco ficou avariado com o ciclone e o proprietário e os seus sete trabalhadores viram-se obrigados a paralisar a atividade durante cinco meses.
Foto: DW/D. Anacleto
Lonas para cobrir as casas
Várias habitações devastadas pelo mau tempo em Cabo Delgado continuam por reabilitar. O Governo ofereceu tendas às famílias que tiveram as casas totalmente destruídas. Para muitas casas onde só o tecto ficou destruído, foram oferecidas lonas.
Foto: DW/D. Anacleto
A longa espera pelo reassentamento
Na cidade de Pemba, depois da passagem do ciclone, em abril, cerca de 300 famílias que tiveram as suas habitações destruídas foram levadas para o centro de trânsito do bairro de Chuiba. Aguardam aqui a distribuição de terrenos para recomeçar uma nova vida. "Ainda não há sinal de luz verde", lamentam estes cidadãos.
Foto: DW
Sistema de drenagem obstruído
Em abril, as chuvas intensas que se fizeram sentir em Pemba durante a passagem do Kenneth alagaram os bairros de Natite, Josina Machel, Eduardo Mondlane e Paquitequite. Uma das causas para o fenómeno terá sido o deficiente sistema de drenagem, que estava obstruído. O edil de Pemba, Florete Simba Motarua, promete melhorá-lo.
Foto: DW
Família pede ajuda
Uma das casas da família de Fernando Fernandes foi destruída pelo ciclone. Com um agregado numeroso, os membros têm de partilhar o pequeno espaço na residência principal. Fernandes renova o pedido de apoio a pessoas de boa-fé: "Se eles realmente sentem pelo desastre que o povo sofreu, que venham dar um apoio, não digo financeiro, mas material, como ferros ou cimento…"
Foto: DW
Lixeira municipal foi transferida
A lixeira municipal de Pemba, que há 60 anos ficava na unidade residencial de Chibuabuare, no centro da cidade, está agora a 22 quilómetros da zona urbana. A lixeira terá soterrado seis pessoas durante a passagem do ciclone Kenneth, em abril passado.
Foto: DW/D. Anacleto
União Europeia apoia reconstrução
A União Europeia ofereceu 3,5 milhões de euros para apoiar a reconstrução da autarquia de Pemba, através de um programa denominado "Mais Pemba". O programa de apoio inclui a melhoria das vias de acesso destruídas, requalificação dos espaços públicos e a limpeza da cidade. A maior parte das estradas danificadas pelo Kenneth em Pemba já foi reconstruída.