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EducaçãoMoçambique

Moçambique quer reduzir abandono escolar de raparigas

Bernardo Jequete (Manica)
20 de abril de 2021

Cerca de 600 mil raparigas de sete províncias moçambicanas vão beneficiar, nos próximos quatro anos, de formação e iniciativa de emprego e autoemprego no âmbito do programa "Eu Sou Capaz".

"Eu Sou Capaz" pretende assegurar que as raparigas não desistam dos estudosFoto: Bernardo Jequete/DW

Marcela Zacarias, de 11 anos, frequenta a 5ª classe numa das escolas do distrito de Gôndola, na província de Manica, e é uma das beneficiárias do programa "Eu Sou Capaz". À DW África, contou que com o programa irá continuar com os estudos pois, segundo ela, muitos abandonam a escola por falta do incentivo.

"Recebi uniforme, eu quero estudar e sou capaz!", exclamou a adolescente.

Joaquim Francisco é pai de nove filhos, cinco raparigas e quatro rapazes. Enalteceu a criação do programa de empoderamento das raparigas, uma das camadas mais vulneráveis no país.

"As cinco raparigas estão na escola, ainda não estão casadas. Mandar casar prematuramente prejudica a nós próprios encarregados", disse.

49 distritos abrangidos

O programa "Eu Sou Capaz" é financiado pelo Banco Mundial, que desembolsou cerca de 38 milhões de dólares para a sua implementação. O principal objetivo é assegurar a permanência das raparigas nas escolas e a redução dos índices de uniões prematuras em Moçambique.

Foto: Bernardo Jequete/DW

O programa, que se vai estende até 2024, vai abranger raparigas da 5ª, 6ª e 7ª classes, em 49 distritos das províncias de Manica, Sofala e Zambézia na região centro, Cabo Delgado e Niassa no Norte, Maputo província e cidade de Maputo, na zona sul de Moçambique.

Beatriz Gabriel é professora de uma escola primária no distrito de Gôndola e disse estar lisonjeada pela iniciativa da criação do programa "Eu Sou Capaz" pois, na sua ótica, o mesmo veio assegurar que as raparigas não desistam dos estudos.

"Dantes eles não tinham uniforme, agora já tem. Esperamos que agora não tenhamos desistências porque dantes havia muito mais nas meninas. Agradecemos muito por esse programa", afirma.

Promoção da educação

A primeira-dama da República, Isaura Nyusi, é patrona da iniciativa e sublinha que o programa "visa combater as causas desse insucesso escolar".

Primeira-dama Isaura Nyusi é patrona da iniciativa Foto: Roberto Paquete/DW

"A decisão de abolir a taxa de matrícula até ao nono ano de escolaridade e de tornar gratuito o ensino básico fazem parte de um conjunto de decisões que irão contribuir na promoção da educação da rapariga", complementa.

Até 2024, mais de seis mil uniformes escolares serão distribuídos a raparigas. E para reduzir a distância a casa e a escola o programa prevê distribuir um número não especificado de bicicletas.

Para o vice-ministro de Educação e Desenvolvimento Humano, Manuel Banzo, o programa vai reduzir a vulnerabilidade da rapariga. "Esta ação reforça grandemente os esforços que estamos a realizar no sentido de reduzir a vulnerabilidade das nossas meninas e raparigas que têm sido alvo da violência, assédio sexual e casamentos prematuros".

A governadora de Manica, Francisca Tomás, também garante apoiar a iniciativa."Gostaríamos de ver a rapariga na zona rural e na urbana a apropriarem-se deste programa como instrumento para, em primeira instância, mobilizar as raparigas de modo a manterem-se na escola e, em segundo plano, para transmitir as outras para que possam todas gozarem de uma vida saudável", frisou.

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