Os acidentes de viação continuam a ser das maiores preocupações do Governo moçambicano. Anualmente registam-se em todo o país cerca de três mil acidentes de viação, causando mais de mil e oitocentas mortes.
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Em Moçambique morrem por dia uma média de cinco pessoas vítimas de acidentes rodoviários.
Dados do INATER, Instituto Nacional de Transportes Terrestres, indicam que no primeiro semestre de 2017 morreram mais de quinhentas pessoas e mais de mil contraíram ferimentos, entre graves e ligeiros.
Os acidentes envolvem mais os transportes de passageiros de longo curso. As causas são excesso de velocidade, condução em estado de embriaguez, degradação das vias entre outras, segundo a instituição.
O presidente da FEMATRO, Federação dos Transportes Rodoviários, Castigo Nhamane, acusa os motoristas de terem muita pressa a fim de fazer dinheiro extra para os seus bolsos.
E para por fim a isso a instituição tem algo em mente como conta Nhamane: "Nós vamos propor aos Ministérios dos Transportes e do Interior para retirarem as cartas de condução aos motoristas por excesso de velocidade para eles sentirem-se na obrigação de cumprir os limites de velocidade.”
Os transportadores lamentam o fato de muitas estradas moçambicanas estarem degradadas. Um deles diz que "a EN1 (Estrada Nacional Número Um) na zona entre o rio Save e Pambara, [província de Sofala, centro de Moçambique] está muito degradada. Naquela estrada um pneu só dá para ir e voltar depois trocar. E se não troca pode rebentar" e por isso critica: "Portanto, essas estradas se fossem concessionadas não podiam ter aquele tipo de buracos.”
Redução de carga horária seria uma solução
Para evitar mais acidentes, o presidente da AMOTRANS, Associação Moçambicana dos Transportadores, Vasco Flor, propõe a redução das horas de trabalho e não só: "Como a viagem é longa vamos ter que avançar para dois motoristas por autocarro. É isso que temos que pensar.”
As falhas mecânicas, por causa do uso de peças pirateadas, também levantam outros problemas: o local da aquisição dos autocarros e a garantia da assistência técnica.
Um dos responsáveis pelos motoristas de longo curso, Vitorino Xadreque, entende que a aquisição de autocarros deve respeitar a política de marcas para facilitar a sua assistência.
Justificando que "na medida em que não se pode ter um parque automóvel com várias marcas porque vai dificultar a assistência" e acrescenta: "A outra questão é a rede de assistência que deve ser proporcional à frota e a mesma deve ser garantida pelo fornecedor, incluindo os treino dos mecânicos.”
Os motoristas são muitas vezes acusados de sobrelotar os autocarros. Mas estes entendem que tal fato resulta da necessidade de ter mais dinheiro para superar os custos de operação.
E Xadreque finaliza: "Porque na atual situação qualquer sensibilidade que existe na estrutura do custo o operador vê a tarifa como socorro para fazer face aos custos de exploração.”
Bicicletas táxi em Moçambique
Quem em Quelimane se quiser movimentar rapidamente, apanha uma bicicleta táxi. As ruas da cidade são muito más para os transportes convencionais. Para muitos, a bicicleta táxi é uma forma de poderem obter algum dinheiro.
Foto: Gerald Henzinger
Bicicletas em alternativa aos carros
Quelimane é uma cidade na costa de Moçambique. Quem por aqui se quiser movimentar rapidamente, apanha uma bicicleta táxi. As ruas da cidade são muito más para os convencionais táxis e autocarro. Além disso, para muitas pessoas, a bicicleta táxi é uma das poucas formas de poderem obter algum dinheiro.
Foto: Gerald Henzinger
Estradas intransitáveis para carros
Quelimane é a capital da província moçambicana da Zambézia. No entanto, as estradas estão em estado deplorável. As pistas de terra estão cheias de buracos. Quando chove, enchem-se de água e tornam as estradas intransitáveis para os carros e para os miniautocarros. As bicicletas táxi, porém, podem contornar as poças de água.
Foto: Gerald Henzinger
Viajar de bicicleta táxi
Dependendo da distância, uma viagem de bicicleta táxi pode custar entre 5 e 20 meticais (aproximadamente entre 15 e 60 cêntimos de euro). Primeiro, o preço é negociado com o motorista. Depois, ocupa-se o lugar almofadado, que é feito especialmente por medida.
Foto: Gerald Henzinger
A bicicleta como alternativa ao desemprego
Em vez estarem desempregados, muitos moradores de Quelimane preferem conduzir uma bicicleta táxi. No entanto, o mercado está saturado com os vários milhares de bicicletas táxi que existem. Lutam todos por clientes entre os cerca de 200 mil habitantes. Isso faz baixar os preços e, por isso, as bicicletas táxi são um negócio difícil.
Foto: Gerald Henzinger
Samuel, taxista de bicicleta
Quando Samuel não está a trabalhar como motorista de serviço, está a estudar. Quando era criança só frequentou a escola até ao sexto ano. Os seus pais não tinham dinheiro e não podiam continuar a pagar os seus estudos. Agora, o jovem de 27 anos tenta obter o diploma do ensino secundário. “Se não o terminar, não vou conseguir um trabalho decente”, diz.
Foto: Gerald Henzinger
Francis, mecânico de bicicletas
Parafusos soltos e pneus lisos estão entre as preocupações quotidianas de um taxista de bicicleta. Francis arranja bicicletas no Mercado Central de Quelimane. Por cada tubo que remenda recebe cinco meticais (cerca de 20 cêntimos). Ganha cerca de 85 euros por mês. Desta forma, consegue alimentar a sua família.
Foto: Gerald Henzinger
Licença controversa
A Câmara Municipal de Quelimane quer reduzir o número de taxistas de bicicleta nas suas estradas. Por isso, no início de 2010, criou uma espécie de licença para estes condutores. Oficialmente, deveria custar cerca de 12 euros, mas os motoristas protestaram. A Câmara Municipal cedeu e suspendeu a licença.
Foto: Gerald Henzinger
Andar de bicicleta para cumprir um sonho
Para o jovem Francisco Manuel, de 19 anos, a bicicleta táxi é uma forma de financiar a sua formação. O seu trabalho de sonho é ser polícia. “Eu não quero roubar para sobreviver”, diz. Assim, optou pela bicicleta táxi. Com os 2,50 euros que ganha diariamente, consegue manter-se a si e ao seu filho.
Foto: Gerald Henzinger
Uma bicicleta táxi para toda a família
Na sua última viagem, Armando só conseguiu ganhar 80 meticais (cerca de três euros). “Foi um bom turno nocturno”, afirma, em jeito de balanço. Desde que o seu pai morreu, tem de ganhar dinheiro para toda a família com a bicicleta táxi. Armando não aprendeu a ler e a escrever, já que abandonou a escola por causa de uma deficiência visual após a terceira classe.
Foto: Gerald Henzinger
Pouco dinheiro para sobreviver
As bicicletas táxi ajudam muitas pessoas sem formação a obter algum dinheiro de forma legal. No entanto, depois de deduzidos os custos, muitas vezes sobram apenas um ou dois euros por dia. E quando estes taxistas ficam doentes, já não entra mais dinheiro em caixa.