Para a frente e em força com o ProSavana. É a posição do Governo moçambicano. O projeto agrícola tem esbarrado num coro de críticas: os agricultores dizem que as suas terras estão em perigo. Mas os governantes negam.
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O Governo de Moçambique reitera que vai avançar com o ProSavana. Apesar das críticas dos camponeses, Maputo refere que o projeto agrícola está em "fase avançada". No norte de Moçambique, já foram instaladas várias infraestruturas agrárias. Na província de Nampula, por exemplo, começou a funcionar um laboratório de análise da qualidade da terra.
Segundo o diretor nacional adjunto da Agricultura, Jeremias Chaúque, "é para analisar a terra naquela zona para ver a sua aptidão para o desenvolvimento de culturas. Somente desta forma é que se pode dizer qual é a cultura adequada para aquele determinado lugar em função das características do solo."
O ProSavana tem sido alvo de várias críticas. Os pequenos agricultores temem perder as suas terras nas zonas de implantação do projeto. Amade Suká trabalha para a organização não-governamental Action Aid e tem acompanhado o processo.
Suká fala dos seus receios: "Corremos o risco de ter famílias camponesas a perder as suas terras. E se perdem terras, ao mesmo tempo perdem a sua fonte de rendimento. E vai aumentar o nível de pobreza.”
Mas o Executivo de Filipe Nyusi assegura que nenhum camponês perderá as suas terras, ao contrário do que a sociedade civil tem afirmado, segundo o diretor nacional adjunto da Agricultura, Jeremias Chaúque: "O nosso sonho é de transformar o pequeno agricultor de subsistência num agricultor orientado para o mercado."
Moçambique: ProSavana implementado "a ferro e fogo"?
Governo acusa sociedade civil de desorganização
E, por isso, o projeto é mesmo para avançar. O Governo critica a sociedade civil por pretender inviabilizar o ProSavana, acusando-a ainda de desorganização.
Chaúque argumenta que "houve momento para que o processo de conceção do plano diretor envolvesse a sociedade civil. Foram lançados concursos públicos e uma das organizações ganhou, mas entre eles não reconhecem a entidade selecionada."
Mas os ativistas insistem que a Lei de Terras em Moçambique não está a ser cumprida – segundo os críticos, muitas vezes, atribuem-se terras a multinacionais sem que as comunidades sejam consultadas. Por isso, está em curso desde 2014 uma campanha da sociedade civil para informar a população sobre os seus direitos.
Amade Suká, da Action Aid, diz que a população tem sido protegida quando há conflitos de terra com as multinacionais. A campanha de informação termina em outubro.
Seca em África
Não chove, as colheitas são más, pouco há para comer, há quem consuma ervas para saciar a fome: É a pior seca das últimas décadas. 14 milhões de pessoas estão em perigo. Angola e Moçambique são dois dos países afetados.
Foto: Reuters/T. Negeri
À espera de água
Os jerricans estão vazios, não há água à vista. A Etiópia atravessa a pior seca das últimas três décadas, sem chover durante meses a fio. Segundo as Nações Unidas, mais de dez milhões de pessoas precisam urgentemente de assistência alimentar. Em breve, o número pode duplicar.
Foto: Reuters/T. Negeri
Sem fonte de sustento
Uma grande parte dos etíopes vive da agricultura e da criação de gado. Os animais são, muitas vezes, a fonte de sustento da família. "Vi as últimas gotas de chuva durante o Ramadão", conta um agricultor da região de Afar, no nordeste da Etiópia. O mês de jejum dos muçulmanos terminou em julho. "Desde essa altura, nunca mais choveu. Não há água, não há pasto. O nosso gado morreu".
Foto: Reuters/T. Negeri
Perigo para as crianças
Em 1984, mais de um milhão de pessoas morreu de fome na Etiópia. Pouco mais de três décadas depois, os etíopes voltam a correr perigo, sobretudo as crianças. Segundo o Governo etíope, mais de 400.000 rapazes e raparigas estão gravemente subnutridos e precisam de tratamento médico.
Foto: Reuters/T. Negeri
O El Niño
A colheita também foi magra no Zimbabué. Neste campo perto da capital, Harare, em vez de maçarocas de milho viçosas crescem apenas estes grãos secos. A seca foi agravada pelo El Niño. Noutros locais, o fenómeno meteorológico provocou chuvas fortes e inundações.
Foto: Reuters/P. Bulawayo
No limite
Esta vaca está no limite das suas forças, mal consegue manter-se em pé. Os agricultores de Masvingo, no centro do Zimbabué, tentam movê-la. Em 2015, choveu metade do que havia chovido no ano anterior. Os campos ficaram completamente secos.
Foto: Reuters/P. Bulawayo
Seca em Moçambique
"Lá no nosso bairro já perdi trinta e cinco cabeças", conta um criador de gado do distrito de Moamba, a 80 quilómetros da capital moçambicana, Maputo. Milhares de famílias estão em situação de insegurança alimentar. A seca afeta principalmente o sul do país. O norte e centro têm sido fustigados por chuvas intensas.
Foto: DW/R. da Silva
Ervas para combater a fome
A província do Cunene, no sul de Angola, também tem sido afetada pela seca. À falta de outros alimentos, há populares que comem ervas para saciar a fome: "Muitos morreram, não há comida. Mas, depois, estas ervas causam diarreia", contou um morador do município do Curoca.
Foto: DW/A.Vieira
Rio seco
Seria impossível estar aqui, não fosse a seca. O rio Black Umfolozi, a nordeste da cidade sul-africana de Durban, ficou sem água à superfície. Só cavando os habitantes conseguem obter o líquido vital.
Foto: Reuters/R. Ward
Seca inflaciona os preços
O Malawi também atravessa um período de seca. E isso reflete-se aqui neste mercado perto da capital, Lilongwe. Os preços de produtos básicos como o milho aumentaram bastante, porque a colheita foi má e é necessário importá-los. Muitas vezes, os habitantes mal conseguem pagar os alimentos que precisam para sobreviver.