Moçambique: Quem atacou o posto da polícia em Tete?
12 de abril de 2021Homens armados não identificados atacaram na madrugada de sábado (10.04) o posto policial de Capirizange, no distrito de Moatize, na província de Tete.
A porta-voz do Comando Provincial da Polícia, Deolinda Matsinhe, confirmou o incidentes e salientou que não há vítimas. Segundo a policial a situação está "calma e controlada". A unidade policial atacada fica no corredor Tete-Zóbuè-Calomwe, que dá acesso à fronteira com o Malawi.
Matsinhe relatou à Rádio Moçambique que os homens não entraram nas instalações do posto, simplesmente dispararam e puseram-se em fuga. A polícia investiga quem eram e o realmente os indivíduos pretendiam, para que se possa "responsabilizá-los criminalmente".
A porta-voz do Comando Provincial da Polícia em Tete informou que foi criada uma equipa multi-setorial para esclarecer o caso e apelou à população para se manter vigilante e denunciar qualquer movimentação de "indivíduos de conduta duvidosa".
Ação da Junta Militar?
Para o analista Dércio Alfazema, é importante que os autores do ataque sejam identificados para saber se o incidente está vinculado ou não à Junta Militar da RENAMO, que até agora não reinvidicou o ataque.
Alfazema alerta que o incidente ocorre dentro de um contexto que chama a atenção. "Recentemente, Mariano Nhongo, que é o líder da Junta Militar, proferiu ameaças de retorno à instabilidade. Enquanto não se resolver a situação da Junta Militar, nós não podemos garantir que tenhamos estabilidade ao longo da zona centro do país", disse.
Analista acredita que é preciso discursos e ações "mais convicentes" para que se possa mobilizar Mariano Nhongo a aderir ao processo de desarmamento e a "aproximar-se das autoridades competentes".
Baixas na Junta Militar
A Junta Militar sofreu várias baixas de vulto nos últimos meses devido à forte adesão ao plano de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR). Vários outros antigos guerrilheiros abandonaram as matas e entregaram-se às autoridades.
Nesta leva estão Paulo Nguirande, antigo número dois da Junta Militar, e André Matsangaissa Júnior, outro homem forte do grupo dissidente. A adesão do ex-porta-voz do grupo armado, João Machava, ao DDR também é uma dura baixa para Nhongo.
"Parece que ele [Mariano Nhongo] ainda está muito desconfiado. Até porque as ações que ele perpetrou durante este tempo, que resultaram em 30 mortos, podem estar a criar-lhe algum receio de que possa ser tratado de forma diferente aos demais que aderiram ao processo", avalia Alfazema.