Moçambique quer lugar no Conselho de Segurança da ONU
Lusa
9 de junho de 2022
Moçambique tenta hoje substituir o Quénia na vaga do representante africano para membro não-permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Experiência do país na luta contra o terrorismo será uma vantagem?
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A ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, Verónica Macamo, manifestou confiança na eleição do seu país para o Conselho de Segurança da ONU, avaliando que a experiência na luta contra o terrorismo será uma "vantagem" a seu favor.
A governante destacou à Lusa que os "países amigos" têm manifestado intensão em votar em Moçambique, incluindo os cinco membros permanentes - China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos da América -, que lhe ofereceram "treino e apoio prático".
Cinco Estados-membros - Equador, Japão, Malta, Moçambique e Suíça - concorrem às cinco vagas disponíveis. Moçambique e Suíça estão entre os 62 Estados-membros da ONU - 31,9% do total de membros - que nunca fizeram parte do Conselho.
Este ano, Moçambique concorre incontestavelmente ao único lugar disponível para o grupo africano.
Experiência no combate ao terrorismo
Verónica Macamo considerou que a favor do seu país está a sua experiência no combate ao terrorismo, nomeadamente em Cabo Delgado. A província moçambicana é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
Entre os temas que pretende colocar em destaque em caso de eleição, além do terrorismo, Moçambique salientou ainda garantias de paz e segurança, a pirataria marítima, o tráfico de pessoas, de drogas e de órgãos humanos, o uso das tecnologias para empoderamento dos países e as questões de género.
"Estamos preocupados também com as mudanças climáticas. Temos, como Conselho das Nações, que encontrar formas mais eficazes de combater as mudanças climáticas, sobretudo os seus efeitos. Mas também temos que olhar para a biodiversidade como elemento muito importante para manter o nosso mundo habitável", defendeu Macamo.
O Conselho de Segurança da ONU é composto por 15 membros, cinco permanentes e 10 não-permanentes. A eleição vai acontecer na sede da ONU, em Nova Iorque.
O regresso da vida pós destruição em Cabo Delgado
Apesar da tendência de retorno das populações às zonas de origem, várias aldeias ainda continuam desertas e o cenário de destruição é visível nessas comunidades.
Foto: DW
Sensação de paz em Macomia
O distrito de Macomia já registou o regresso de grande parte da sua população que se havia evadido para outras zonas com a escalada da violência protagonizada pelos insurgentes, localmente conhecidos por "al-shababes". Na vila, atividades comerciais ganham terreno. Mas a população pede ainda a permanência do exército para lhes proteger. O desejo dos residentes é que a paz tenha vindo para ficar.
Foto: DW
Serviços públicos em Mocímboa da Praia
Após a recuperação do território, em agosto de 2021, as autoridades estão empenhadas no restabelecimento dos serviços públicos de modo a impulsionar o retorno da população que se refugiou em comunidades de Cabo Delgado. O Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos comprometeu-se em alocar escritórios moveis ao governo de Mocímboa da Praia para fazer face à escassez de infraestruturas.
Foto: DW
Local do massacre de Xitaxi
A 7 de abril de 2021, na aldeia de Xitaxi, no distrito de Muidumbe, os terroristas terão morto a sangue frio um grupo de 53 jovens num campo de futebol (ao fundo da imagem). Aparentemente, a causa da chacina foi a recusa desses jovens, que haviam sido raptados localmente e em aldeias já atacadas, em juntar-se ao movimento rebelde que devasta Cabo Delgado desde o ano de 2017.
Foto: DW
Forças Armadas na estrada
A estrada N380 liga o distrito de Ancuabe a Mocímboa da Praia. A via permaneceu intransitável com a escalada da violência terrorista em aldeias atravessadas pela rodovia. Com as ações terroristas enfraquecidas, a N380 voltou a ser transitável, embora de forma tímida. Veículos militares patrulham constantemente, para garantir que nenhuma situação de alteração da ordem venha a verificar-se.
Foto: DW
Destroços visíveis
Sucatas de veículos destruídos denunciam a quem por aqui passa, cenários de violência vividos na estrada principal que liga sul, centro e norte da província.
Foto: DW
Bens abandonados
Terroristas bloquearam durante um ano o acesso aos distritos no norte, com destaque para Mueda e Mocímboa da Praia, com o assalto ao posto de controlo policial no cruzamento de Awasse. Após o seu desalojamento pela força conjunta Moçambique-Ruanda, os terroristas abandonaram alguns dos seus bens, em caves que serviam de esconderijos.
Foto: DW
Ruínas
Casas abandonadas e em ruínas e zonas residenciais tomadas pelo capim são o retrato que se repete em diversas aldeias ao longo das estradas N380 e R698. Denunciam também a crueldade dos terroristas.