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Moçambique quer maior tratamento de fístulas obstétricas

Sitoi Lutxeque (Nampula)
17 de setembro de 2017

Doença afeta mais de duas mil moçambicanas todos os anos, segundo a ONU. Há poucos centros especializados, mas o Governo promete capacitar mais técnicos para reduzir a demanda de pacientes.

Mulheres com fístulas obstétricas também sofrem com a discrimição social, diz ativistaFoto: DW/SitoiLutxeque

A fístula obstétrica é um problema que afeta milhares de jovens em Moçambique, particularmente nas zonas mais pobres do país. Há poucos hospitais especializados, mas o setor da saúde promete capacitar mais técnicos para este tipo de tratamento. Enquanto isto não acontece, ativistas fazem o que podem para ajudar as mulheres.

Dulce Paulo tem 19 anos. No ano passado, ela enfrentou complicações quando teve o seu primeiro bebé. "O parto demorou três dias. E transferiram-me para o Hospital Distrital de Nacala-Porto, onde tive o bebé. Mas depois de um tempo comecei a urinar muito e não controlava”, relata a jovem mãe.

No hospital, Dulce Paulo recebeu medicamentos para aliviar o desconforto, mas logo foi diagnosticada com uma fístula obstétrica. Ela é uma das muitas moçambicanas que já sofreram com este problema.

As Nações Unidas calculam que, todos os anos, em Moçambique, ocorram mais de dois mil novos casos de fístulas obstétricas – muitas vezes causadas por gestações na adolescência.

Atija Damião também teve uma fístula obstétrica. Agora, recomenda a outras jovens que não fiquem grávidas tão cedo. "Estarei a informar as outras, dizendo que não se podem precipitar no casamento. Eu reconheço ter sido precipitada na gravidez. No tempo do parto sofri muito, tive complicações", diz Atija Damião, que está à espera de ser operada.

No hospital central de Nampula foram registados este ano 60 casos de fístulas obstétricasFoto: DW/SitoiLutxeque

Há poucos hospitais capacitados

Em Nampula, no norte de Moçambique, 40 mulheres já tiveram de ser operadas a fístulas obstétricas, em mais de 60 casos registados este ano. A ativista moçambicana Fátima Momade costuma acompanhar estas e outras jovens, aconselhando-as a irem ao médico e a fazer o tratamento.

"No caso das raparigas que têm fistula e se sentem vulneráveis, nós conversamos com elas e explicamos-lhes que é um processo e que tudo poderá ser ultrapassado, porque tem tratamento. Fazemos o acompanhamento até o dia da operação e depois da mesma nós não a abandonamos porque pode estar psicologicamente com algum problema", afirma.

Mas em Moçambique, e em Nampula em particular, há poucos hospitais com capacidade técnica para tratar a doença.

Armando Melo, coordenador do Programa Nacional de Fístulas Obstétricas, garante, no entanto, que já estão a ser capacitadas várias unidades sanitárias para tratar estas lesões. "Preocupa-nos bastante, porque há muitos casos. Mas, como Governo, estamos a capacitar várias unidades sanitárias ao nível do país para que os colegas possam operar as fístulas entre as pequenas e medidas".

17.09.17 - online Fístulas Moçambique - MP3-Mono

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Discriminação

Outra questão que preocupa a ativista Fátima Momade é o facto de as jovens com fístulas obstétricas enfrentarem discriminação no seio das comunidades. Momade tenta combater isso.

"Algumas [pessoas] olham de forma negativa, mas nós mostramos que tem solução, sim, e é possível ultrapassar aquela fase que elas [as doentes] se encontram'', diz.

A ativista, que trabalha para a Fundação Moçambicana de Desenvolvimento Comunitário aconselha ainda as jovens a voltarem à escola, que muitas delas abandonam depois de casarem. ‘‘É preciso sermos unidos. Aquelas pessoas precisam muito do nosso apoio."

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