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Recenseamento eleitoral a conta-gotas na Zambézia

6 de maio de 2019

Três semanas depois do início do recenseamento, há postos na província moçambicana da Zambézia que não recensearam sequer um eleitor. Outros funcionam dia sim, dia não. STAE garante que situação será resolvida em breve.

Foto: DW/M. Mueia

Passam três semanas desde que começou o recenseamento eleitoral em Moçambique, a 15 de abril, e, na província da Zambézia, há postos que não começaram sequer a funcionar.

Falta eletricidade e não é possível usar os computadores portáteis para o recenseamento, denuncia um fiscal em entrevista à DW África, que pede para não ser identificado.

"Ainda não começámos a recensear por causa do cabo de extensão e da recarga de energia. Pensámos numa outra maneira, recarregar o 'mobile' em casa para começarmos o processo, mas quando carregámos os 'mobiles' anteontem, não conseguimos trabalhar porque o próprio 'mobile' tem problemas: não faz nem seis horas com carga", afirma.

Recenseamento eleitoral a conta-gotas na Zambézia

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Noutros locais, o recenseamento é feito em dias alternados. Há problemas logísticos sobretudo nos postos distantes das vilas da província. À DW, brigadistas e supervisores de Mirremene, Marrongane e Ivagalane disseram estar preocupados com a situação nas suas zonas.

Além disso, também há problemas em bairros suburbanos de Quelimane, segundo o fiscal Albino Vicente: "O processo está a andar, mas temos falta de técnicos. A máquina está avariada, temos problemas de cabo… Tentámos carregar o computador e não estava a dar certo."

MDM não fica surpreendido

Luís Boavida, deputado do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), o segundo maior partido da oposição no país, diz que não se surpreende com estas avarias nas zonas centro e norte do país.

"O STAE [Secretariado Técnico de Administração Eleitoral] cria sempre condições para evitar a vitória dos partidos da oposição", refere Boavida. "Eu não sei se em Gaza e Maputo-cidade também houve esses problemas… Duvido… Mas em Sofala, Zambézia, Manica, Tete e Nampula, a situação é dramática, com um recenseamento propositadamente bloqueado para provavelmente reduzir o número de eleitores dessas províncias. Em grande parte da província da Zambézia, praticamente o recenseamento falhou."

Boavida pede "medidas extraordinárias" para alcançar a meta de eleitores previstos para serem recenseados antes das eleições gerais de outubro.

Diretor do STAE na Zambézia sobre recenseamento eleitoral: "Não estamos muito bem, mas não estamos muito mal"Foto: DW/M. Mueia

STAE promete melhorias em breve

O STAE na Zambézia reconhece que está a ser difícil alcançar essa meta. Mesmo nas zonas urbanas, em postos de recenseamento que estão a funcionar na totalidade, não tem havido uma grande afluência.

"Até à segunda semana tivemos um registo acima de 200 mil eleitores. Não estamos muito bem, mas não estamos muito mal. Andamos numa fasquia normal", diz Luís Cavalo, diretor provincial do STAE na Zambézia, em entrevista à DW.

"O grande constrangimento até à data são as fontes alternativas de energia, os painéis solares. Não estamos bem em termos dessas fontes. As nossas máquinas trabalham com energia e temos muitos postos paralisados por falta deste equipamento", acrescenta.

Mas o diretor provincial do STAE garante que, daqui a uma semana, tudo estará resolvido: "Já estamos a tentar equilibrar a nossa província em termos de fontes de energia", assegura Luís Cavalo.

O recenseamento eleitoral termina a 30 de maio.

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