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Moçambique: Reconstrução avança em Cabo Delgado

DW (Deutsche Welle)
24 de fevereiro de 2022

Depois de reestabelecida a segurança no distrito de Macomia já viu reconstruídas quase todas as infraestruturas destruídas por incursões terroristas. Falta combater as causas do conflito, alertam empresários.

BG I Alltag und Militarismus in Cabo Delgado
Foto: Roberto Paquete/DW

A informação da reconstrução da quase totalidade das infraestrututas no distrito de Macomia, em Cabo Delgado, foi partilhada, na quarta-feira (24.02), pela Agência de Desenvolvimento Integrado do Norte (ADIN), num seminário em Pemba co-organizado pelo Observatório do Meio Rural e a Universidade Católica de Moçambique.

O representante da ADIN, João Correia, fez saber que nos próximos dias decorrerá a reinauguração dos referidos empreendimentos.

Os trabalhos foram levados a cabo depois da restituição do clima de segurança pelas Forças de Defesa e Segurança de Moçambique, que contam com apoio militar do Ruanda e da Missão em Estado de Alerta da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral. 

Reconstrução da paz após o conflito

Para além da reconstrução das infraestruturas das zonas afetadas pelo terrorismo, a ADIN aponta como próximo desafio o desenvolvimento de ações que visem a construção da paz, no momento pós-conflito.

João Correia, da ADINFoto: DW

"Muito se fala da questão da reconstrução do ponto de vista de infraestrutura. Mas nós também devemos reconstruir as mentes, o tecido social. É preciso que as pessoas ganhem mais confiança e se sintam seguras para recomeçar e para esquecer o passado sombrio", afirmou João Correia.

O Governo ainda não decretou o regresso das populações deslocadas às zonas de origem. Ainda assim, o investigador João Feijó, do Observatório do Meio Rural, nota com preocupação a circulação de comunicados que solicitam os funcionários públicos dos distritos afetados a regressarem aos seus locais de trabalho.

"Há notícias de que professores estão a ser chamados para regressar a Palma e Muidumbe", afirma o investigador.

Feijó chamou a atenção para a necessidade de maior cuidado na realocação das populações às zonas de origem: "Será que a distribuição destas populações por aldeias isoladas vai ser uma armadilha, ou seja, vão cair na boca do lobo, o que fará renascer a insurgência?".

Armas não são "via única" para resolução do terrorismo

Assif OsmanFoto: DW

O empresário de Cabo Delgado Assif Osman defendeu no encontro que a intervenção militar em curso, que visa acabar com o conflito que assola a província há cerca de quatro anos, deve ser acompanhada por ações que combatam a pobreza dos locais.

"É importante que as pessoas percebam que resolver este conflito não passa única e exclusivamente por uma intervenção militar". Osman admite que a intervenção militar é necessária e congratula-se pelo seu sucesso. Mas deixa um aviso: "Temos que ter a consciência de que esse sucesso será sempre aparente, será sempre temporário, se essa intervenção militar não for acompanhada por um conjunto de medidas estruturais e económicas que visem colmatar este problema da pobreza na província de Cabo Delgado".

"Mudar a forma de bater" para combater a insurgência

03:57

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