O primeiro óbito devido à Covid-19 no país regista-se num dia em que as autoridades confirmam mais 15 casos, elevando o total para 209. Segundo as autoridades, 71 pessoas já recuperaram da doença.
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A vítima mortal é "uma criança de 13 anos, cuja amostra foi colhida no dia 20 de maio na cidade de Nampula [província do norte de Moçambique]", disse a diretora nacional de Saúde Pública, Rosa Marlene, em conferência de imprensa de atualização de dados sobre a pandemia no país.
Segundo Rosa Marlene, a vítima esteve internada há três meses por outros motivos e, após ter febres e tosse, no dia 20, voltou à unidade de saúde, onde viria a morrer devido à Covid-19.
"Esta criança era seguida nos serviços de saúde, em Nampula, por doenças concomitantes", declarou Rosa Marlene.
Na semana passada, as autoridades moçambicanas anunciaram a morte de uma pessoa infetada com o novo coronavírus, mas devido a outros problemas de saúde diferentes da doença respiratória Covid-19.
Casos aumentam
A primeira morte por Covid-19 em Moçambique é anunciada num dia em que o país registou mais 15 casos, todos de nacionalidade moçambicana, "sendo que cinco não apresentam sintomatologia e 10 apresentam sintomatologia leve ou moderada", declarou Rosa Marlene.
Do total de novos casos reportados, oito são crianças menores de 15 anos. Os novos casos estão distribuídos entre as províncias de Cabo Delgado (4), Nampula(3), Tete (1), Sofala (2), Gaza (2), Cidade da Matola (1) e Cidade de Maputo (2).
"Os casos encontram-se em isolamento domiciliar e neste momento decorre o processo de mapeamento dos contactos", declarou.
Dos 209 casos registados em Moçambique, 183 são de transmissão local e 26 são importados. São dadas pelas autoridades como recuperadas 71 pessoas.
Do total de casos já registados, 116 estão na província de Cabo Delgado, seis em Nampula, 43 na cidade de Maputo, 22 na província de Maputo, 12 em Sofala, três em Tete, um em Manica, três em Inhambane e também três em Gaza.
No total, desde o anúncio do primeiro caso no país, a 22 de março, foram feitos 8.796 testes, tendo sido submetidas a quarentena cerca de 15 mil pessoas das mais de 700 mil rastreadas, continuando 1.772 a ser acompanhadas pelas autoridades de saúde.
De capulanas a máscaras: alfaiatarias de Moçambique inovam em tempos de Covid-19
Em Moçambique, a grande procura levou muitas pessoas a investirem na produção e no comércio de máscaras faciais feitas de capulana.
Foto: DW/R. da Silva
As máscaras de capulana
As pessoas procuram pelas máscaras na tentativa de conter a propagação do coronavírus no país. O uso da máscara é também uma recomendação do Governo e, em alguns casos, obrigatório. As müascaras feitas de capulana estão a ganhar o mercado, conquistar os clientes e render um bom dinheiro.
Foto: DW/R. da Silva
Nova utilidade da capulana
É a capulanas como estas que muitos produtores recorrem para fabricar o seu mais novo produto: máscaras faciais. A capulana passou a ter mais esta utilidade por causa do coronavírus. O preço da capulana continua a ser o mesmo, custando entre o equivalente a 1,20 a pouco mais de 4 euros, dependendo da qualidade.
Foto: DW/R. da Silva
Tradição em capulanas
Na baixa de Maputo, a "Casa Elefante" é uma das mais antigas casas de venda de capulana da capital moçambicana. Vende variados tipos do produto. São muitas as senhoras que se deslocam ao local para a compra deste artigo para a produção das máscaras. As casas de venda de capulana passaram a ter muita afluência para responderem à grande procura pelos artigos por causa do coronavírus.
Foto: DW/R. da Silva
Produção caseira
Esta alfaiataria caseira funciona há cerca de 15 anos, em Maputo. Antes, a proprietária dedicava-se a costurar uniformes escolares. Por causa do coronavírus, passou a investir mais na produção de máscaras. Ela vende aos informais a um preço de 0,20 euros cada unidade.
Foto: DW/R. da Silva
Aproveitar a demanda
A alfaiataria da Luísa e da Fátima dedica-se à produção de vestuário de noivas e não só, mas também à sua consertação. Quando começou a procura pelas máscaras de produção com recurso à capulana, as duas empreendedoras tiveram que redobrar os esforços para produzi-las sem pôr em causa a confecção habitual. O rendimento diário subiu de cerca de 40 euros para 60 euros, dizem.
Foto: DW/R. da Silva
Produção a todo o vapor
Estes alfaiates, no mercado informal de Xiqueleni, costumam dedicar-se ao ajustamento de roupas de segundam mão, compradas no local. Mas devido à intensa procura pelas máscaras, dedicam a maior parte do tempo a produzir estes protetores faciais à base da capulana. Também eles estão a aproveitar a grande demanda pelo acessório.
Foto: DW/R. da Silva
Informais a vender máscaras
Desde que o Governo determinou a obrigatoriedade do uso de máscaras nos transportes e aglomerações, há pouco mais de uma semana, muitos vendedores informais, mulheres e homens, miúdos e graúdos compraram-nas para a posterior revenda. Um dos principais locais para a venda ao consumidor final são os terminais rodoviários.
Foto: DW/R. da Silva
Máscara para garantir a viagem
Os maiores terminais rodoviários, como por exemplo a Praça dos Combatentes, são os locais de aglomerados populacionais e onde muitos cidadãos acorrem para comprar as máscaras caseiras. Quando um passageiro não tem a máscara, sabe que pode encontrar o produto sem ter que percorrer longas distâncias e garantir o embarque nos meios de transporte.
Foto: DW/R. da Silva
Grande procura em Maputo
Neste "Tchova", carrinho de tração humana, há vários artigos. Os clientes estão a apreciar as máscaras, e não só, que o vendedor informal exibe. Os clientes referem que compram as máscaras não só para evitar a propagação do coronavírus, mas também porque os "chapeiros" exigem o uso das mesmas, sob pena de não permitirem a viagemm de quem não tiver o acessório.
Foto: DW/R. da Silva
Bons rendimentos
Os vendedores informais aproveitam a muita procura pelas máscaras caseiras para juntar ao seu habitual negócio. Jorge Lucas, além de vender acessórios de telefones, diz que "há muita procura" pelas máscaras feitas de capulana e que este negócio está a render "qualquer coisa como 20 euros por dia".
Foto: DW/R. da Silva
Quase 20 euros por dia
António Zunguze vende uma máscara pelo valor equivalente a 0,80 euros. Por dia, diz que consegue levar para casa o equivalente a quase 20 euros e explica que a procura é muita nos mercados informais. António compra as máscaras nas alfaiatarias e vai, posteriormente, revendê-las nos terminais de semi-coletivos.
Foto: DW/R. da Silva
Propaganda, "a alma do negócio"
Este jovem montou um megafone para anunciar que, além das sandálias, já tem igualmente máscaras para a venda. Na imagem, as máscaras podem ser vistas no topo da sombrinha e o megafone instalado no muro. O jovem refere que na sua banca não tem havido muita procura, mas acredita que melhores dias virão.
Foto: DW/R. da Silva
Máscaras até nos salões de beleza
Alguns salões de beleza também não perderam a oportunidade e estão a revender as máscaras. Neste salão, já não há clientes devido ao período de restrições para conter a propagação do coronavírus. O salão também investe na venda de máscaras feitas de capulana.