Autoridades da Educação em Quelimane, na província da Zambézia, dizem que está tudo pronto para o regresso das aulas presenciais esta quinta-feira na 12ª classe. Opiniões de encarregados de educação e alunos divergem.
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Na quarta-feira (30.09), a província da Zambézia somava aproximadamente 300 casos ativos do novo coronavírus, segundo as autoridades locais.
Este cenário deixa em alerta os encarregados de educação. Para muitos pais com filhos no ensino secundário do segundo ciclo, o ano letivo de 2020 está perdido, embora haja garantias das autoridades de que as escolas estão devidamente preparadas com equipamentos de higiene e limpeza para receber os alunos.
Um encarregado de educação, sob condição de anonimato, diz não ter dúvidas de que as escolas serão foco para o aumento de casos de Covid-19 em Quelimane e na província da Zambézia, por isso nega que seu filho vá à escola a partir desta quinta-feira (01.10).
"Vale a pena adiar [o regresso às aulas] para o próximo ano. Vejo que o ano está no fim, se fosse para o próximo ano seria melhor. O ano está perdido, para continuar este ano com as aulas será difícil", opina.
Por seu turno, o encarregado de educação Guido Linvinguiston defende o regresso às aulas, porque "as formações no próximo ano devem ter futuros candidatos e as faculdades também". Argumenta ainda que "se as 12.ª e 10.ª classe não abrirem, haverá rutura de estudantes".
Distanciamento social acautelado
O diretor de Educação da cidade de Quelimane, Rijone Bombino, acrescenta que não há nada que temer. E assegura que as condições necessárias para a prevenção da Covid-19 estão devidamente acauteladas em onze escolas que irão reabrir.
"Dessas escolas, todas, incluído as escolas comunitárias e particulares, estão devidamente preparadas. Temos cerca de 3 mil alunos que vão retomar as aulas presenciais", adianta.
"Há escolas que têm salas pequenas, o rácio varia entre quinze a vinte alunos. Quanto a esta situação, não temos problemas. Mesmo em relação à gestão dos recreios, os passeios, tudo está acautelado, não temos problemas", assegura o diretor.
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Alunos com dúvidas
Como os europeus estão a lidar com o regresso às aulas
04:41
Apesar das garantias, os estudantes duvidam que tudo corra bem.
"Eles dizem que [o coronavírus] é uma pandemia que se deve prevenir. Dizem também que já têm [na escola] álcool gel, água para lavar as mãos, também dizem que vão distribuir máscaras. Então, se dizem que devemos retomar as aulas, é porque já é necessário, mas por mim deveriam anular este ano, [e regressar às aulas] só no próximo ano", afirma uma estudante.
Mas, há quem prefira regressar às aulas presenciais, que foram interrompidas em abril e substituídas pelas aulas televisivas. Mesmo assim, o receio de contrair Covid-19 na escola fala mais alto.
"Haverá mais riscos, os números de [casos de] Covid-19 vão aumentar. Por mim tinha que ser aulas eletrónicas, ficar em casa. Não vai dar certo", opina Belarmino Julio, aluno da escola secundária de Sangarriveira.
Entretanto, as autoridades de saúde na Zambézia várias vezes já alertaram sobre o perigo de contágio do novo coronavírus em escolas públicas e recomendam a não abertura das cantinas para lanches escolares.
De capulanas a máscaras: alfaiatarias de Moçambique inovam em tempos de Covid-19
Em Moçambique, a grande procura levou muitas pessoas a investirem na produção e no comércio de máscaras faciais feitas de capulana.
Foto: DW/R. da Silva
As máscaras de capulana
As pessoas procuram pelas máscaras na tentativa de conter a propagação do coronavírus no país. O uso da máscara é também uma recomendação do Governo e, em alguns casos, obrigatório. As müascaras feitas de capulana estão a ganhar o mercado, conquistar os clientes e render um bom dinheiro.
Foto: DW/R. da Silva
Nova utilidade da capulana
É a capulanas como estas que muitos produtores recorrem para fabricar o seu mais novo produto: máscaras faciais. A capulana passou a ter mais esta utilidade por causa do coronavírus. O preço da capulana continua a ser o mesmo, custando entre o equivalente a 1,20 a pouco mais de 4 euros, dependendo da qualidade.
Foto: DW/R. da Silva
Tradição em capulanas
Na baixa de Maputo, a "Casa Elefante" é uma das mais antigas casas de venda de capulana da capital moçambicana. Vende variados tipos do produto. São muitas as senhoras que se deslocam ao local para a compra deste artigo para a produção das máscaras. As casas de venda de capulana passaram a ter muita afluência para responderem à grande procura pelos artigos por causa do coronavírus.
Foto: DW/R. da Silva
Produção caseira
Esta alfaiataria caseira funciona há cerca de 15 anos, em Maputo. Antes, a proprietária dedicava-se a costurar uniformes escolares. Por causa do coronavírus, passou a investir mais na produção de máscaras. Ela vende aos informais a um preço de 0,20 euros cada unidade.
Foto: DW/R. da Silva
Aproveitar a demanda
A alfaiataria da Luísa e da Fátima dedica-se à produção de vestuário de noivas e não só, mas também à sua consertação. Quando começou a procura pelas máscaras de produção com recurso à capulana, as duas empreendedoras tiveram que redobrar os esforços para produzi-las sem pôr em causa a confecção habitual. O rendimento diário subiu de cerca de 40 euros para 60 euros, dizem.
Foto: DW/R. da Silva
Produção a todo o vapor
Estes alfaiates, no mercado informal de Xiqueleni, costumam dedicar-se ao ajustamento de roupas de segundam mão, compradas no local. Mas devido à intensa procura pelas máscaras, dedicam a maior parte do tempo a produzir estes protetores faciais à base da capulana. Também eles estão a aproveitar a grande demanda pelo acessório.
Foto: DW/R. da Silva
Informais a vender máscaras
Desde que o Governo determinou a obrigatoriedade do uso de máscaras nos transportes e aglomerações, há pouco mais de uma semana, muitos vendedores informais, mulheres e homens, miúdos e graúdos compraram-nas para a posterior revenda. Um dos principais locais para a venda ao consumidor final são os terminais rodoviários.
Foto: DW/R. da Silva
Máscara para garantir a viagem
Os maiores terminais rodoviários, como por exemplo a Praça dos Combatentes, são os locais de aglomerados populacionais e onde muitos cidadãos acorrem para comprar as máscaras caseiras. Quando um passageiro não tem a máscara, sabe que pode encontrar o produto sem ter que percorrer longas distâncias e garantir o embarque nos meios de transporte.
Foto: DW/R. da Silva
Grande procura em Maputo
Neste "Tchova", carrinho de tração humana, há vários artigos. Os clientes estão a apreciar as máscaras, e não só, que o vendedor informal exibe. Os clientes referem que compram as máscaras não só para evitar a propagação do coronavírus, mas também porque os "chapeiros" exigem o uso das mesmas, sob pena de não permitirem a viagemm de quem não tiver o acessório.
Foto: DW/R. da Silva
Bons rendimentos
Os vendedores informais aproveitam a muita procura pelas máscaras caseiras para juntar ao seu habitual negócio. Jorge Lucas, além de vender acessórios de telefones, diz que "há muita procura" pelas máscaras feitas de capulana e que este negócio está a render "qualquer coisa como 20 euros por dia".
Foto: DW/R. da Silva
Quase 20 euros por dia
António Zunguze vende uma máscara pelo valor equivalente a 0,80 euros. Por dia, diz que consegue levar para casa o equivalente a quase 20 euros e explica que a procura é muita nos mercados informais. António compra as máscaras nas alfaiatarias e vai, posteriormente, revendê-las nos terminais de semi-coletivos.
Foto: DW/R. da Silva
Propaganda, "a alma do negócio"
Este jovem montou um megafone para anunciar que, além das sandálias, já tem igualmente máscaras para a venda. Na imagem, as máscaras podem ser vistas no topo da sombrinha e o megafone instalado no muro. O jovem refere que na sua banca não tem havido muita procura, mas acredita que melhores dias virão.
Foto: DW/R. da Silva
Máscaras até nos salões de beleza
Alguns salões de beleza também não perderam a oportunidade e estão a revender as máscaras. Neste salão, já não há clientes devido ao período de restrições para conter a propagação do coronavírus. O salão também investe na venda de máscaras feitas de capulana.