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Moçambique: Governo desmente recrutamento forçado

Lusa
8 de fevereiro de 2020

Informações partilhadas nas redes sociais, esta sexta-feira (07.02), dão conta de um recrutamento compulsivo de jovens para o combate aos ataques armados em Cabo Delgado. Governo desmente.

Mosambik, Cabo Delgado: Soldat in Naunde
Foto: Borges Nhamire

O alerta foi lançado nas redes sociais, onde, esta sexta-feira (07.02), circulavam imagens captadas em vários pontos de Maputo, nas quais se viam jovens a correr fugindo, supostamente, de militares que os querem levar à força para combater os ataques armados em Cabo Delgado, no norte do país.

Uma informação que já foi desmentida pelo Ministério da Defesa que garantiu que vai investigar o caso para "descobrir a origem, motivações e os autores" das informações que lançaram alarme nalguns bairros.

"Não está a decorrer nenhum recrutamento compulsivo. Quando chegar a [sua] vez, o jovem será convocado e não raptado", disse Carlos Mucamisa, coronel das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), acrescentando que "[estas ações vão contra] as práticas e procedimentos de recrutamento e mobilização estabelecidas pela Lei do Serviço Militar".

"Falta de coordenação", diz RENAMO

Também em conferência de imprensa, ao final do dia desta sexta-feira, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), maior partido da oposição em Moçambique, considerou "vazio de conteúdo" o comunicado do ministério, afirmando que se trata de "falta de coordenação institucional", pois as informações circulam há mais de quatro dias nas redes sociais.

"Os comunicados dos ministérios do Interior e da Defesa foram muito superficiais e não respondem àquilo que é o anseio da população", referiu Venâncio Mondlane, assessor político do presidente da Renamo, Ossufo Momade.

De acordo com o ACNUR, os conflitos na província de Cabo Delgado provocaram já "pelo menos 100.000 deslocados"Foto: DW/A. Chissale

Por isso, disse Venâncio Mondlane, a RENAMO exige ao Governo esclarecimentos "mais exaustivos". "A questão não é dizer que a informação é falsa, mas garantir segurança à população", disse.

Em nenhuma das imagens se veem membros das forças de defesa e segurança e, nos relatos divulgados, não há confirmação de que haja de facto qualquer outra entidade ou grupo a levar pessoas à força.

O Comando Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM) disse ter intensificado a patrulha nas zonas identificadas como propensas à difusão de informação sobre o dito recrutamento. "[Já temos] indivíduos retidos na esquadra para identificação, visando, acima de tudo, neutralizar os cabecilhas [dos boatos]", afirmou o porta-voz do Comando-Geral da PRM, Orlando Mudumane.

O suposto recrutamento coincide com a época de recenseamento militar, lançado em 10 de janeiro com fim previsto para 28 de fevereiro.

Mais de cem mill deslocados

Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), os conflitos na província de Cabo Delgado provocaram "pelo menos 100.000 deslocados". "Houve um aumento dramático dos ataques brutais por grupos armados nos últimos meses, mas a semanas mais recentes a serem o período de maior volatilidade desde que os incidentes começaram, em outubro de 2017. No total, pelo menos 28 ataques foram realizados na província desde o início do ano", acrescenta ACNUR, em comunicado.

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