Resultado das autárquicas e o processo de paz em Moçambique
Lusa | ar
10 de outubro de 2018
Um "sinal importante" sobre o avanço do processo de paz, poderá ser dado quando forem conhecidos os resultados das eleições autárquicas desta quarta-feira em Moçambique, considera Standard Bank.
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Standard Bank considerou esta quarta-feira (10.10) que as eleições autárquicas em Moçambique irão dar um "sinal importante" sobre a progressão do processo de paz, antecipando que o resultado pode ter um impacto na economia do país, principalmente na inflação.
"O resultado eleitoral pode ter um efeito na economia, porque apesar de estar a subir, a inflação tem sido claramente limitada pelo baixo aumento dos preços alimentares", escrevem os analistas do Standard Bank num comentário às eleições municipais, que decorrem em Moçambique.
"Estas eleições vão ser um sinal importante sobre o progresso do processo de paz", escrevem os analistas, notando que "houve relatos de conflitos nalgumas regiões" e acrescentando que "será instrutivo ver se o partido no poder, Frelimo, e a oposição da RENAMO aceitam o resultado das eleições".
Relativamente ao impacto na economia, os analistas do departamento de estudos económicos do Standard Bank escrevem que "a inflação abrandou de 5% em agosto para 4,9% em setembro" e concluem que "o aumento da inflação será moderado, com a subida dos preços a dever ficar-se, este ano, pelos 7,7%".
Votação
Um total de 3.910.712 eleitores escolhem esta quarta-feira os presidentes dos 53 conselhos autárquicos de Moçambique e respetivos membros das assembleias municipais, para as quintas eleições autárquicas na história do país.Nas eleições municipais de 2013, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), que governa o país desde a independência, em 1975, conquistou 49 dos 53 municípios e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) venceu em quatro, nas capitais provinciais de Beira, Nampula e Quelimane e na autarquia de Gurué.
Na altura, o principal partido da oposição, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) não concorreu às eleições, em discordância com a lei eleitoral e os órgãos eleitorais que essa legislação criou.
Desta vez, a RENAMO participa na votação, depois de já ter participado e vencido a eleição intercalar de Nampula, principal cidade do norte do país, no início do ano.
Inflação continuou a descer em setembro A inflação continua a descer em Moçambique, de acordo com os dados publicados hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) moçambicano.
A inflação média a 12 meses encontra-se agora em 4,59%, uma descida relativamente a 5,04% em agosto.
A inflação homóloga em setembro foi de 4,89%, quando em agosto tinha sido de 5,02%.
Ainda de acordo com o INE, a inflação mensal foi de 0,11%, com a inflação acumulada desde janeiro a situar-se em 2,79%.
Os números constam do Boletim do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), segundo o qual o setor dos transportes foi o que teve maior impacto na subida de preços - tal como também já tinha acontecido em agosto.
Os valores são calculados a partir das variações de preço de um cabaz de bens e serviços, com dados recolhidos nas cidades de Maputo, Beira e Nampula.
Eleições autárquicas em Moçambique de norte a sul
Grandes enchentes marcaram primeiras horas de votação em todo o país. Cerca de quatro milhões de eleitores foram chamados a escolher os presidentes de 53 municípios moçambicanos e respetivos membros de assembleias.
Foto: DW/A. Zacarias
Grande afluência por todo o país
Longas filas marcaram as primeiras horas de votação na cidade de Tete. Pela manhã, o boletim "Processo Político Moçambicano" do Centro de Integridade Pública (CIP) publicou a sua primeira avaliação. Registam-se longas filas em muitos locais, o que sugere que o nível de participação dos eleitores será mais elevado este ano comparativamente às eleições municipais anteriores, que não atingiu os 50%.
Foto: DW/A. Zacarias
Longa espera em Maputo
Na capital, a votação teve início à hora marcada, mas também registaram-se longas filas, relata o correspondente da DW em Maputo, Leonel Matias. Eleitores precisam de tempo e paciência para exercerem seu direito cívico.
Foto: DW/Romeu da Silva
Filipe Nyusi vota em Maputo
O Presidente Filipe Nyusi e sua esposa votaram na Escola Secundária Josina Machel. Nyusi apelou aos cidadãos que já exerceram o seu direito de voto para aguardarem com serenidade a divulgação dos resultados. O líder interino da RENAMO, Ossufo Momade, que se encontra na Serra da Gorongosa, não deverá votar nessas autárquicas, disse à Lusa fonte do partido.
Foto: Presidência da República de Moçambique
Maputo: O voto dos políticos
O cabeça de lista do MDM em Maputo, Augusto Mbazo, disse depois de votar que está a acompanhar este processo "serenamente e muito confiante" na vitória. Também o candidato da coligação Esperança do Povo, José Balate, afirmou que "a vitória está garantida". Já o candidato do Movimento Solidariedade Cívica de Moçambique, Carlos Tembe, apelou à adesão em massa dos cidadãos ao processo de votação.
Foto: DW/Romeu da Silva
Maputo: O voto dos políticos
Após votar, Venâncio Mondlane, o membro da RENAMO que viu a sua candidatura como cabeça de lista para a cidade de Maputo chumabada pelo Tribunal Constitucional, disse que os munícipes devem aproveitar a eleição para "marcar uma nova página". Também depois de votar, o cabeça de lista da FRELIMO, Eneas Comiche, exortou para "eleições pacíficas e ordeiras".
Foto: DW/Romeu da Silva
Tete: O voto dos políticos
O governador de Tete, Paulo Auade, foi o primeiro a votar nesta assembleia, seguido do cabeça de lista da FRELIMO, César de Carvalho, que apelou à afluência em massa dos eleitores. Os três cabeças de lista mostram-se confiantes na vitória. Hélder Manuel, do MDM, agradeceu a afluência às mesas de votação. Já Ricardo Tomás, da RENAMO, se disse surpreso com a participação massiva dos eleitores.
Foto: DW/A. Zacarias
Filas também em Nampula
Em Nampula, no norte do país, o início da votação foi caraterizado por "grandes enchentes" e longas filas. Muitos eleitores acordaram cedo para votar. Segundo o correspondente da DW Sitoi Lutxeque, pela tarde, a polícia disparou granadas de gás lacrimogéneo para dispersar eleitores.
Foto: DW/S. Lutxeque
Garantindo o lugar na fila
Os eleitores usaram objetos pessoais para marcar lugar nas filas. Na Escola Primária Completa de Mutita, na periferia de Nampula, o correspondente da DW Sitoi Lutxeque relatou que "não há desordem". O cabeça de lista do MDM, Fernando Bismarque, apelou a todos os munícipes que exerçam o seu direito de voto para "poderem contribuir para o desenvolvimento da cidade".
Foto: DW/S. Lutxeque
Inhambane preocupa
Em Inhambane, o movimento nas assembleias de voto tem sido fraco desde as primeiras horas do dia em quase todas as autarquias, relata o correspondente Luciano da Conceição. O presidente da Comissão Distrital de Eleições de Maxixe, Mateus Rogério, disse à imprensa que o cenário é "preocupante", mas acredita que muitos eleitores podem ainda afluir às assembleias de voto durante a tarde.
Foto: DW/L. da Conceição
Presença policial causa receio em Nampula
Na Escola Primária Completa da Cerâmica, em Nampula, os agentes da polícia estão a menos de cinco metros, contra os 300 metros recomendados por lei. "Não estão a reprimir os cidadãos, mas isso está a criar algum receio entre os eleitores", diz o correspondente Sitoi Lutxeque. Os cabeças de lista da FRELIMO, Amisse Cololo, do PAHUMO, Filomena Mutoropa, e da AMAJPS, Castro Niquina, já votaram.
Foto: DW/S. Lutxeque
Detenções
Dois presidentes de assembleias de voto foram presos por distribuir boletins de voto extra aos eleitores, informa o Centro de Integridade Pública. Os casos aconteceram em Massinga, província de Inhambane, e na Ilha de Moçambique, em Nampula. Na Ilha de Moçambique, o caso foi descoberto por um delegado da RENAMO.
Foto: DW/L. da Conceição
Atrasos na Beira
Na cidade da Beira, numa mesa de voto da Escola Amílcar Cabral, às 09:17 a votação ainda não tinha começado, alegadamente por falta de uma urna. Muitos dos eleitores diziam estar cansados de esperar e alguns abandonaram os postos de votação.
Foto: DW/Arcénio Sebastião
Montagem na última hora
Cinco das oito mesas de voto na Escola Secundária de Muchatazina também não abriram à hora prevista (07:00), constatou o correspondente da DW na cidade da Beira, Arcénio Sebastião. Esta é assembleia número 07029-09 que acabava de ser montada como se vê a cabine.
Foto: DW/Arcénio Sebastião
Beira: O voto dos políticos
Os cabeças de lista Manuel Bissopo, da RENAMO, Augusta Maita, da FRELIMO, e Daviz Simango, do MDM (foto), já votaram. Todos se mostram confiantes na vitória, diz o correspondente Arcénio Sebastião, que está a acompanhar o escrutínio, na cidade da Beira.
Foto: DW/Arcénio Sebastião
Quelimane: "Indícios de fraude"
Eleitores, nos postos de votação de Cololo e Instituto industrial de Quelimane, estão assustados com a presença da Força de Intervenção Rápida, fortemente equipada. A agitação marcou ainda a votação na Escola Primária de Coalane, onde os nomes de mais de 300 eleitores, entre eles o cabeça de lista da RENAMO, Manuel de Araújo, não constavam na lista. Araújo lamenta os "indícios de fraude".
Foto: DW/Marcelino Mueia
Idosos sofrem sem prioridade em Quelimane
Idosos queixam-se de discriminação nas filas de votação. Contam que as filas são tão longas que não conseguem permanecer de pé muitas horas. Os mais novos não cedem lugar. A idosa Joaquina Álvaro, diz ter chegado ao posto de votação da Escola Primária 17 de Setembro, em Quelimane, às 8 horas locais, mas até às 12 horas não tinha votado.
Foto: DW/M. Mueia
Pemba: Votação a bom ritmo
Pela manhã, a votação decorria a bom ritmo na cidade de Pemba, segundo o correspondente da DW Delfim Anacleto. O governador provincial, Júlio José Paruque, apelou a todos os intervenientes no processo eleitoral em curso para manterem a calma e aguardarem os resultados nas respetivas residências. Paruque mostrou satisfação pela "participação da juventude estreante".
Foto: DW/D. Anacleto
Em Xai-Xai há assembleias vazias
Em Xai-Xai, a votação arrancou à hora prevista. Nalgumas assembleias, a afluência era grande, mas noutras, como na Escola Primária Completa 7 de Outubro (foto) não se via quase ninguém até às 10:00, constatou o correspondente Carlos Matsinhe. Segundo a RENAMO, alguns delegados tiveram acesso impedido em 15 mesas de voto, alegadamente porque nas suas credenciais não constava o número da mesa.
Foto: DW/Carlos Matsinhe
Evidência de Fraude
Segundo a lei eleitoral, o cidadão que se mudou há mais de seis meses não pode votar no anterior lugar de residência. Mas Guilhermina Sitoe, diretora de Saúde, Mulher e Ação Social em Massingir, Mirna Chiboleca, diretora de Educação em Guija, e Hermenegildo Chivure (na foto, de calças azuis), administrador de Chicualacuala há mais de dois anos - todos membros da FRELIMO - votaram em Xai-Xai.
Foto: DW
Avaliação parcial das autoridades
Para a polícia, o processo eleitoral está a decorrer dentro da normalidade em todas as autarquias. A CNE diz que decorre com serenidade e harmonia. A missão de observação eleitoral Sala da Paz afirma ser preciso corrigir "pequenos incidentes" e ilícitos eleitorais que têm estado a ocorrer. O STAE garante que as urnas só vão encerrar quando for atendido o último eleitor que estiver na fila.