Seis ministros entram no novo Comité Central da FRELIMO
Lusa
27 de setembro de 2022
Seis ministros do atual Governo moçambicano foram eleitos entre os novos membros do Comité Central da FRELIMO, anunciou o partido no poder. Entre eles está Jacinto Nyusi, filho do atual Presidente da República.
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Entre os novos membros, eleitos na segunda-feira (26.09), durante o quarto dia do 12.º Congresso do partido, destacam-se Adriano Maleiane (primeiro-ministro), Max Tonela (Economia e Finanças), Helena Kida (Justiça), Ana Comoana (Administração Estatal e Função Pública) Josefina Mpelo (Combatentes) e Eldevina Materula (Cultura e Turismo).
Entre os novos membros está Jacinto Nyusi, filho mais velho do atual chefe de Estado, N´aite Chissano, filho do antigo Presidente da República Joaquim Chissano, bem como Alberto Chipande Júnior, filho do antigo ministro da Defesa e membro histórico da FRELIMO Alberto Chipande.
Filipe Nyusi, por inerências de funções, e Alberto Chipande são membros da Comissão Política.
O Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD) considera que a reeleição de Nyusi como presidente da FRELIMO com 100% dos votos reflete uma "cultura de autoritarismo" dentro do partido no poder em Moçambique.
"A eleição com 100% dos votos não surpreendeu e documenta a arregimentação dos delegados" ao congresso do partido e "o medo pelo pensar diferente", lê-se num documento de comentário ao 12.º Congresso.
12.º Congresso da FRELIMO
Neste congresso, passou a vigorar a nova disposição do órgão, que cresceu de 230 para 250 militantes e determina que 60% transitem do mandato anterior e 40% entrem pela primeira vez no órgão.
Durante a reunião magna, foram eleitos 81 membros, sendo que a maioria já tinha sido eleita antes da realização do congresso, durante as conferências provinciais ocorridas no início deste mês.
Hoje, o 12.º Congresso da FRELIMO vai eleger o secretário-geral, Comissão Política e Comité de Verificação, que é o órgão de disciplina do partido, bem como proceder a uma revisão dos estatutos da organização.
Depois do congresso, passará pelos novos órgãos a escolha do candidato às eleições presidenciais de 2024.
60 anos da FRELIMO, alguns momentos históricos
A FRELIMO comemora 60 anos desde a sua criação, em 1962, na Tanzânia. Durante este período, já teve cinco presidentes. Só o primeiro não dirigiu o país – Eduardo Mondlane.
Foto: Marco Longari/AFP/Getty Images
Eduardo Mondlane (à direita), o primeiro presidente da FRELIMO
Eduardo Chivambo Mondlane, o primeiro presidente da FRELIMO, nasceu em Manjacaze, província de Gaza, sul de Moçambique, a 20 de junho de 1920 e morreu em 03 de fevereiro de 1969, na Tanzânia, vítima de uma encomenda armadilhada. Eduardo Mondlane é carinhosamente tratado como o "pai da unidade nacional", por ter conseguido unir os três movimentos que fundaram a FRELIMO (UDENAMO, MANU e UNAMI).
Foto: casacomum.org/ Documentos Mário Pinto de Andrade
Samora Machel , o primeiro Presidente de Moçambique independente
Nascido a 29 de setembro de 1933, também em Gaza. Após a morte de Eduardo Mondlane, Samora Machel dirigiu os destinos da FRELIMO e a luta de libertação nacional até à proclamação da independência de Moçambique, a 25 de junho de 1975.
Foto: Fundação Mário Soares/Estúdio Kok Nam
Proclamação da independência nacional
A 25 de junho de 1975, em pleno Estádio da Machava, arredores da cidade de Matola, Samora Machel proclamou a independência nacional. Por essa via, viria a ser ele o primeiro Presidente da República Popular de Moçambique.
Foto: Fundação Mário Soares/Estúdio Kok Nam
Sob liderança de Machel, foi lançada em 1983 a Operação Produção
Na visão de Machel, o país deveria ser autossuficiente na produção de comida. Mas a "Operação Produção" acabou forçando milhares de pessoas, consideradas improdutivas, marginais e prostitutas, das grandes cidades a deixarem as suas famílias, rumo a Niassa.
Foto: Fundação Mário Soares/Estúdio Kok Nam
Samora Machel morre vítima de acidente aéreo em Mbuzini
A 19 de outubro de 1986, quando regressava de mais uma missão de Estado, o avião em que seguia despenhou-se na região de Mbuzini, na África do Sul. Calou-se a voz que marcou gerações em Moçambique. 36 anos depois, ainda não são conhecidos os autores morais e materiais da morte de Samora Machel.
Foto: DW/M. Maluleque
Joaquim Chissano - 2º Presidente de Moçambique e 3º da FRELIMO
Depois da morte de Machel, em 1986, coube a Joaquim Chissano a missão de tomar o remo do "barco" e navegar contra muitas turbulências. Encontrou o país mergulhado numa guerra civil e com alto índice de pobreza. Durante o seu reinado de 19 anos (1986-2005), assinou o acordo de Roma (1992) com a RENAMO, que pôs fim à guerra dos 16 anos. E liderou o processo de entrada no multipartidarismo.
Foto: Ismael Miquidade
Armando Guebuza – 4º Presidente da FRELIMO e 3º de Moçambique (2005-2015)
Sucedeu a Joaquim Chissano. Durante o seu reinado de 10 anos, Moçambique voltou a viver momentos de conflito militar com RENAMO. Também foi durante a governação de Guebuza que o país registou o pior escândalo financeiro na sua história - as "dívidas ocultas". Mas registou-se uma grande evolução em termos de infraestruturas públicas.
Foto: picture-alliance/dpa
Filipe Nyusi - o "homem" do momento (2015 até hoje)
Filipe Nyusi "levou" o poder político dentro da FRELIMO da região sul, onde sempre se concentrou desde o seu surgimento, para o "berço" da luta de libertação, Cabo Delgado. Encontrou o país mergulhado no escândalo das dívidas ocultas. Durante o seu consulado, lidou ainda com conflitos político-militares com a RENAMO, a "Junta Militar" e, atualmente, enfrenta os ataques terroristas de Cabo Delgado.