Número de doentes registados na província chega a 52, segundo atualização feita pela diretora provincial de Saúde em Cabo Delgado, este sábado (04.05). Distritos afetados são Pemba e Mecúfi. Nenhum óbito foi registado.
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Anastácia Lidimba disse que na cidade de Pemba, só este sábado (04.05), deram entrada no Centro de Tratamento de Cólera 20 pacientes, subindo para 45 o número de casos detetados, após o ciclone Kenneth. O distrito de Mecúfi, que também está a ser assolado pela doença, registou duas novas entradas, totalizando sete casos.
A província conta já com dois centros de tratamento de Cólera, localizados em Mecúfi e na capital provincial, Pemba.
Falando sobre a vacina, cuja administração em Cabo Delgado estaria a ser negociada, a diretora provincial disse que o material ainda não chegou à província.
Anastácia Lidimba destacou ainda o trabalho realizado nas comunidades como sendo a chave "para a eliminação e redução de casos de diarreia e cólera. "Temos médicos, técnicos, pessoal formado e capacitado para trabalhar nas capacidades. Estamos a fazer o trabalho porta a porta, em todos os bairros de Pemba, assim como no distrito de Mecúfi", afirmou.
"Até ao momento, não temos registado nenhum caso de óbito, o que significa que estamos a fazer o tratamento a tempo e horas," salientou Anastácia Lidimba.
Prevenção a tempo
As autoridades já tinham anunciado na segunda-feira (29.04) a reabertura do Centro de Tratamento de Cólera, recinto habitualmente instalado no pátio central do Hospital de Pemba, antecipando o eclodir de um surto.
Esta sexta-feira (03.05), foi instalado o Centro de Tratamento de Cólera da cidade de Pemba e os doentes foram transferidos para aquele local.
Foi também anunciado que estavam a decorrer contactos com parceiros para iniciar uma campanha de vacinação a administrar nos distritos de Pemba, Mecúfi, Ibo Quissanga e Macomia.
Pemba e Mecúfi não foram diretamente atingidos pelo ciclone, mas são os distritos que mais sofreram com as chuvas intensas e as inundações que se seguiram.
A cólera é frequente na época das chuvas na região e apesar de ser uma doença tratável, propaga-se através da água e de alimentos contaminados.
Fenómenos subsequentes
O ciclone Kenneth foi o primeiro a atingir o norte de Moçambique, em 24 de abril.
A tempestade matou 41 pessoas, segundo o levantamento provisório das autoridades, e afetou cerca de 166.000 pessoas.
O surto de cólera que surgiu após o ciclone Idai, em março, no centro do país, infetou cerca de 4.000 pessoas e provocou oito mortes, sendo que uma campanha de vacinação imunizou 900.000 pessoas.
Moçambique foi pela primeira vez atingido por dois ciclones na mesma época chuvosa (de novembro a abril).
Zambézia: Centros para vítimas de inundações sob pressão
Milhares de desalojados pelas cheias e pelo ciclone na Zambézia, centro de Moçambique, vivem em centros de acomodação. A DW África constatou que faltam tendas e que os médicos estão preocupados com a saúde da população.
Foto: DW/M. Mueia
Visitas de rotina
Cerca de 20 médicos e especialistas deslocaram-se este sábado (30.03) aos centros de acomodação de Dhugudiua e Namitangurine - este último, onde há um maior aglomerado populacional refugiado das cheias na Zambézia. Os profissionais de saúde juntaram-se numa ação solidária para minimizar os problemas da população. A campanha é rotineira, para controlar eventuais surtos.
Foto: DW/M. Mueia
Problemas de saúde
Doenças respiratórias, malária e diarreias afetam muitas das vítimas das inundações refugiadas nos centros de acomodação de Namitangurine e Dhugudiua, distrito de Nicoadala. No centro de Dhugudiua, criado este mês, em média, são atendidos 30 pacientes por dia. A maioria apresenta estes problemas de saúde, segundo autoridades sanitárias.
Foto: DW/M. Mueia
Uma tenda para dez pessoas
Segundo as autoridades comunitárias dos centros de reassentamento, uma tenda abriga dez pessoas. A insuficiência de tendas agravou-se nas últimas semanas e as cheias na sequência do ciclone Idai colocaram ainda mais pressão sobre as instalações. O centro de Namitangurine recebe desalojados das inundações desde 2012. Acolhe atualmente mais de mil famílias.
Foto: DW/M. Mueia
Casas e bens destruídos
No centro de Dhugudiua, a cerca de 45 quilómetros da cidade de Quelimane, vivem cerca de 80 famílias, acomodadas em tendas. São, na maioria, crianças e mulheres que foram transferidas da zona de Musselo, depois de verem as suas palhotas e bens destruídos pela força das águas no início deste mês.
Foto: DW/M. Mueia
Infraestruturas de lona
Além de servirem de moradia para as vítimas das inundações, algumas das tendas nos centros de reassentamento funcionam como unidades sanitárias permanentes e outros serviços sociais.
Foto: DW/M. Mueia
Cozinha para todos
Os desalojados no centro de reassentamento em Dhugudiua partilham a mesma cozinha para confeccionar alimentos. No chão, os conjuntos de três pedrinhas separadas por 10 centímetros são fogões a lenha improvisados.
Foto: DW/M. Mueia
Falta proteína
Há comida suficiente, mas a alimentação não é a ideal no centro de Dhugudiua. Os desalojados dizem que recebem farinha, arroz e outros donativos de diferentes organizações e doadores singulares, mas não há peixe e o feijão não chega para todos os agregados familiares. O caril é feito quase sempre à base de verduras.
Foto: DW/M. Mueia
Mil litros de água
O abastecimento de água para tomar banho e lavar roupa e loiça é garantido por um tanque móvel de mil litros instalado no local.
Foto: DW/M. Mueia
Controlar as condições de higiene
No distrito de Nicoadala, há cerca de 20 ativistas destacados exclusivamente para controlar a higiene nos centros de acomodação. A missão é vigiar o tratamento da água utilizada pelas famílias, a limpeza das tendas e sensibilizar os moradores do centro para as boas práticas de higiene para evitar surtos de cólera e malária.
Foto: DW/M. Mueia
Uma vida de desespero
Apesar do apoio que recebem nos centros de reassentamento, muitas famílias dizem-se desesperadas: não têm como começar a reconstruir as suas habitações e regressar à vida normal. A maioria dos homens não tem emprego. Muitos viviam da carpintaria e da serralharia nos locais onde viviam e, aqui, não têm onde ir para pedir financiamento. As mulheres choram a perda das suas machambas.
Foto: DW/M. Mueia
À espera de terras
Nos centros de reassentamento, os desalojados aguardam a distribuição de terrenos. Muitos não perdem a esperança de serem colocados em zonas mais seguras, em áreas menos propensas a cheias, tal como prometeram as autoridades provinciais da Zambézia.
Foto: DW/M. Mueia
Voluntários satisfeitos
Os médicos que se deslocaram aos centros de reassentamento nesta missão voluntária mostram-se satisfeitos pela adesão popular aos serviços prestados, principalmente de testes voluntários de HIV e malária. Os profissionais de saúde atenderam ainda pacientes com várias queixas,desde dores nas articulações a dores de barriga, e prestaram serviços de oftalmologia.