A Ordem dos Médicos de Moçambique está preocupada com o número de profissionais infetados com o coronavírus no Hospital Central de Maputo, a maior unidade sanitária do país. E pede melhores condições de trabalho.
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Ao todo foram diagnosticados 350 profissionais com Covid-19, desde o início da pandemia. Há numerosos profissionais infetados que não podem trabalhar no maior hospital de Moçambique, confirmou Mouzinho Saíde, diretor do Hospital Central de Maputo.
"Temos cerca de 100 profissionais que não estão a trabalhar por estarem infetados, e temos mais de 250 recuperados". O responsável adiantou que há o risco de não ser possível atender adequadamente os doentes "se nós continuarmos a ter este nível de infeção".
O bastonário da Ordem dos Médicos de Moçambique, Gilberto Manhiça, diz à DW África que a infeção de mais de 300 profissionais de saúde é preocupante.
"Temos de averiguar por que estas infeções estão a ocorrer, para darmos a resposta apropriada. O desejável e o expectável para aquilo que são as condições que devem ser otimamente criadas é que essas infeções não ocorram", acrescentou Manhiça.
Faltam equipamentos de proteção
A ordem aponta como possível causa para o alto número de infeções entre os profissionais de saúde a falta de material de proteção. Médicos, enfermeiros, técnicos e pessoal auxiliar estão numa situação de alto risco porque, diz a ordem, reutilizam materiais médicos nos cuidados intensivos.
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Gilberto Manhiça apela ao fornecimento urgente de mais material de proteção para o pessoal que está na linha da frente no combate à Covid-19. Admitindo que não há maneira de evitar a 100% o contágio de pessoal médico, Manhiça insiste que é necessário "equipamento de proteção à altura para qualquer membro das equipas de trabalho, justamente para prevenirmos que estas infeções possam ocorrer".
O bastonário acrescenta: "Preocupa-nos bastante que os números tenham chegado a esta extensão."
Apelo aos moçambicanos para cumprirem as regras
Helena Chaquisse, enfermeira-chefe no Hospital Central de Maputo, reconhece que a situação está a ficar descontrolada.
"A direção está a fazer esforços para dar equipamento para a proteção individual, aumentar o número do pessoal para lutarmos contra esta pandemia. Tem sido um desafio cada dia que passa e estamos aqui para trabalhar", disse.
Para continuar a garantir um bom atendimento aos doentes, todos os cuidados são poucos, afirma o médico Jorge Mambo, que apela aos moçambicanos para que cumpram à risca as medidas de prevenção.
"Porque a Covid é uma doença que mata e que preocupa tanto os dirigentes como o Ministério da Saúde. Vamos todos colaborar de modo a que a gente vença a doença", disse Mambo.
Moçambique contabiliza atualmente mais de 10 mil casos ativos de Covid-19, a maioria na cidade de Maputo. O número total de casos desde o início da pandemia ultrapassa os 30.000, com 283 óbitos. Embora os números continuem relativamente baixos, um segundo surto desde o início do ano fez disparar os casos em flecha.
Covid-19: Cuidados de higiene em áreas de risco
Como manter os cuidados de higiene em campos de refugiados e bairros de lata é um grande desafio na pandemia. Mas alguns países e organizações estão a lutar para manter esses locais seguros e limpos.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Pilick
Zâmbia
Algumas pessoas ficam semanas sem acesso à água potável em muitas partes do mundo. O vale de Gwembe foi profundamente afetado pela seca nos últimos dois anos. Atualmente, o UNICEF está a apoiar a reabilitação e a perfuração de 60 poços para reforçar a lavagem das mãos nos pontos de distribuição de água durante a pandemia do novo coronavírus.
Foto: UNICEF/UNI308267/Karin Schermbrucker
Quénia
Várias estações de água foram instaladas em locais públicos do Quénia para fornecer a água limpa à população. Em Nairobi, para impedir a propagação da Covid-19, um menino segue as instruções de como lavar as mãos adequadamente numa estação de água em Kibera.
Foto: UNICEF/UNI322682/Ilako
Iémen
O Iémen abriga cerca de 3,6 milhões de pessoas deslocadas internamente. Com grande parte do seu sistema de saúde e saneamento destruído pela guerra, esses deslocados são altamente vulneráveis ao novo coronavírus. Voluntários treinados pelo UNICEF estão a orientar a população sobre como evitar que a doença se espalhe.
Foto: UNICEF/UNI324899/AlGhabri
Síria
A Síria enfrenta um problema semelhante ao entrar no seu décimo ano de guerra. Milhões de sírios vivem em campos de refugiados, como o campo de Akrabat, perto da fronteira com a Turquia. Para explicar às famílias sobre os riscos do coronavírus, os funcionários da ONU visitam os campos e usam bonecos feitos à mão para falar sobre os perigos da Covid-19.
Foto: UNICEF/UNI326167/Albam
Filipinas
Os efeitos a longo prazo dos desastres naturais também são um fator de risco. Nas Filipinas, as casas de banho públicas, como as vistas aqui, num centro de evacuação na cidade de Tacloban, tornaram-se um terreno fértil para a propagação do vírus. O saneamento tornou-se ainda mais crucial. A região sofre com os efeitos posteriores do tufão Haiyan há anos.
Foto: UNICEF/UNI154811/Maitem
Jordânia
Kafa, de 13 anos, volta à caravana da sua família carregando um grande recipiente de plástico cheio de água que ela acabou de coletar num ponto de abastecimento comunitário. As mulheres no maior campo de refugiados da Jordânia agora estão a fabricar sabão com materiais naturais para as famílias necessitadas.
Foto: UNICEF/UNI156134/Noorani
Índia
Na Índia, as pessoas são incentivadas a costurar máscaras em casa. Isso também gera dinheiro, especialmente para mulheres que vivem em áreas rurais. Estas mulheres costuram máscaras no centro de Bihar, na GOONJ, uma ONG situada em vários estados indianos, que disponibiliza socorro, ajuda humanitária e desenvolvimento comunitário.
Foto: Goonj
Bangladesh
Voluntários de vários grupos de pessoas com deficiência também se envolvem ativamente na distribuição de desinfetantes pela cidade de Dhaka. Roman Hossain distribui desinfetantes e informa outros membros da sua comunidade sobre a importância de lavar as mãos regularmente.
Foto: CDD
Guatemala
Há uma necessidade urgente de reduzir os impactos da crise da Covid-19 em Huehuetenango, na Guatemala, para além da crise alimentar já existente, causada pela seca de 2019. As comunidades indígenas esperam todos os dias para coletar seus alimentos e kits de higiene básica, onde também obtêm informações e recomendações para prevenir a Covid-19 nos idiomas locais.