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Moçambique sobe no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU

Cristina Krippahl24 de julho de 2014

O relatório do Índice de Desenvolvimento Humano de 2014 mostra que o crescimento económico em Angola e Moçambique é elevado. Tirando Cabo Verde, todos os PALOP continuam com desenvolvimento humano mais fraco.

Vendedora informal no mercado de São Paulo, LuandaFoto: DW/C. Vieira Teixeira

Rogério Roque Amaro, especialista em questões de desenvolvimento do Centro de Estudos Internacionais (CEI) em Lisboa, diz que é preciso ter em conta que países potencialmente ricos como Angola e Moçambique "ao nível da educação e saúde os seus progressos são ainda muito limitados, isso tem a ver com a questão das desigualdades e da distibuição de rendimentos."

Para o especialista "o facto de haver uma concentração que gere economias de rendas associadas a determinados setores. E é o caso típico em que o crescimento económico, não é acompanhado de ganhos em termos de desenvolvimento social e humano nas outras áreas do bem estar das populações."

Rogério Amaro explica que se trata de um "duplo desequilíbrio" entre a economia e o resto, mas também dentro da economia.

O crescimento em Angola e Moçambique depende exclusivamente da exploração de matérias primas, não havendo um desenvolvimento equivalente nas áreas da indústria, da agricultura e dos serviços.

Enquanto as posições da Guiné-Bissau e de São Tomé e Príncipe se mantêm quase iguais, Moçambique ainda assim conseguiu passar da posição 185 para a 178 no Índice de Desenvolvimento Humano, abandonando o lugar que detinha entre os três piores.

Educação é o segredo

Ragendra de Sousa, economista moçambicanoFoto: DW/R. da Silva

O economista moçambicano Ragendra de Sousa admite que o seu país continua a ser pobre. Mas ele lembra que "o relatório reconhece bem que há um esforço grande para melhorar as componentes do índice de desenvolvimento. Veja que nestes últimos 10 ou 15 anos conseguimos fazer subir a esperança de vida. Também é bem verdade que o esforço de massificar a educação."

Estes ganhos, diz Regendra de Sousa, não ilibam Moçambique de aplicar as receitas do PNUD, entre as quais a introdução de politicas de pleno emprego, necessárias por causa do elevado número de jovens sem trabalho: "Este é um desafio obrigatório, se queremos ter sociedades mais ou menos coesas e estáveis esta tem de ser a prioridade número dois, porque a número um é a formação do capital humano. Voltamos outra vez a bater na educação e saúde."

O relatório do PNUD insiste também na necessidade de investir na proteção social das populações.

O paradoxo

Vendedores de rua na cidade de Nampula, MoçambiqueFoto: DW/Madalena Sampaio

O especialista Rogério Roque Amaro explica que em países africanos, nomeadamente nos PALOPs, a economia informal funciona como sistema de emprego e proteção social, às vezes até mais eficaz que o Estado: "Mas isso não é razão, mais uma vez, para que o Estado não prossiga com uma política social que aumente a proteção social das suas populações."

No conjunto dos PALOP, Cabo Verde assume um papel especial. Este ano subiu para o lugar 123 no ìndice de Desenvolvimento Humano. E é o único PALOP considerado de desenvolvimento médio e não baixo, como os outros.

Mas está longe da sua melhor classificação - 118 em 2009. Rogério Roque Amaro diz que o país está a pagar o preço do sucesso: "Esse sucesso a esses vários níveis levou a criação de uma classe média e média alta que gerou um novo riquismo em Cabo Verde e as consequências do ponto de vista da fratura social na sociedade cabo-verdiana neste momento há disparidade."

Mas o analista também reconhece que grande parte das dificuldades de Cabo Verde se deve a ter sido negativamente afetado pela crise financeira económica europeia dado o forte relacionamento mantém com os parceiros europeus.

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