Sociedade moçambicana apela aos jovens a não aderir à guerra
6 de junho de 2014Em Moçambique foram lançados vários apelos à paz mas essas mensagens não parecem ser suficientes para o governo e a RENAMO, principal partido da oposição, acabarem com o conflito. As organizações que representam o povo já realizaram reuniões, seminários, debates e cerimónias religiosas, na tentativa de devolver a paz ao país. Mas estes esforços não estão a surtir os efeitos desejados. As organizações da soceidade civil arranjaram outras formas visando travar o conflito armado.
Não às armas
O reverendo Dinis Matsolo diz mesmo que a melhor estratégia deverá ser a mobilização dos jovens a não aceitar pegar em armas. “Os políticos são os fazedores da guerra. Eles agitam pessoas para irem à guerra. Eles próprios não vão”, afirma.
Para evitar que o conflito se generalize, Dinis Matsolo, avança com a sugestão de se trabalhar com as comunidades para que não aceitem a guerra. A ideia é tentar incutir na mente dos jovens, principal alvo dos políticos, a não pegar em armas.
“Os jovens que são muito manipulados por essas questões todas [deviam ser convencidos a] recusarem matar outrem, considerando que a outra pessoa é feita à imagem de Deus, é como se fosse ele. Então se isso acontesse, ninguém há-de ir para a guerra porque nenhum político há-de ir à guerra sozinho. Ele quer o suporte da comunidade. Se a comunidade diz ‘Não! Tudo menos guerra!’ vamos encontrar uma forma de resolver as questões. Vamos dialogar”, apela o reverendo.
É com o diálogo que as organizações da sociedade civil querem resolver o problema de Moçambique. Aliás, o reverendo Dinis Matsolo acredita que o país nem devia ter chegado a este extremo, e considera que os conflitos atuais refletem insensibilidade.
Mensagens claras
A outra estratégia que a sociedade civil avança para tentar travar o conflito em Moçambique é direcionar as mensagens de apelo à paz. Anastácio Matavele do Fórum das Organizações Não-Governamentais em Gaza, no sul do país, refere que as mensagens em si de apelo a paz só têm destinatários invisíveis. “Precisamos de criar mensagens específicas para a RENAMO ". No sentido de fazer exigências de forma clara, para ambas as partes envolvidas no conflito.
A paz em qualquer parte do mundo não deve estar condicionada nem deve ser discutida, diz Matavele. É preciso agora mobilizar a sociedade a ter a mentalidade da paz.. “Isso perssupõe que as pessoas percebam que ninguém está autorizado a impor a sua vontade sobre a vontade das pessoas que devem viver em paz.”.
Entretanto os conflitos continuam. A RENAMO anunciou o fim do cessar fogo que havia decretado em maio último e os ataques voltaram a matar, no troço que liga Muxungué (Sofala) a rio Save (Inhambane).