ONG nacionais e internacionais sensibilizam os moçambicanos em locais de aglomerados populacionais, como mercados e terminais de Maputo. O objetivo é informar e distribuir máscaras contra o novo coronavírus.
Publicidade
No terminal de transporte semicoletivo de passageiros, no bairro do Albazine, a 20km do centro de Maputo, os motoristas e cobradores recebem máscaras para se protegerem da pandemia de coronavírus.
A Fundação de Caridade Tzu Chi, associada ao Conselho Económico e Social da ONU, está a distribuir o material. Dino Foi, diretor-executivo da fundação, explica que "são muitas pessoas expostas" naquele local e, por isso, faz-se necessária a ação.
"Então, hoje [segunda-feira, 13 de abril] estamos aqui preparados para dar em 200 carros que hão de ser mais ou menos 400 máscaras", acrescentou.
Depois de o Governo ter autorizado o uso massivo da máscara, o motorista de chapa Armindo Macie deixou um aviso aos utentes, após receber o material no terminal do Albazine: "Sem máscara não podem entrar no carro". E assegurou: "Cada viagem que fazemos obrigamos aos utentes a pôr máscara".
Apelos nos mercados
O CIP, Centro de Integridade Publica, também não tem mãos a medir e está a desencadear campanhas de sensibilização nos mercados da capital.
A organização publicou inclusivamente, na sua página do Facebook, um apelo ao uso massivo de máscaras de fabrico local porque, segundo o diretor-executivo da organização, Edson Cortez, o nível de conhecimento sobre a doença é básico.
"E muitos cidadãos que estão nos mercados, nos aglomerados de pessoas, ainda gozam da probabilidade de essa pandemia atingir-nos nas dimensões que está a atingir países mais desenvolvidos que Moçambique", avaliou Cortez, que acredita que "se deve fazer maior trabalho na prevenção para que as pessoas tenham noção do quão grave é este problema".
Bairros periféricos e zonas rurais
O Fórum Mulher, uma organização de defesa da mulher e rapariga, sentiu a necessidade de incidir as suas campanhas nos bairros periféricos e nas zonas rurais para evitar a propagação da Covid-19.
O trabalho tem sido fácil porque, diz a diretora-executiva da organização, Nzira de Deus, a organização usa o megafone numa viatura, mas não só.
"Formações em grupos restritos junto com o MISAU sobre medidas de prevenção, mas também sobre os cuidados a ter caso se constate que que alguém na família está a padecer desta doença ou apresenta os sintomas", ressaltou a diretora.
Em alguns municípios como Matola, Chimoio, Beira e a capital, Maputo, as autoridades estão a desinfetar locais de aglomerados para evitar a propagação do novo coronavírus, causador da Covid-19.
Mercados de Nampula são perigo à saúde pública
Mercados de Nampula são um perigo à saúde pública - alguns não possuem sanitários. Apesar dos esforços dos governantes em alguns locais, muitos vendedores enfrentam mau cheiro para garantir o seu sustento.
Foto: DW/S. Lutxeque
Hipotecar a saúde a favor da sobrevivência
Fátima Sualehe é vendedeira de hortícolas no mercado da Padaria Nampula. Ela desenvolve esta actividade há mais de dois anos, quando se separou do seu esposo. Aqui, ela enfrenta o cheiro ruim produzido pelas águas negras. Mas "é para garantir o sustento dos meus cinco filhos", disse a vendedeira de espinafre.
Foto: DW/S. Lutxeque
Espaço dos CFM transformados em mercado
Nos 18 bairros que a cidade de Nampula tem a apetência de vender, aliada ao desemprego, acarreta no aumento da actividade comercial. Isso faz com que mesmo lugares impróprios sejam ocupados pelos vendedores. Um desses lugares é o recinto dos "Caminhos de Ferro de Moçambique", onde está instalado o famoso "Mercado da Padaria Nampula".
Foto: DW/S. Lutxeque
Nas ruas da cidade
A cidade de Nampula está a ficar praticamente sem ruas e passeios. Nestes locais, vendedores encontram maior atrativo para a prática comercial. "Nos mercados não há muitos clientes, por isso a aproveitamos esses locais para vender nossos produtos e ganhar dinheiro", justificam quase todos os vendedores "assaltantes das ruas".
Foto: DW/S. Lutxeque
"Reciclar" consumíveis e vender
Todas as manhãs, mulheres e crianças escalam o mercado grossista do Waresta, o maior estabelecimento comercial de venda a grosso e a retalho. Nem todos vão para vender, muito menos comprar os produtos. Aproveitam-se da chegada e descarregamento dos camiões de grande tonelagem, transportando produtos, para selecionar os que não estão em decomposição e postereriormente colocá-los nas bancas.
Foto: DW/S. Lutxeque
Lixo e locomotivas
A luta pela sobrevivência de milhares dos moçambicanos, sobretudo os residentes na província mais populosas do país, já está a causar prejuízos e acidentes ferroviários. Os vendedores acumulam lixo e até chegam a embaraçar as locomotivas. As autoridades municipais falam em transferência dos vendedores, enquanto as empresas ferroviárias não param de sensibilizar os vendedores para o abandono.
Foto: DW/S. Lutxeque
Insuficiência de sanitários públicos
Muitos mercados da cidade de Nampula não tem sanitários públicos. Um dos maiores mercados é o da Padaria Nampula, no centro da cidade. Para atender as necessidades biológicas, os vendedores que ficam quase todo o dia a praticar a actividade comercial fazem as necessidades ao relento, mesmo no recinto dos estabelecimentos comerciais.
Foto: DW/S. Lutxeque
Sanitários em abandono
Enquanto muitos estabelecimentos comerciais não possuem sanitários públicos, no mercado grossista do Waresta existem dois desses melhorados, construídos pelas autoridades. Mas, de acordo com os gestores dos mesmos, os vendedores preferem fazer suas necessidades biológicas ao relento, distanciando de pagar uma taxa de 10 meticais por cada vez que necessitam.
Foto: DW/S. Lutxeque
Mercados a céu aberto
Apesar dos esforços da edilidade, reconhecido pelos munícipes, a cidade, que ainda ostenta o título da terceira maior de Moçambique, tem alguns dos seus mercados com aspetos rurais. Há muitos mercados e bancas a céu aberto, e outros de construção precária. Em tempos chuvosos, os vendedores vivem à deriva.
Foto: DW/S. Lutxeque
Partidarização dos mercados
Os partidos políticos na cidade de Nampula também procuram ganhar protagonismo através de propagandas baratas. Em quase todos os mercados da periferia existem bandeiras dos três partidos políticos com assento parlamentar (RENAMO, FRELIMO e MDM). A situação agudizou-se no período das campanhas eleitorais, mas até agora nenhum partido removeu os seus materiais de propaganda.
Foto: DW/S. Lutxeque
Esforços da Edilidade
O Conselho Municipal de Nampula, liderado por Paulo Vahanle, tem, apesar das dificuldades financeiras que herdou do antigo Governo (quando assumiu o poder depois das eleições intercalares) se esforçado para melhorar os mercados. Um deles é o mercado do Waresta, o maior da cidade, que está a beneficiar-se das obras de reabilitação.
Foto: DW/S. Lutxeque
Mercado Novo
O Mercado Novo, localizado no centro da cidade, é o primeiro e mais organizado. Aqui não existe lixo no chão, muito menos degradação. Há lojas organizadas e com sistema de escoamento de águas negras. Está localizado a pouco mais de 200 metros do edifício da edilidade, e a menos de cem metros do Mercado Central. Foi criado no Governo de Mahamudo Amurane, edil já falecido.