Moçambique: Surto de cólera em Tete controlado?
17 de fevereiro de 2023Nas zonas onde foram registados os primeiros casos, a situação é tida como minimamente sob controle. Mas, entretanto, foram registados surtos em novos distritos, acrescentando ao número de casos, que subiram para mais de 800, informam as autoridades de saúde em Tete.
As autoridades governamentais não descartam a possibilidade de haver casos da doença e até mesmo óbitos comunitários sem qualquer registo.
Na capital provincial foram montadas tendas de tratamento exclusivo de doenças diarreicas e da cólera em todas as unidades sanitárias. Aqui a situação atual é tida como positiva por não haver nenhum internamento, nem casos preocupantes.
A importância da prevenção
O médico Saulino Moniz trabalha no Centro de Saúde Número 2 na cidade de Tete, onde fica o posto de internamento e tratamento da cólera. Destacado para a linha da frente no atendimento de casos, Moniz disse à DW África haver a possibilidade controlar o surto com alguma rapidez devido às companhas comunitárias, mas também pela disponibilidade de insumos médicos para fazer face à situação.
"O mais importante agora é a prevenção" afirma o médico, já que o tratamento está assegurado: "Há tendas equipadas com camas especificas para doenças diarreicas, baldes para todo processo de higienização e em termos de medicamentos, temos todos necessários", garante Moniz.
Entraves ao combate da cólera
Apesar das campanhas de sensibilização das comunidades, o consumo da água dos rios, o fecalismo a céu aberto e as longas distâncias a percorrer para alcançar uma unidade sanitária, são apontados como entraves no combate à cólera.
O técnico de saúde Micael Mangawa, que atende pacientes com cólera, fala de um desafio. Mas também acredita que é possível controlar a situação, desde as comunidades colaborem.
Mangawa diz que a gravidade do estado dos pacientes varia e depende muito da rapidez com que alcançam as unidades sanitárias. "Assim que chegam damos os primeiros cuidados. Tentamos estabilizar os doentes e, quando é necessário interná-los, dependendo da situação, ficam entre três e quatro dias", relata.
População deve cooperar
O governador da província de Tete, Domingos Viola, considera a situação preocupante. Viola salienta que a população é uma peça fundamental para vencer a doença e travar a circulação do vibrião colérico.
O que é certo, diz, é que não se pode continuar assim. "Vamos mudar o nosso comportamento, vamos cumprir com aquelas medidas básicas de higiene pessoal e coletiva", exige, afirmando que só assim será possível "prevenirmo-nos desta doença".