Casamentos precoces preocupam a Rede da África Austral Contra Tráfico de Crianças. Só em 2016 mais de meio milhão das raparigas casaram antes dos 18 anos e 1500 tiveram filhos antes da idade recomendada, de 18 anos.
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Segundo o relatório de 2016 da Rede da África Austral Contra Tráfico de Crianças (SANTAC), organismo que combate casamentos prematuros, cerca de 680.000 meninas contraíram matrimónio antes de completarem 18 anos de idade. Moçambique é um dos países com taxas mais altas a nível mundial de casamentos precoces, ocupando o 11º lugar, e o 2º lugar ao nível da África Austral.
"Os familiares que forçam as raparigas a casarem antes de completarem os 18 anos deviam pensar mais no futuro das jovens", afirma Constantino Júnior, Oficial de programas na organização não-governamental Rede Homens para e Mudança (HOPEM).
Júnior defende que "deveriam ter um pouco de paciência, não usar a filha como um investimento a curto prazo para poder ganhar dinheiro. A Rapariga quando casa antes dos 18 anos, não é só a gravidez. Temos muitos casos de raparigas que tiveram complicações de saúde e acabaram morrendo, como é caso da fístula que é consequência de casamentos prematuros, má formação dos bebés porque elas [raparigas] são menores e os órgãos reprodutores ainda não estão completamente desenvolvidos. É uma criança que nem cuidar dela consegue, é impossível”.
Futuro comprometido
Segundo especialistas, os casamentos precoces têm influenciado negativamente os esforços para a redução da pobreza e o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), uma vez que as raparigas são obrigadas a abandonar a escola.
Aldizarda Mboa, aluna de 15 anos de idade e residente no distrito de Morrumbene, disse à DW África que se recusa a casar antes do tempo porque sabe das consequências negativas: "Estou a dizer que não quero porque eu ainda não tenho 18 anos. Se me casar será a sério", concluiu.
Um lenço para todas as ocasiões
Coloridos ou simples, no casamento ou no enterrro - as mulheres africanas têm um lenço de cabeça para cada ocasião. Para muitas ele é parte integrante da roupagem. Veja aqui exemplos de toda a África.
Foto: DW/T. Amadou
Proteção contra os espíritos maus
A moda do lenço de cabeça em África tem muitas facetas. Há inúmeras formas de atar o pano e muitos tecidos por onde escolher. Muitas mulheres no Burkina Faso dizem que o lenço não protege apenas da chuva, mas também dos espíritos maus. E todas gostam de ser cumprimentadas, porque os lenços são mesmo espectaculares.
Foto: DW/R. Tiene
Dia e noite
"Adoro o meu lenço de cabeça", diz a queniana Winnie Kerubo. "Sinto-me mais respeitada quando o uso. Sem o meu lenço, por vezes não me sinto nada confortável". A jornalista de 21 anos, de Mombasa, tem um lenço para cada ocasião: em casa, no trabalho, para casamentos e até para dormir – para manter o penteado em forma.
Foto: DW/E. Ponda
Identidade muçulmana
"Uso o lenço porque é a expressão da minha identidade muçulmana. Penso que é muito bonito e uso-o sempre que saio de casa", diz Adisa Saaki, da capital ganiana, Accra. A mãe da modista de 23 anos ensinou-lhe a atar os lenços com rapidez e facilidade.
Foto: DW/I. Kaledzi
Tradição africana
"As mulheres senegalesas são famosas pela elegância", diz Aissata Kane. O lenço de cabeça é uma contribuição importante para esta elegância, porque combina muito bem com a roupa africana ou ocidental, afirma. Ela própria é muçulmana, mas salienta: "Usar lenço de cabeça é uma tradição africana – não só das mulheres muçulmanas!"
Foto: DW/M. Alpha Diallo
Nunca sem lenço
Na Nigéria há centenas de maneiras de atar um lenço de cabeça. Para muitas mulheres trata-se de um acessório da moda. "Uso lenço de cabeça para ficar mais bonita", diz Mairo Buba, de 50 anos, do estado federado de Adamawa, no nordeste da Nigéria. Ramatu Shu'abu, de 21 anos, concorda: "Uma mulher que não usa lenço para completar a roupagem não fica bem".
Foto: DW/Abdul-Raheem Hassan
Símbolo de maioridade
Fátima Assimuna tem 38 anos e vive em Pemba, no norte de Moçambique. A empregada doméstica gosta de usar lenços de cabeça, porque está "habituada a que as mulheres os usem, por tradição". Para Fátima Assimuna o lenço faz parte da beleza feminina. "Aprendi a atar e usar lenços durante os ritos de iniciação à idade adulta".
Foto: DW/E. Silvestre
De menina a senhora
"Cada vez mais mulheres usam lenço de cabeça em Accra", diz Junita Sallah do Gana. "Penso que o lenço acentua a beleza da mulher. Com lenço sinto-me como uma senhora". A jornalista multimédia de 27 anos tem um lenço de cabeça à mão em qualquer ocasião.
Foto: DW/I. Kaledzi
Um lenço para mulheres casadas
Bongi Khumalo vende recordações na praia da cidade sul-africana de Durban. O seu lenço de cabeça mostra que é uma mulher zulu casada. "O lenço dá-me dignidade", diz a comerciante de 65 anos. Mas nas grandes cidades como Durban já há muitas mulheres zulus que não usam mais lenço.
Foto: DW/S. Govender
Parte do vestido de noiva
Este lenço de cabeça é muito especial para Nana Ama Akyia Barnieh, porque o vai usar no seu casamento. Na cultura akan do Gana, o lenço de cabeça é um sinal que uma mulher quer casar ou ter filhos. "Gosto do lenço porque salienta esta componente cultural da minha personalidade", diz Nana Ama.
Foto: DW/I. Kaledzi
Nobre e valioso
Azahra Shawurgi tem 18 anos e vive na região de Agadez, no Níger. "Comecei a usar lenço aos 15 anos", lembra-se. "Nesse dia fizemos uma grande festa". As mulheres tuaregues no Níger usam o lenço em ocasiões muito especiais, por exemplo, nas festas islâmicas. "Os lenços são muito caros, um custa 100 euros", conta uma das mulheres.