A visita a Moçambique de Serguei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, visa estreitar os laços económicos entre os dois países.
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O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, visitou Moçambique nesta quarta-feira (07.03) e foi recebido pelo Presidente da República, Filipe Nyusi. Além do encontro com o chefe de Estado, o ministro russo foi recebido pelo homólogo moçambicano José Pacheco. O périplo de Lavrov inclui ainda Angola, onde ele esteve na segunda-feria (05.03), Zimbabué e Etiópia.
Em Moçambique, os ministros chegaram a um acordo sobre como sanar a dívida do país com o banco russo VTB, faltando apenas questões técnicas que estão a ser trabalhadas. Trata-se da dívida com o banco russo contraída de forma oculta em 2013 e 2014. O VTB emprestou 535 milhões de dólares à empresa moçambicana Mozambiqure Asset Management (MAM), valor que corresponde a uma parte dos dois mil milhões de dólares de dívidas ocultas.
Moçambique tenta sanar dívida oculta com banco russo VTB
O anúncio foi feito pelo ministro dos negócios estrangeiros de Moçambique, José Pacheco, na esteira da visita do chefe da diplomacia russa, Serguei LAvrov. "Esteve cá o diretor geral do banco russo e trabalhou com os setores pertinentes nesta área e há entendimento sobre como sanar a dívida”, afirma.
Em relação aos negócios das empresas russa Rosneft e a americana ExxonMobil, que operam na área de hidrocarbonetos em Moçambique, Pacheco deixou claro que não há interferências políticas. "Efetivamente as matérias devem ser tratadas entre os parceiros, mas Moçambique continua interessado com a Rússia no campo de energia, nos recursos naturais incluindo os hidrocarbonetos. Portanto, há espaço de cooperação, tendo em conta o interesse de Moçambique e que e que tem reciprocidade por parte da Rússia”, explica.
Liberdade política
O chefe da diplomacia russa Serguei Lavrov também defendeu a não interferência política em negócios das empresas americana e russa que operam em Moçambique. "Em Moçambique e em toda a parte do mundo, nós defendemos que interesses económicos não devem ser definidos por assuntos políticos e vamos pensar que este princípio vai ser prioridade aqui”, explicou Lavrov.
Para estreitar os laços bilaterais entre Moçambique e Rússia, os dois países decidiram criar uma comissão intergovernamental bilateral para atingir esse objetivo. A comissão mista, segundo o chefe da diplomacia moçambicana, José Pacheco, deverá criar mecanismo para uma cooperação económica, técnica, militar e científica.
Cooperação bilateral
José Pacheco destacou a preparação de vários instrumentos legais que irão preconizar o reforço da cooperação bilateral a partir de abril deste ano. "Moçambique e Rússia estão alinhados na cooperação económica, envolvendo o setor empresarial para as mais variadas áreas de atividade, na área pesqueira e na produção de diversos artigos de que Moçambique tem como potencial”, destacou.
Para o analista político Gustavo Mavie, a cooperação entre os dois países não surpreende a ninguém. O analista destacou a existência de interesses russos e americanos em Moçambique. "Semana passada estava a ver o Putin a dizer que África é mais rica que Europa, então a China quer, os EUA também. Todos eles querem esses recursos”, conclui.
Maputo: Várias construções públicas são obra de empreiteiros chineses
Estradas, viadutos e edifícios estatais - são algumas das grandes infra-estruturas públicas financiadas pelo Governo chinês e que foram construídas na capital moçambicana. Foram também adjudicadas a empresas chinesas.
Foto: DW/Romeu da Silva
Aeroporto Internacional de Maputo
O Aeroporto de Maputo obedece aos padrões internacionalmente aceites para receber todo o tipo de aviões e consta da lista das mais modernas infra-estruturas aeroportuárias de África. Em 2010, altura em que foi construído, esperava-se que aterrassem aqui as seleções que iam competir no Mundial de Futebol da África do Sul, o que acabou por não acontecer. Custou 75 milhões de dólares.
Foto: DW/Romeu da Silva
Estrada Circular de Maputo
Em 2011, o Governo moçambicano e o Governo da República Popular da China lançaram, em conjunto, o projeto “Estrada Circular de Maputo”, com o intuito de aliviar o trânsito na capital moçambicana. As obras começaram em 2012 e custaram 315 milhões de dólares, dos quais 300 são um empréstimo do banco estatal China Exim-Bank. A obra foi adjudicada à empresa China Road and Bridge Corporation (CRBC).
Foto: DW/Romeu da Silva
Viadutos
O projeto da Estrada Circular contemplou também a construção de várias pontes, entre elas um viaduto num troço que liga a zona leste de Maputo a Ressano Garcia, na fronteira com a África do Sul. Pretendeu-se proteger a circulação do comboio pelo corredor de Limpopo - crucial para o transporte de carga de e para os países do Hinterland.
Foto: DW/Romeu da Silva
Gloria Hotel
Localizado à beira mar na Avenida Marginal, na capital do país, o AFECC Gloria Hotel possui duas salas de conferências - uma com capacidade para duas mil pessoas e outra para oitocentas - 258 quartos, restaurantes e outros serviços. O investimento total rondou os 300 milhões de dólares, o que faz do Gloria o maior complexo hoteleiro do país.
Foto: DW/Romeu da Silva
Maputo Katambe
É a maior ponte suspensa de África e custou ao Governo moçambicano 700 milhões de dólares num financiamento do Exim Bank da China. O Governo considera a infra-estrutura de extrema importância para Moçambique, uma vez que vai permitir uma melhor circulação de pessoas, cargas e bens entre Maputo e Catembe, bem como a reativação de trocas comerciais com maior frequência.
Foto: DW/Romeu da Silva
Ponte suspensa
Todos os dias o "ferry-boat" faz transporte de passageiros e carga para o outro lado da baía de Maputo. Os passageiros levam horas a fazer a travessia. Mas a construção da ponte Maputo Katambe deverá aliviar este sofrimento apesar das muitas críticas que são feitas à sua construção. Os moçambicanos esperam por ela desde a independência.
Foto: DW/Romeu da Silva
Ministério dos Negócios Estrangeiros
O Ministério dos Negócios Estrangeiros é mais um dos edifícios modernos construídos por empreiteiros chineses na esteira das históricas relações diplomáticas que existem entre os dois países que duram há quase cinquenta anos. Localiza-se na baixa da capital moçambicana.
Foto: DW/Romeu da Silva
Palácio da Justiça
Com 12 andares, o edifício está avaliado em 13 milhões de dólares americanos. Mais um investimento que resulta de um crédito concedido pela China. Aqui encontram-se as secções civis, comerciais e laborais do Tribunal Judicial de Maputo. No mesmo edifício encontram-se ainda o Tribunal de Polícia, o gabinete dos representantes do Ministério Público e, provisoriamente, o Tribunal Supremo de Recurso.
Foto: DW/Romeu da Silva
Procuradoria-Geral da República
Sob a égide da empresa “China National Complete Plant Import & Export Corporation”, esta construção custou 40 milhões de dólares e durou 24 meses. É mais uma das obras cujo orçamento proveio de uma linha de crédito aberta pelo Governo chinês a favor de Maputo, no âmbito dos acordos assinados entre os dois estados, por ocasião da visita, em 2007, do Presidente da China, Hu Jintao, a Moçambique.
Foto: DW/Romeu da Silva
Avenida Marginal
Encontrar estacionamento na cidade nem sempre foi fácil. Havia muito tráfego rodoviário, com a agravante de haver automobilistas em estado de embriaguês. Agora, ao longo da avenida da Marginal, existem muitos espaços para estacionamento das viaturas dos banhistas, mesmo em dias de muito calor que convidam muita gente a deslocar-se à praia.
Foto: DW/Romeu da Silva
Proteção da Praia da Costa do Sol
As obras na Praia da Costa do Sol iniciaram-se em 2012 e custaram 22 milhões de dólares. A degradação da zona costeira permitia que, em momentos de maré alta, as águas galgassem a estrada. Foi por isso resconstruída. A barreira (na imagem) veio resolver o problema de erosão costeira nesta zona.
Foto: DW/Romeu da Silva
Estádio Nacional de Zimpeto
Com capacidade para 42 mil pessoas, das quais 10 mil em zona coberta, o Estádio Nacional situa-se no bairro de Zimpeto, a 14 quilómetros do centro de Maputo, e ocupa uma área de 26 hectares, num total de 46 reservados para a infra-estrutura. A obra, orçada em 70 milhões de dólares, foi também financiada pelo Governo chinês e construída pela Anhui Foreign Economic Construction Group.
Foto: DW/Romeu da Silva
Vila Olímpica
A Vila Olímpica de Zimpeto é composta por 848 apartamentos com infra-estruturas distribuídas por 26,5 blocos. Os edifícios são de quatro pisos, com apartamentos de tipo três, numa área útil de 100 metros quadrados. Em 2011, quando Moçambique organizou os jogos africanos, a Vila albergou todos os atletas que participaram no evento desportivo.