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Transportadores da Zambézia exigem apoio do Governo

21 de julho de 2022

Os transportadores de passageiros da Zambézia queixam-se de não terem sido contemplados nos subsídios anunciados pelo Governo central, depois da subida dos preços dos combustíveis.

Foto: Marcelino Mueia/DW

O Governo de Moçambique anunciou, na semana passada, que vai subsidiar os transportadores semicoletivos urbanos depois das greves em algumas províncias do país, que ocorreram na sequência da subida dos preços dos combustíveis.

Nas cidades de Maputo e da Beira, por exemplo, o subsídio para os transportadores é uma realidade. Na Zambézia, no entanto, os transportadores queixam-se que não receberam qualquer apoio.

"Subsídio? Só ouvimos para Maputo. Parece que não há povo aqui na Zambézia... Eu sinto-me mal, as coisas estão a complicar-se para o passageiro, para o transportador e para o patronato em geral", lamenta António Júlio, transportador de semicoletivos.

Em Quelimane, uma botija de gás custa atualmente 5700 meticaisFoto: Marcelino Mueia/DW

"As novas tarifas não compensam"

Além dos subsídios anunciados, entraram em vigor esta semana as novas tarifas de transportes interdistritais. Desde segunda-feira (18.08), as taxas interdistritais aumentaram pelo menos um euro por passageiro em percursos de 30 ou mais quilómetros.

Porém, vários transportadores da Zambézia afirmam que as novas tarifas não compensam. Isto porque as vias se encontram degradadas em várias rotas rodoviárias, por exemplo, para Maganja da Costa e Pebane.

"Na ida e volta, se não sofrer com as molas e o triângulo é uma sorte", explica Anifo Alifo, transportador na Zambézia. "Pelo menos, se nos facilitassem com a raspagem da via..."

Contactado pela DW África, o presidente da associação provincial dos transportadores rodoviários interdistritais da Zambézia, Santos Ataide, negou comentar o caso. Referiu apenas que a situação é gerida a nível central.

Como é que as pessoas vão viver?

Além dos transportes, muitos cidadãos na Zambézia continuam a lamentar a subida dos preços dos produtos numa altura em que o preço de uma botija de gás de cozinha subiu de 950 para 1300 meticais, o equivalente a 20 euros.

O carvão para cozinha está cada vez mais caroFoto: Marcelino Mueia/DW

Os combustíveis líquidos na Zambézia também saem mais caros do que nas províncias de Maputo, Sofala, Manica e Nampula. Na cidade da Beira, por exemplo, um litro de gasolina custa 86 meticais, enquanto em Quelimane está perto dos 92 meticais, cerca de um 1,40 euros.

Achima Mussa, ativista social na Zambézia, alerta para a gravidade da situação: "O moçambicano vive abaixo de um dólar, com 300 meticais, como é que vai viver? Isto está mau, tem que ser revisto!"

"As mulheres rurais, por exemplo, precisam de ir à machamba, mas [o preço] do transporte subiu. Precisam de transportar comida para casa, mas o transporte está mais caro... E o produto delas vai encarecer."

É a terceira vez que o preço dos combustíveis é reajustado este ano em Moçambique. A subida dos preços dos combustíveis é uma das muitas consequências da guerra da Rússia contra a Ucrânia.

A Rússia é o maior exportador de gás natural do mundo, o segundo maior fornecedor de petróleo bruto e o terceiro maior exportador de carvão. A invasão da Ucrânia não só afetou o setor da energia, como também gerou uma crise alimentar, essencialmente marcada pela subida dos preços do trigo e do milho. 

Pode surgir de África a solução à crise do gás na Europa?

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