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Moçambique: UE já formou mais de 1.650 fuzileiros e comandos

Lusa
4 de maio de 2024

A Missão de Treino da União Europeia em Moçambique (EUTM-MOZ), liderada por Portugal, formou mais de 1.650 militares moçambicanos das forças especiais que já combatem o terrorismo em Cabo Delgado, disse o seu comandante.

Soldados moçambicanos estão a receber apoio de forças especiais europeias
Soldados moçambicanos estão a receber apoio de forças especiais europeiasFoto: Marc Hoogsteyns/AP/picture alliance

"Formamos até o momento um pouco acima dos 1.650 militares especializados em forças especiais, quer fuzileiros, quer de comandos (...). Formamos também já mais de uma centena de formadores", detalhou o brigadeiro-general João Gonçalves, da Força Aérea Portuguesa, que lidera a EUTM-MZ, à margem da cerimónia que antecipou esta sábado (04.05), em Maputo, o dia da Europa (09 de maio).

 "Estamos a capacitar as Forças Armadas de Defesa de Moçambique [FADM] com formadores para serem autónomos e continuarem a manter este ciclo de formação e ciclo de vida das próprias QRF [11 Forças de Reação Rápida já formadas], porque elas têm que ser regeneradas", acrescentou, sublinhando que o treino ministrado é o "considerado adequado" pelas próprias FADM "para o tipo de insurgência" em Cabo Delgado, norte do país.

Os comandos e fuzileiros moçambicanos formados pela EUTM-MOZ já estão no terreno, numa altura em que está em curso a retirada das forças militares dos países da África austral que apoiavam Moçambique no combate ao terrorismo.

"Estamos convencidos que o treino e o número de militares que estamos a treinar é decisivo na abordagem ao conflito em Cabo Delgado", sublinhou, reconhecendo ainda o retorno "bastante positivo" das ações no terreno destes militares.

"As autoridades moçambicanas, os próprios elementos, os militares que temos treinado, têm-se referido com muita apreciação pelo trabalho que temos desenvolvido. É importante notar que isto tem sido uma evolução contínua e nós temos tido a flexibilidade e a capacidade de ir adaptando à medida da evolução, quer do conflito no norte, quer das próprias necessidades das FADM", explicou brigadeiro-general João Gonçalves.

Soldados moçambicanos em Cabo DelgadoFoto: Marc Hoogsteyns/AP/picture alliance

Processo de melhoria contínua

Acrescentou que o treino ministrado pelos militares dos países da União Europeia está "num processo de melhoria contínua".

"O senhor ministro da Defesa [de Moçambique] ainda esta semana teceu comentários bastante elogiosos à atuação das QRF, que correspondem àquilo que são as informações que temos do seu nível de desempenho", disse ainda.

A missão de formação EUTM-MOZ integra 119 militares de 13 Estados-membros, mais de metade de Portugal, mas tem a particularidade de integrar outros dois países, fora da União Europeia, que contribuem com um militar cada, casos da Sérvia e de Cabo Verde.

"Isto é uma prática que estamos a partilhar com as FADM e especificamente nestas unidades de forças especiais, são práticas que lentamente se vão estratificando e passando às outras forças, num processo mais lento, obviamente, mas que vai passando. Ou seja, no fundo, isto contribui para uma melhoria da eficiência global das próprias FADM", enfatizou o comandante da EUTM-MOZ.

Através do Mecanismo Europeu para a Paz, a União Europeia apoiou ainda as Forças Armadas moçambicanas com 89 milhões de euros para a aquisição de equipamento não letal para as unidades treinadas pela EUTM-MOZ, missão com um mandato de dois anos que termina em setembro próximo, estando em curso o processo de decisão política sobre a sua continuidade.

"A revisão estratégica está a decorrer e eu creio que em breve há de ser anunciada a decisão final. Mas Moçambique expressou essa vontade, que nós continuemos, e isso é também um voto de apreço pelo que estamos a fazer e pelas indicações que tenho a União Europeia e os Estados-membros estão a fazer essa apreciação, para tomar uma decisão final muito em breve, provavelmente nas próximas semanas", concluiu o brigadeiro-general João Gonçalves, reconhecendo o "ciclo de partilha" destes quase dois anos e a "simbiose" alcançada com os militares moçambicanos.

Mulheres soldado ruandesas em Moçambique

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