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Mobilização internacional para conter ébola na RDC

Henry-Laur Allik
18 de maio de 2018

Um surto de ébola na República Democrática do Congo, com 25 mortos confirmados, galvanizou a comunidade internacional, que não se esqueceu da catástrofe produzida pela inércia na epidemia de 2014 na África Ocidental.

Foto: Reuters/J. R. N'Kengo

A epidemia eclodiu no início do mês de maio em Bikoro, uma zona rural da República Democrática do Congo (RDC). Mas, entretanto, atingiu Mbandaka, uma cidade com mais de um milhão de habitantes, com um morto confirmado.

Pascal Boteko, médico-chefe do hospital de Mbandaka, afirma-se profundamente preocupado: "As pessoas pensam que só quem tem hemorragias tem ébola. Mas a hemorragia é um sintoma tardio. Outros sintomas são confundidos com o paludismo, que é pandémico na área. Além disso, a nossa comunidade não respeitada medidas elementares de higiene”. Assim, por exemplo, a caça é prática comum na região e as pessoas não desprezam sequer os animais encontrados já mortos. "Esses animais podem estar infetados", disse Boteko à DW. 

Mbandaka situa-se junto ao rio Congo e está ligada a Kinshasa através de numerosas conexões fluviais. Se o vírus chegar à capital com quase doze milhões de habitantes, dificilmente não se repetirá de alguma forma o cenário infernal do surto de 2014 a 2016 na África Ocidental, que matou mais de uma dezena de milhar de pessoas. A comunidade internacional desta vez esforçou-se para reagir rapidamente e impedir que a epidemia se alastre.

Vacina desperta esperanças

A vacina experimental contra o ébola, testada com sucesso na Guiné-Conacri, já chegou à RDCFoto: Reuters/K. Katombe

Uma equipa de médicos que criou uma vacina pioneira encontra-se no terreno na RDC para combater o surto. O epidemiologista Adam Kucharski da "School of Hygiene and Tropical Medicine" em Londres explica: "A vacina provou ser muito eficaz contra esta variante específica do vírus durante a fase experimental na Guiné-Conacri, que é a mesma que agora atingiu o Congo. Foi ela que permitiu que fosse controlado o surto na Guiné-Conacri em 2016".

A vacina foi desenvolvida tarde demais para a epidemia de 2014 que ceifou milhares de vidas na Serra Leoa, Libéria e Guiné-Conacri e afetou fortemente as economias destes países. A comunidade internacional parece ter aprendido a lição, mobilizando-se rapidamente para combater o novo surto e impedir que ele se alastre pelo Congo e a outros países da região.

Reação rápida

A União Europeia, por exemplo, anunciou que colocará um milhão e meio de euros suplementares à disposição da Organização Mundial de Saúde para combater a epidemia. A Comunidade da África Oriental declarou o estado de "alerta máximo" devido à epidemia na RDC, que faz fronteira com cinco dos seus Estados-membros.

O médico epidemiologista alemão Max Gertler saúda a reação, mas adverte: "Sabemos que o vírus é capaz de se alastrar rapidamente. De modo que é essencial agirmos com grande rapidez, implantando todos os instrumentos aprovados à nossa disposição para conter este surto".

Mobilização internacional para conter ébola na RDC

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 Até agora foram confirmados 45 casos de ébola, mas os peritos avisam que é impossível saber se o vírus já chegou a outras áreas. A RDC é um país de grandes dimensões com uma população extremamente móvel. Está por ser provado que as medidas de contenção e quarentena em curso bastam para combater a epidemia.

Axelle Ronsse, Coordenadora de Emergências da organização não governamental Médicos sem Fronteiras, admite: "É mais fácil conter o surto numa pequena aldeia remota. Numa grande cidade é mais complicado, mas é o que estamos a tentar fazer agora”. 

Mas Ronsse mostra-se optimista, salientando que a situação na África Ocidental era completamente diferente da de hoje na RDC: "Ninguém sabia nada sobre o ébola e o surto começou nas grandes urbes, alastrando-se muito depressa. Aqui no Congo as autoridades estão cientes do que se passa”.

 

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