O caso de alegada agressão de Grace Mugabe, mulher do Presidente do Zimbabué, a uma modelo sul-africana voltou à barra da justiça esta terça-feira (19.09).
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A modelo Gabriella Engels foi à justiça pedir o levantamento da imunidade diplomática, obtida pela primeira-dama Grace Mugabe mesmo após as acusações de agressão contra a jovem de 20 anos.
Os advogados de Gabriella Engels e a organização não-governamental sul-africana AfriForum somam esforços junto da justiça para suspender a imunidade diplomática de Grace Mugabe.
"Sabemos que será um combate difícil, mas estamos preparados para a batalha. Acreditamos que a justiça vai prevalecer", afirmou à imprensa Debbie Engels, a mãe da modelo sul-africana.
Gabriella Engels alega que a esposa do Presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, a feriu com uma ficha elétrica num hotel em Joanesburgo, em meados de agosto.
Seguiu-se uma queixa pública em que Gabriella Engels e críticos do Presidente do Zimbabué pediram a detenção e a abertura de um processo contra Grace Mugabe. Contudo, num processo controverso, as autoridades sul-africanas atribuíram-lhe imunidade diplomática e a primeira-dama do Zimbabué deixou o país.
Críticas à imunidade diplomáticaO caso teve forte repercussão pública e estremeceu as relações diplomáticas entre o Zimbabué e a África do Sul.
A organização não-governamental AfriForum, que normalmente apoia trabalhadores brancos na África do Sul, critica a decisão da justiça de ter concedido imunidade diplomática à primeira-dama do Zimbabué.
"Grace Mugabe estava na África do Sul por motivos privados, devido a cuidados médicos. Durante essa visita privada, ela cometeu um crime", que é "considerado um crime grave, à luz do direito internacional", afirmou Willie Spies, advogado da AfriForum.
Também o principal partido da oposição sul-africana, a Aliança Democrática, se opõe à imunidade de Grace Mugabe, apelando ao Tribunal Constitucional para que rejeite.
Por outro lado, a embaixada do Zimbabué na África do Sul argumenta que o pedido da defesa de Gabriella Engels não está de acordo com a lei.
Grace Mugabe conta outra históriaÀ imprensa, Grace Mugabe defendeu-se dizendo que foi a modelo que a tentou agredir, que estava "bêbada" e que tinha uma "faca" na altura do incidente.
20.09.17Modelo agredida por Mugabe contra imunidade diplomática da primeira-dama - MP3-Mono
Mas, Debbie Engels, a mãe da modelo sul-africana, refutou a primeira-dama. "Não sei como ela chega ao ponto de acusar a minha filha de a atacar com uma faca quando quando ela [Grace Mugabe] tem tantos guarda-costas que a rodeiam permanentemente", criticou.
Grace Mugabe é apontada como a possível sucessora do Presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, que tem 93 anos de idade.
Após horas de audiência, esta terça-feira (19.09), em que várias pessoas foram ouvidas, o processo continua e pode durar meses até que seja concluído.
Primeiras-damas em África: O amor ao poder
Não são eleitas pelo povo, mas têm muito poder. Algumas têm mesmo ambições presidenciais. Apresentamos-lhe algumas primeiras-damas africanas.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Hutchings
Exuberante: Ana Paula dos Santos
Ana Paula dos Santos trabalhou como modelo e hospedeira de bordo. Conheceu o marido, o Presidente angolano José Eduardo dos Santos, a bordo do avião presidencial. Alguns gostam dela pelo seu empenho em causas femininas e infantis, outros criticam-lhe o estilo de vida luxuoso.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Novais
De ridicularizada a temida: Grace Mugabe
Durante muito tempo manteve-se nos bastidores. Teve dois filhos de Robert Mugabe quando ele ainda era casado com a primeira mulher. Só após a morte desta é que o Presidente casou com a sua antiga secretária. Hoje Grace Mugabe tem muita influência no partido no poder. Ainda que o negue, Grace, de 51 anos, é tida como sucessora do seu marido de 92 anos.
Foto: Getty Images/AFP/A. Joe
Estimada: Margaret Gakuo Kenyatta
Os quenianos adoram a sua primeira-dama. Margaret Gakuo Kenyatta promove campanhas de saúde maternal. A sua campanha para a redução da mortalidade infantil despertou muitas consciências para o tema. Gakuo é tida como modesta e discreta. É filha de um empresário do setor ferroviário e de uma alemã. É casada desde 1991 com o Presidente Uhuru Kenyatta.
Foto: imago/Xinhua
Discreta: Aisha Buhari
Os nigerianos foram surpreendidos pela positiva quando Aisha Buhari disse que respeitaria a Constituição e não se envolveria na política. Depois de ter tomado posse, o seu marido Muhammadu Buhari acabou com o posto de primeira-dama, por ser um desperdício de fundos públicos, inconstitucional.
Foto: Getty Images/AFP/P. U. Ekpei
Mulher fatal? Dominique Ouattara
Dominique Ouattara sempre gostou de se relacionar com os poderosos. Quando conheceu Alassane Ouattara, no final dos anos 80, já tinha feito carreira como agente imobiliária. Através do casamento a empresária de sucesso ascendeu à primeira liga dos poderosos, na Costa do Marfim. Entretanto ocupa-se de questões ligadas aos direitos das crianças.
Foto: Getty Images/AFP/S. Kambou
A eterna primeira-dama: Janet Museveni
Janet Museveni celebra 30 anos como primeira-dama, o que faz dela a mais antiga no cargo no continente africano. Depois da controversa vitória do marido, Yoweri Museveni, em fevereiro de 2016, Janet Museveni deverá permanecer ainda longos anos como primeira-dama. A mãe de quatro filhos é deputada desde 2006 e em 2009 foi nomeada ministra para a região de Karamoja, no nordeste do Uganda.
Foto: Imago/Xinhua
A conservadora: Marieme Faye Sall
A primeira-dama senegalesa Marieme Faye Sall (à direita com Michelle Obama) é a primeira senegalesa "genuína" a ocupar a posição, todas as anteriores tinham ascendência francesa. Marieme é descrita como uma dona de casa dedicada que não se intromete na política do marido, Macky Sall. O seu estilo de vida conservador vale-lhe muitas críticas.
Foto: Getty Images/AFP/S. Diallo
Atenciosa: Marie Olive Lembe
Foi noiva durante muitos anos do Presidente congolês Joseph Kabila. Em 2006 tornou-se primeira-dama. Marie Olive Lembe di Sita tem dois filhos e é muito amiga da irmã gémea do Presidente, que é tida como braço direito deste. A República Democrática do Congo acaba por ter desta forma duas primeiras-damas.
Foto: Imago/Reporters
Quem é a primeira-dama da África do Sul?
Em 2008, Jacob Zuma começou uma maratona de casamentos. Em quatro anos casou com três mulheres: Nompumelelo Zuma, Thobeka Zuma e Bongi Ngema-Zuma. Além destas três há ainda a esposa de longos anos Sizakelle Zuma. Os críticos dizem que a grande família presidencial custa aos contribuintes uma fortuna. A atual presidente da Comissão da União Africana, Nkosazana Dlamini-Zuma, é ex-mulher de Zuma.