MONUSCO permanece por mais um ano na República Democrática do Congo
28 de junho de 2012 Não há sossego no Congo. Grupos rebeldes fazem do leste do país uma região insegura. Em jogo estão a influência política, terras e recursos naturais. Particularmente afetada pelos combates está a província de Kivu Norte. Moustapha Mwiti coordena as organizações da sociedade civil na região e conta que lá o terror impera: “muitos fogem, enquanto outros são mortos e as aldeias queimadas”.
Em abril passado, uma parte do exército congolês amotinou-se, fundando o grupo rebelde M23 e luta, desde então, contra as tropas governamentais. Por trás do motim está o líder tutsi Bosco Ntaganda. Contra ele, o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu um mandado de prisão.
Os rebeldes do M23 mantêm em xeque as tropas do governo há meses, daí que “se acredite que o vizinho Ruanda esteja apoiando o grupo”, afirma Thierry Vircoulon, especialista da International Crisis Group (ICG), uma organização não governamental que se dedica à resolução e à prevenção de conflitos armados internacionais.
Segundo Vircoulon, “Kigali persegue interesses de segurança e económicos na área de Kivu, visto que todos os recursos naturais em Kivu Norte são exportados via Kigali”. O especialista acrescenta ainda que “há muitos empresários tutsi envolvidos na promoção dos recursos naturais e a maioria trabalha com o país vizinho“. O governo de Kigali nega.
Ruanda não consta de documento da ONU
Desde 1999, uma missão de paz da ONU apoia o exército congolês. Mais de 22 mil soldados de manutenção de paz da Missão das Nações Unidas na República Democrática do Congo, MONUSCO, têm um mandato para assegurar a proteção da população civil.
Esta quarta-feira, o Conselho de Segurança da ONU decidiu estender o mandato por mais um ano. O Ruanda não foi citado explicitamente no documento. Contudo, no texto condena-se qualquer tipo de apoio externo a grupos armados e exige-se que todas as formas de violência e abusos de direitos humanos contra a população civil cessem imediatamente.
Thierry Vircoulon, da International Crisis Group (ICG), avalia que a ONU tem agora mais doze meses para provar que suas demandas são sérias. No momento, o mandato visa apoiar o governo congolês, mas, diz, “isso não ajuda muito, porque leva em conta apenas a opção militar”.
Autores: Hilke Fischer/Cristiane Vieira Teixeira
Edição: Marta Barroso/António Rocha