Morre Oliver "Tuku" Mtukudzi, lenda da música zimbabueana
AFP | tms
24 de janeiro de 2019
O músico zimbabueano conquistou fãs em África e ao redor do mundo. Além de lançar dezenas de álbuns, Oliver "Tuku" Mtukudzi também ficou conhecido como defensor dos direitos humanos.
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O músico zimbabueano Oliver "Tuku" Mtukudzi, uma estrela do afro-jazz que conquistou seguidores no continente e também no estrangeiro, morreu nesta quarta-feira (23.01) aos 66 anos, informaram fontes ligadas ao artista.
Mtukudzi faleceu num hospital em Harare, após complicações de diabetes, de acordo com vários meios de comunicação social locais.
O lendário guitarrista autodidata era uma lenda na vibrante música afro-jazz, com 66 álbuns numa carreira que durou 45 anos.
"Hoje dissemos adeus a um verdadeiro patriota. Oliver Mtukudzi, sua voz nos deu conforto durante tempos difíceis, e permanecerá conosco para a posteridade", disse o Presidente Emmerson Mnangagwa no Twitter.
"Perdemos um ícone", acrescentou o parlamentar do Zimbabué, Temba Mliswa, também no Twitter, liderando o apelo para que ele seja declarado "herói nacional por sua contribuição nacional à indústria da música, das artes e da cultura".
"Música Tuku"
O trabalho de Mtukudzi - apelidado de "música Tuku" - foi uma mistura de estilos étnicos, incluindo o mbaqanga da África do Sul, e se baseou em diversos instrumentos, incluindo o mbira, do Zimbabué, um instrumento manual de metal.
Suas letras, transmitidas através de vocais ásperos, muitas vezes carregavam mensagens sociais sobre o HIV/SIDA e alcoolismo, às vezes invocando provérbios e sabedoria de sua língua materna, Shona.
Mtukudzi foi avaliado pela revista Forbes como um dos 10 artistas mais lucrativos da África e alguns especialistas o classificaram ao lado de Salif Keita e Youssou N'Dour, do Senegal, por sua inovação e influência. Ele também ficou famoso por sua filantropia e compromisso com os direitos humanos, e serviu como embaixador da boa vontade para ao fundo da ONU para a infância (UNICEF).
Dez cantoras dos PALOP que fazem sucesso na Europa
Cada vez mais cantoras da África lusófona singram na Europa. Cultura, histórias das suas pátrias e o papel da mulher na sociedade são temas recorrentes nas músicas. Cabo Verde é um dos países mais bem representados.
Foto: Wikipedia/Lindaines1995
Aline Frazão
Cantora e compositora de Luanda, detentora de uma voz doce e poética que contrasta com o caráter interventivo e político da sua música. Foi uma das vozes pela libertação dos 15 ativistas detidos em Angola em 2015. Perto de completar 30 anos, conta já com três discos no portfólio e inúmeras passagens por palcos internacionais.
Foto: P. Szymanski
Elida Almeida
Com 25 anos, Elida Almeida pertence à nova geração de músicos de Cabo Verde. Interpreta os ritmos da sua ilha natal, Santiago, como o batuco, funaná e tabanka. Na sua música, é frequente encontrar tópicos que visam a situação das mulheres em Cabo Verde, como a educação e a gravidez na adolescência.
Foto: DW/A. Gensbittel
Cesária Évora
Ícone maior da música cabo-verdiana, levou a história do seu país a todo o mundo. Fonte de inspiração e figura incontornável para as novas gerações conterrâneas. Faleceu em 2011, aos 70 anos. Em março, vai ser homenageada pela ONU no festival "Over the Border" que se realizará em Bona.
Foto: Over the Border Festival
Lura
Nascida em Portugal, só conheceu Cabo Verde na adolescência. A música é a forma de se aproximar das suas origens e dar a conhecer a história do país e do seu povo. Vê na mulher cabo-verdiana uma fonte de inspiração. Entre os reconhecimentos internacionais, destaca-se o álbum "Herança", que, em 2015, foi distinguido entre os dez melhores em todo o mundo, pela revista britânica "Songlines".
Foto: DW/A. Gensbittel
Mayra Andrade
É uma verdadeira cidadã do mundo, mas não esquece as origens cabo-verdianas. Canta em várias línguas, incluindo crioulo. Ao longo da carreira já colaborou com diversos artistas, como a conterrânea Cesária Évora. Chega a ser vista por alguns como a sua sucessora. Em 2008, foi considerada a artista revelação para a BBC3.
Foto: Sony Music
Sara Tavares
Portuguesa mas com as raízes cabo-verdianas bem presentes, a "terra mãe", como canta num dos seus temas. Conta com uma longa e sólida carreira que inclui colaborações com diversos artistas e projetos musicais e até uma participação no Festival Eurovisão da Canção. Depois de um hiato, voltou ao ativo e continua a reinventar-se como artista.
Foto: Günther Klebinger
Karyna Gomes
Em 2016, Karyna Gomes foi a primeira artista guineense a subir ao palco do Africa Festival, o maior e mais antigo festival de música africana na Europa, que se realiza anualmente na Alemanha. Misturando sons tradicionais e modernos, da sua voz saem as histórias da sua terra, com particular destaque para a força feminina.
Foto: DW/A. Gensbittel
Eneida Marta
Sonhadora e otimista que canta a Liberdade. Aliás, esta guineense nasceu quando o seu país caminhava para a independência. Além da música, abraça também as questões sociais: é embaixadora da boa vontade da UNICEF na Guiné-Bissau, focando-se no problema do casamentos infantis. Em 2017, passou pelo palco do Africa Festival, na Alemanha.
Foto: DW/J. Carlos
Mariza
Mariza nasceu em Moçambique, filha de mãe moçambicana pai português. Apesar de se destacar no fado, estilo tipicamente português, é uma artista versátil e não é difícil encontrar ritmos africanos no seu trabalho. Mundialmente reconhecida, esgota as salas de concertos por onde passa. Já foi por duas vezes nomeada para os reconhecidos prémios Grammy.
Foto: q-rious music
Deolinda Kinzimba
Pode ainda não andar pela ribalta internacional, mas, aos 20 anos, a angolana Deolinda Kinzimba fez história ao sagrar-se vencedora da terceira edição do programa "The Voice Portugal", em 2015. A poderosa interpretação de "I will always love you" de Whitney Houston conta com mais de 1 milhão de visualizações no YouTube. Em 2017, lançou o primeiro álbum.