O ex-Presidente do Egito, Mohammed Morsi, estava a ser interrogado em tribunal sobre acusações de espionagem quando colapsou. Membro da Irmandade Muçulmana denuncia "assassinato premeditado".
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O ex-Presidente egípcio, Mohammed Morsi, morreu esta segunda-feira (17.06), depois de desmaiar num tribunal onde estava a ser interrogado sobre acusações de espionagem.
Uma fonte judicial avançou à agência de notícias France Presse que Mohammed Morsi "estava a testemunhar perante o juiz há 20 minutos, quando ficou agitado e desmaiou". Minutos antes, Morsi dissera ao tribunal que tinha "muitos segredos" por revelar, afirmou outra fonte à agência de notícias AP. O ex-Presidente acabou por morrer.
Mohammed Morsi, de 67 anos, assumiu a chefia de Estado do Egito em 2012 nas primeiras eleições livres após os protestos da "Primavera Árabe", que levaram à queda do regime do Presidente Hosni Mubarak. A Irmandade Muçulmana, dirigida por Morsi, conquistou a maioria no Parlamento.
Morsi esteve no poder até 2013. Foi deposto num golpe militar depois de novos protestos, desta vez contra a Irmandade Muçulmana. Abdel Fattah al-Sisi, então ministro da Defesa, sucedeu a Morsi na Presidência e encetou uma campanha de repressão contra membros da Irmandade Muçulmana e outros opositores.
"Assassinato premeditado"
Um dos filhos de Mohammed Morsi, Ahmed, confirmou a morte do pai nas redes sociais.
Mohammed Sudan, um membro influente da Irmandade Muçulmana em Londres, afirmou que a morte de Morsi foi um "assassinato premeditado". Segundo Sudan, o ex-Presidente egípcio estava impedido de receber visitas e medicamentos.
"Ele era colocado numa jaula de vidro [durante os julgamentos]. Ninguém o podia ouvir, e ninguém sabia o que se passava com ele. Não teve visitas durante quase um ano. Antes, ele queixou-se que não tinha acesso a medicamentos. Isto é assassinato premeditado. É uma morte lenta", acusou Sudan.
A família de Mohammed Morsi e organizações de direitos humanos denunciaram anteriormente que o ex-chefe de Estado egípcio era mantido em regime de isolamento. Segundo a Amnistia Internacional, Morsi só recebeu três visitas desde que foi detido após o golpe militar.
Onda de violência no Egito
As forças de segurança egípcias despejaram dois acampamentos de protesto no Cairo onde estavam apoiantes do Presidente deposto, Mohamed Morsi. Centenas de pessoas morreram, milhares ficaram feridas.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Ação de despejo sangrenta
Aconteceu o que se temia. Diplomatas internacionais ainda tentaram travar o uso da força. Mas as forças de segurança egípcias acabaram por despejar dois acampamentos de protesto no Cairo onde estavam apoiantes do ex-Presidente Mohamed Morsi, deposto no início de julho através de um golpe de Estado. O despejo gerou uma onda de violência. Centenas de pessoas morreram, milhares ficaram feridas.
Foto: picture-alliance/dpa
Sem olhar a meios
Mulheres, crianças e idosos estavam entre os apoiantes de Mohamed Morsi nos dois acampamentos de protesto no Cairo, junto à mesquita de Rabaa al-Adawiya e na praça Al-Nahda. Aparentemente, o exército egípcio não levou isso em conta quando recorreu à violência para os despejar na manhã do dia 14 de agosto de 2013.
Foto: KHALED DESOUKI/AFP/Getty Images
Gás lacrimogéneo e disparos contra manifestantes
Manifestantes e exército defrontaram-se em verdadeiras batalhas de rua. A Irmandade Muçulmana falou de um "massacre" das forças de segurança. A polícia egípcia também sofreu várias baixas. O Governo interino egípcio decretou o estado de emergência no país durante um mês e impôs um recolher obrigatório. A violência no Egito foi duramente criticada a nível internacional.
Foto: KHALED DESOUKI/AFP/Getty Images
Brutalidade nos confrontos
A confusão instalou-se sobretudo no acampamento junto à mesquita de Rabaa-al-Adawija. Testemunhas dizem que as forças de segurança expulsaram os manifestantes brutalmente. As entradas para o acampamento teriam sido fechadas, impedindo o acesso a ambulâncias.
Foto: KHALED DESOUKI/AFP/Getty Images
Aeroporto do Cairo bloqueado
A polícia e os militares ergueram barricadas à volta do Aeroporto Internacional do Cairo. Foi uma medida de precaução depois do despejo dos acampamentos de protesto na cidade, disse um porta-voz do aeroporto. Alguns voos atrasaram porque os passageiros não conseguiam furar o bloqueio.
Foto: KHALED DESOUKI/AFP/Getty Images
Apoiantes de Morsi não desistem
Desde que o Presidente Mohamed Morsi foi deposto pelo exército, a 3 de julho, apoiantes da Irmandade Muçulmana têm ido para as ruas pedir o seu regresso. Para eles, Morsi é o verdadeiro líder do Egito. Por isso, recusam dialogar com o Governo interino.
Foto: Reuters
Violência espalha-se pelo país
Manifestantes e militares defrontaram-se também noutras cidades egípcias, como Assuão (sul), Luxor (sul) e Sohag (centro), onde os manifestantes deitaram fogo a uma igreja copta. No Egito, há cerca de oito milhões de cristãos coptas – a Igreja Copta apoiou a deposição de Mohamed Morsi, no início de julho.
Foto: STR/AFP/Getty Images
"É preciso maior contenção"
A União Europeia está preocupada com a situação no Egito. "A violência não é solução", disse um porta-voz da chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton. "Pedimos a ambas as partes uma maior contenção". O ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Guido Westerwelle, apelou às fações rivais a dialogarem.
Foto: Reuters
Mais protestos
Na praça Al-Nahda, no Cairo, os destroços são o que sobra do acampamento de protesto. O clima de tensão no Egito adensou, depois do dia mais sangrento desde a revolta que derrubou o regime de Hosni Mubarak, em 2011. No Cairo, o exército continua a patrulhar as ruas. São esperados novos protestos da Irmandade Muçulmana.