Franz Beckenbauer, lenda do futebol alemão, morreu no domingo (07.01), aos 78 anos, informou hoje a família do antigo jogador e treinador. "Uma perda para o futebol e para toda a Alemanha", dizem dirigentes e amigos.
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Franz Beckenbauer é considerado uma das maiores lendas do futebol da Alemanha. O "Kaiser" (imperador), como foi apelidado ao longo da sua longa carreira, ganhou o Campeonato do Mundo pela Alemanha como jogador em 1974 e como treinador em 1990.
Além de ter vencido a Liga dos Campeões três vezes com o Bayern de Munique, também ganhou o campeonato europeu de futebol com a seleção alemã.
Beckenbauer nasceu a 11 de setembro de 1945, nas ruínas de Munique do pós-guerra, e começou a jogar na equipa local SC 1906 Munique, antes de se transferir para o Bayern aos 13 anos.
Começou a sua carreira como futebolista profissional no Bayern de Munique, com o qual conquistou títulos nacionais e internacionais.
Mais tarde, jogou nos EUA pelo Cosmos New York e, até ao final da sua carreira, foi jogador do Hamburger Sport-Verein (HSV).
Treinador e presidente
Além da seleção nacional, Beckenbauer também trabalhou como treinador no Bayern de Munique e mais tarde tornou-se presidente do clube bávaro.
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Franz Beckenbauer também foi vice-presidente da Federação Alemã de Futebol (DFB), de 1998 a 2010. Foi nessa qualidade que liderou a candidatura bem-sucedida da Alemanha à organização do Campeonato do Mundo de 2006.
Desde então, o seu nome foi envolvido em alegações de corrupção e supostas irregularidades para conseguir que a Alemanha sediasse o campeonato.
Nos últimos anos, afastou-se da vida pública devido a problemas de saúde e também por causa desse escândalo.
"Um grande legado"
"A morte de Franz Beckenbauer é um verdadeiro ponto de viragem. Perdemos um futebolista único e uma pessoa encantadora. Franz Beckenbauer deixa um grande legado para a DFB e para o futebol", disse hoje Bernd Neuendorf, presidente da Federação Alemã de Futebol.
Também para o ex-jogador Rudi Völler, "o 'Kaiser' foi uma inspiração para mais do que uma geração e continuará para sempre a ser uma referência do futebol alemão. Com Franz Beckenbauer, o futebol alemão perdeu a sua maior personalidade."
"Quando Franz Beckenbauer entrava numa sala, a sala iluminava-se. Até ao fim, esteve rodeado de uma aura que nem os problemas de saúde e os golpes do destino que teve de enfrentar conseguiram abalar. Estou grato e orgulhoso por ter podido conhecê-lo e recordá-lo-ei com carinho", reagiu também o selecionador da Alemanha, Julian Nagelsmann.
Para o antigo jogador Lothar Matthäus, capitão durante o Campeonato do Mundo de 1990, a morte de Beckenbauer "é uma perda para o futebol e para toda a Alemanha", sublinhou. "Foi um dos maiores jogadores e treinadores, mas também fora do campo. Todos os que o conheceram sabem como Franz era uma pessoa generosa. Um bom amigo deixou-nos. Todos nós vamos ter saudades dele!"
Do presidente aos fãs – A paixão pelo Bayern de Munique ao redor do mundo
Produzido pela DW, documentário 'Mia San Mia – Fenómeno' mostra a trajetória de sucesso do maior clube de futebol alemão e conta as histórias de amor de futebolistas e torcedores com o Bayern pelo mundo.
Uli Hoeneß (Munique) – Presidente do Bayern de Munique
"Eu sempre pensei que seria possível transformar o Bayern de Munique numa marca global". Foi essa visão que guiou o trabalho de Uli Hoeneß, que é amigo dos futebolistas do clube. Em março de 2014, ele foi condenado a três anos e meio de prisão por evasão de divisas e cumpriu a sentença por 11 meses.Na altura, Uli Hoeneß despediu-se com as palavras: "Ainda não acabou". E ele estava certo.
Foto: DW
Kamal Abu Lail (Nazaré, Israel) – Fã do Bayern
"Palestino ou judeu, quando o Bayern marca um gol todos se abraçam", diz Kamal, um palestino que vive em Israel. Ele é fã do maior clube de futebol alemão desde a década de 1970. "Quando eu tinha dez anos, tínhamos uma televisão em preto e branco. Sempre assistíamos aos jogos: Rummenigge, Beckenbauer, Breitner, todos eram famosos naquela época. Rapidamente, apaixonei-me pelo Bayern", diz.
Foto: DW
Philipp Lahm (Munique) – Jogador 'em casa'
Leal, eloquente e bem sucedido, Philipp Lahm representa o típico "talento do Bayern crescido em casa". O futebolista de 33 anos atuou por 20 anos no clube e está aposentado. "Eu era menor do que os outros. Provavelmente, isso deu-me a ambição extra que eu precisava para ser bem sucedido no 'ninho de tubarões' que é o Bayern de Munique", sublinha.
Foto: DW
Kanata Tokumoto (Fuchu, Japão) – Fã do Bayern
Kanata é um estudante modelo na academia de futebol Tsuneishi do Bayern de Munique, em Fukushima. O japonês de 14 anos é tão talentoso que o clube enviou um treinador para observar a sua atuação em campo.
Foto: DW
Samuel 'Sammy' Osei Kuffour (Acra, Gana) – Ex-futebolista
Samuel pisou pela primeira vez em Munique aos 17 anos, vindo do Gana, através da Itália. Uli Hoeness tornou-se um pai para o jovem Sammy, estando presente em todos os períodos difíceis da vida do futebolista, especialmente, depois da morte trágica da filha de Samuel.
Foto: DW
Camila Borborema (Rio de Janeiro, Brasil) – Fã do Bayern
Outros brasileiros dizem que Camila é louca. Apesar dos tantos clubes de futebol do país, a jovem de 24 anos é uma fã fiel ao Bayern de Munique. A paixão aumentou depois do desempenho dos futebolistas do clube na Copa do Mundo de 2002. "Oliver Kahn é o homem da minha vida. Ele é o homem mais maravilhoso do mundo. Eu o amo mais do que qualquer coisa", confessa.
Foto: DW
Oliver Kahn (Munique) – Goleiro legendário
Para alguns, ele é apenas "O Titã", para outros ele é a personificação da "Besta Negra". Oliver Kahn é conhecido por sua imitação monstruosa do Godzilla. Todos concordam que ninguém personifica o Bayern tão bem quanto o ex-goleiro: "Eu absorvi todos os valores do clube, porque o sucesso só é possível quando há uma identificação completa com o que fazemos".
Foto: DW
Franz 'Bulle' Roth (Bad Wörishofen) – Herói local
Era a final da Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1967. Mesmo ferido, 'Bulle' fez o gol decisivo contra o Glasgow Rangers. Assim, começou a história de sucesso internacional do Bayern de Munique. "O goleiro veio na minha direção e quase me derrubou, mas a bola entrou na rede. Fantástico! Eu dormi com a taça aquela noite. Fiquei a olhar para ela a noite toda", revelou.
Foto: DW
Giovane Élber (Mato Grosso, Brasil) – Ex-futebolista
Giovane Élber tem uma vida dupla. No Brasil, perto da fronteira com a Bolívia, ele tem uma fazenda com 5.000 cabeças de gado. Mas sempre que o Bayern de Munique o chama, ele está lá. O fazendeiro viaja o mundo como um embaixador do clube.
Foto: DW
Rafael Noboa y Rivera (Nova York, EUA) – Fã do Bayern
Rafael nasceu em Porto Rico e vive em Nova York, onde trabalha para uma empresa de softwares. Ele é um fã do Bayern de Munique há 20 anos: "Eu amo as partidas. Às vezes é como arte. Às vezes, eu chego muito perto e tento manter a distância. Eu não quero viciar-me em algo que eu não posso controlar", conta.
Foto: DW
Andy Brassell (Londres, Reino Unido) – Jornalista desportivo
Andy escreve para o "The Guardian" e é um comentador do "Talksport", um dos mais importantes programas desportivos de rádio do mundo. A opinião do jornalista tem peso. Um dos assuntos em que é especialista é a relação entre os clubes inglês e alemão. "O Bayern é tão grande e bem sucedido que para muitas pessoas na Inglaterra, o clube e o futebol alemão são a mesma coisa", diz.
O jornalista desportivo do jornal "El Mundo" ama o futebol, tanto como um fenómeno social quanto como uma competição desportiva. "Em Madri, eu posso decidir se a cidade dorme bem ou se vai dormir de mau humor", afirma. O ponto alto do seu trabalho é quando o Real Madrid joga com "La Bestia Negra" – "A Besta Negra" de Munique.