O ex-Presidente egípcio Hosni Mubarak, afastado do poder em 2011 no âmbito da chamada Primavera árabe, morreu esta terça-feira, no Cairo, aos 91 anos, noticiou a televisão estatal.
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Hosni Mubarak morreu no hospital militar Galaa, no Cairo, onde estava internado há um mês na sequência de uma operação, devido a um problema gastrointestinal.
O funeral do antigo chefe de Estado vai ser organizado pela presidência egípcia, disse fonte familiar citada pela Agência France-Presse (AFP).
Nascido em 1928 numa pequena aldeia do Delta do Nilo, em 1928, Mubarak formou-se aos 21 anos na Academia Militar Egípcia. No mesmo ano transferiu-se para a Força Aérea, onde chegou a chefe do Estado-maior da Força Aérea durante a Guerra do Yom Kippur, de 1973. Em 1974, foi promovido a marechal. Um ano depois, seria escolhido para a vice-presidência do país.
30 anos no poder
Hosni Mubarak esteve 30 anos no poder, até à revolta popular de 2011, tendo sido forçado a demitir-se ao fim de 18 dias de protestos em massa nas ruas de várias cidades do Egito.
Até 11 de fevereiro de 2011, Mubarak governou o Egito com mão de ferro, desde que assumiu a presidência em 1981, após o assassinato do seu antecessor, Anwar Al Sadat.
Após a revolta popular, o Presidente deposto foi julgado pela morte de cerca de mil manifestantes na repressão das manifestações, mas acabou por ser absolvido em 2014.
Mubarak cumpriu pena por crimes económicos e foi libertado em 2017, após cerca de seis anos de prisão, onde passou quase todo o tempo no hospital devido ao seu delicado estado de saúde.
Desde que foi libertado, levou uma vida muito discreta, longe dos holofotes mediáticos, embora a imprensa local tenha conseguido registar algumas imagens do ex-Presidente com a família.
"Cairo. Cidade aberta" - uma exposição
Certas imagens ficaram gravadas nas memórias das pessoas que assistiram através da televisão à revolução egípcia na Praça Tahrir. As redes sociais ajudaram a espalhar essas imagens do Egito em todo o mundo.
Foto: Mosa'ab Elshamy / Museum Folkwang
As fotos da Praça Tahrir
Certas imagens ficaram gravadas nas memórias das pessoas que assistiram através dos meios de comunicação à revolução egípcia na Praça Tahrir (na foto). As redes sociais ajudaram a espalhar essas imagens em todo o mundo. Será que as imagens refletem de forma exaustiva o que de facto se passou na primavera árabe no Egito?
Foto: Mosa'ab Elshamy / Museum Folkwang
Imagens independentes
“Cairo. Cidade aberta” - é este o título de uma exposição no Museu Folkwang, na cidade alemã de Essen, patente ao público até maio de 2013. Aqui são mostrados vídeos como este com o título “toussy” (foto), produzido pelo grupo de ativistas e realizadores críticos “Mosireen”.
Foto: Jasmina Metwali / Museum Folkwang
Revolucionários da geração facebook?
No mundo ocidental, a revolução egípcia é conotada com as redes sociais. Os organizadores da exposição também sublinham a importância dos meios de comunicação modernos. Ao mesmo tempo salientam que "quem fez a revolução foram as pessoas com coragem e não as redes sociais".
Foto: Jonathan Rashaad / Museum Folkwang
Símbolos da violência
Esta é uma das imagens que se transformou em símbolo da brutalidade do regime do presidente deposto Hosni Mubarak: agentes da polícia agrediram a pontapé uma jovem mulher. A foto do acontecimento correu o mundo. Durante uma marcha de protesto pelas ruas do Cairo, em abril de 2012, um manifestante exibe uma fotografia da ativista agredida. Um exemplo da força que uma imagem é capaz de exercer.
Foto: Jonathan Rashad
Protestos femininos
Muitas mulheres egípcias lutaram pelos seus direitos como ativistas da revolução. Em dezembro de 2011, elas movimentaram-se em direção à associação da imprensa do Cairo, exigindo igualdade de direitos entre homens e mulheres. As suas esperanças, no entanto, não se transformaram em realidade.
Foto: Ali Hazza / Museum Folkwang
Estórias da revolução
Como se relata as estórias individuais daqueles que formaram o movimento revolucionário? Artistas plásticos egípcios procuram novas linguagens estéticas para contar essas estórias individuais. A artista Jasmina Metwaly realizou uma curta metragem com o título “Vou falar sobre a revolução”, na qual são apresentadas diferentes perspetivas dos acontecimentos na Praça Tahrir.
Foto: Nadine Khan; Miriam Mekiwi / Museum Folkwang
A ira e a mudança de regime
Para muitos egípcios a queda do regime Mubarak em fevereiro de 2011 não constitui o fim da revolução. Também o novo presidente Mohammed Mursi é alvo de críticas. A fotografia do jornalista Jonathan Rashaaad mostra cidadãos que se manifestam contra Mursi em frente à sede do partido dos "Irmãos Muçulmanos".
Foto: Jonathan Rashaad / Museum Folkwang
Como sera o futuro do Egito?
A exposição de Essen não foi feita para marcar o fim da revolução egípcia. O objetivo é acompanhar um processo que perdurará durante muitos anos. Os observadores são de opinião que os movimentos pela liberdade no mundo árabe continuarão nos próximos anos. O derrube do regime de Husni Mubarak não trouxe a felicidade para os povos. O Cairo permanece uma cidade com muita agitação social e política.