Morsi e Obama dominam os artigos sobre África na imprensa alemã
5 de julho de 2013 O diário Frankfurter Allgemeine Zeitung intitula um vasto artigo sobre o Egito da seguinte forma: "Morsi, a esperança do passado" - e adianta:
Há um ano Morsi, um filho de lavradores, era considerado como uma fonte de esperança para a grande maioria dos egípsios. A sua vitória eleitoral contra o último primeiro-ministro de Mubarak foi expressiva. Em novembro do ano, passado, no entanto, ficou claro que Morsi não é o homem certo para unir os cidadãos deste país: Morsi tentou, nomeadamente, tomar o contrôlo sobre o sistema judicial. Um atentado contra o Estado civil. E a imprensa egípcia reagiu de forma extremamente crítica: Morsi passou a ser apelidado de "faraó" e de "Hosni Morsi".
Morsi não foi capaz de semear consenso
O jornal Süddeutsche Zeitung também procura motivos para a queda do presidente:
A política de Morsi era caótica e não adequada a uma país com grande diversidade cultural e mais de 85 milhões de habitantes. Morsi não foi capaz de conviver com as diferentes instâncias no país: o poder económico, o poder judicial, a comunicação social. Os islamistas - que o suportam - nunca foram capazes de semear o consenso na sociedade. As consequências estão à vista.
Périplo de Obama foi um êxito, diz a imprensa alemã
O jornal Berliner Zeitung faz um balanço do recente périplo de Barack Obama pelo continente africano - que o levou ao Senegal, à África do Sul e à Tanzânia - e passa um atestado positivo ao presidente norte-americano:
Uma visita bem conseguida. Cada um dos países visitados mereceu uma atenção especial de Obama: no Senegal o tema escolhido foi a segurança alimentar e Obama trouxe propostas concretas e bem descritas no seu programa denominado "Feed the Future", "Alimenta o Futuro". Na África do Sul Obama destacou outro tema pertinente: o futuro da juventude no continente africano. Obama não veio de mãos vazias. Prometeu, sim, bolsas de estudo para jovens líderes, mediante a sua iniciativa "Washington Fellowship for Young African Leaders". Na Tanzânia o presidente norte-americano destacou a necessidade de fornecer energia elétrica a um continente em crescimento. Para tal, o seu programa "Power Africa" coloca 7 mil milhões de dólares à disposição dos investidores.
Negócios em África são prioridade para os Estados Unidos
O semanário der Freitag observa que os Estados Unidos estão determinados em fazer negócios em África. Os programas de apoio servem precisamente para promover os negócios de empresas norte-americanas, salienta o jornal:
Obama tentou passar a ideia de que o seu país é uma super-potência altruista. A verdade é outra. Obama foi ao encontro, sobretudo, de novos clientes. Os Estados Unidos sabem que perderam muito terreno em África, nos últimos anos, sobretudo para a China. Os políticos de topo chineses visitaram nos últimos cinco anos mais de 30 paises africanos, nos quais assinaram muitos contratos, sobretudo para a construção de grandes projetos de infra-estrutura. Ora os Estados Unidos querem participar nos grandes negócios de África, um continente que vai continuar a crescer económicamente.
Escola para as élites africanas em retrato
A revista NEON, edição de segunda-feira, dia 1 de Julho, publica uma vasta reportagem sobre a "ALA", a African Leadership Academy, que é apresentada como a melhor escola do continente africano. Uma escola, sediada em Johanesburgo, na África do Sul.
Aqui estudam as élites africanas. Neste ano candidataram-se mais de 3mil alunos de todo o continente. Mas apenas 95 foram aceites. O objetivo é formar líderes para o continente africano e para todo o mundo. Os jovens são extramente motivados. Todos eles afirmam que odeiam a preguiça e não consideram que a ajuda ao desenvolvimento, vinda do exterior, seja o melhor caminho. O futuro de África está nas nossas próprias mãos, afirmam.