Morsi recorre aos militares para controlar Manifestações no Egito
11 de dezembro de 2012A medição de forças entre os dois lados pode desembocar em violência. De lembrar que na última semana um confronto entre os contestatários e apoiantes de Mohamed Morsi terminou com um balanço de sete mortos e cerca de cem feridos.
Prevendo um banho de sangue o Presidente já ordenou os militares que apoiem a polícia na manutenção de ordem e segurança durante os protestos até a altura em que terá lugar o referendo constitucional, isso no próximo sábado (15.12.).
Cerca de duzentos manifestantes terão tentado romper a barreira de proteção do palácio presidencial, mas encontraram resistência das forças de segurança que estavam devidamente armadas. Mas até agora não há relato de incidentes.
A manifestação contra o referendo constitucional foi convocada pela Frente de Salavação Nacional, da oposição. Espera-se que até ao final desta terça-feira (11.12.) muitas pessoas venham a juntar-se a esta contestação.
Nem o recuo do Presidente demove os planos da oposição
Mohamed Morsi anulou no fim de semana passado um decreto que lhe alargava os poderes. O decreto colocava as decisões do Presidente acima dos tribunais, impedindo a sua fiscalização judicial. E levou a que o país mergulhasse numa grande crise política.
Mas, ao anular o alargamento de poderes, Morsi não acolheu a principal preocupação da oposição de colocar um termo no referendo constitucional.
A oposição não está satisfeita e apelida a anulação do decreto como uma “manobra política” da Irmandade Muçulmana, para ganhar tempo.
Uma opinião também partilhada por um dos manifestantes ouvido pela DW África: “Todas as concessões de Morsi são puramente cosméticas. Na verdade, não mudou nada no projeto constitucional dos islamistas. Morsi está a jogar connosco para ganhar tempo."
Este cidadão, entretanto, garante que ele e outros manifestantes anti-Morsi não mudaram a sua opinião e rejeitam o referendo constitucional.
A oposição diz que a nova Constituição limitaria os direitos fundamentais dos egípcios e permitiria que a lei islâmica fosse aplicada de forma mais rigorosa.
Por isso, os protestos vão continuar. A oposição pediu aos egípcios que saiam às ruas em massa esta terça-feira para dizer não ao referendo.
Mohamed Morsi procura apoio dos militares
Entretanto, Morsi pediu esta segunda-feira (10.12) ao exército para cooperar com a polícia e garantir a segurança no país até que sejam conhecidos os resultados do referendo.
Através do novo decreto presidencial, o exército pode deter civis. O objectivo: garantir o bom funcionamento do referendo no sábado.
Uma votação em que o Presidente egípcio espera obter uma maioria. Os seus apoiantes, por seu lado, mostram-se confiantes nas medidas do Presidente: “Estamos aqui para apoiar Morsi. Somos a favor de uma nova Constituição e da implementação da Sharia.”
Defensores dos direitos humanos com más previsões
As previsões de um recrudescimento da violência ganham força também com o pronunciamento de 23 organizações de defesa dos direitos humanos do país.
Elas consideram que o projecto de Constituição "abre a porta ao estabelecimento de um sistema teocrático semelhante ao modelo iraniano " Velayat-e Faqih'", ou seja, uma regra por um líder supremo clerical."
A Agência dos direitos humanos da ONU e outras organizações internacionais de defesa dos direitos humanos também criticam o projeto de Constituição.
Os Estados Unidos da América, que terão apoiado os militares com biliões de dólares, são chamados pelos manifestantes para ajudarem a trazer a paz para o país.
Autor: Guilherme Correia da Silva/AFP
Edição: Nádia Issufo/António Rocha