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PolíticaCabo Verde

50 anos da independência de Cabo Verde: MpD refuta críticas

Lusa
30 de abril de 2025

O Movimento pela Democracia (MpD) diz que celebrar Amílcar Cabral não se resume a um ato isolado e refuta críticas ao discurso do primeiro-ministro na abertura das comemorações dos 50 anos da independência de Cabo Verde.

Amílcar Cabral durante uma reunião de quadros militares do PAIGC em 1972
"Já não se justifica que, para se conseguir protagonismo e notoriedade pessoais, se tente aproveitar indevidamente a imagem e o contributo de Amílcar Cabral como bengala", criticou o deputado Vander GomesFoto: casacomum.org/Documentos Amílcar Cabral

"Amílcar Cabralconstitui uma grande imagem e figura para todo o povo cabo-verdiano e homenageá-lo significa [ter] ações diárias, não é apenas num ato isolado que se vai estar a denegrir a imagem de Cabral e toda a luta que fez para que hoje fossemos um estado independente", referiu o deputado Vander Gomes, na terça-feira, em conferência de imprensa, na ilha de São Vicente.

"Já não se justifica que, para se conseguir protagonismo e notoriedade pessoais, se tente aproveitar indevidamente a imagem e o contributo de Amílcar Cabral como bengala", acrescentou.

O eleito do MpD, partido no poder, reagia às críticas do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição) que, horas antes, considerou "escandaloso" que os discursos oficiais do líder do Governo e do MpD, Ulisses Correia e Silva, e do presidente da Câmara de São Vicente, Augusto Neves, na abertura das comemorações, na sexta-feira, tenham ignorado o líder do movimento pelas independências de Cabo Verde e Guiné-Bissau, Amílcar Cabral (1924-1973).

A mesma crítica já havia sido feita publicamente e à Lusa, na segunda-feira, pelo antigo embaixador cabo-verdiano Luís Fonseca, que lutou pela independência e que foi detido pelo regime colonial.

Mas o deputado do MpD atribuiu as críticas a uma "retórica" de "alguns saudosistas" que "não faz sentido num estado de direito democrático".

Sobre a ausência de combatentes na cerimónia de sexta-feira, Vander Gomes referiu que o comandante Pedro Pires "faz parte da comissão de honra [das comemorações]" e deverá participar com combatentes "noutros momentos, a celebrar, com o povo, os 50 anos que devem orgulhar todos e não devem dividir", acrescentou.

Pedro Pires, o negociador da independência

12:34

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As críticas do PAICV

O PAICV considerou "escandaloso" que nos discursos oficiais da cerimónia de sexta-feira não tenha havido referências a Amílcar Cabral e que se tenha tentado "banalizar" a luta pela libertação, subjugando-a ao 25 de Abril, em Portugal, disse Adilson Jesus, dirigente do partido em São Vicente.

O partido criticou ainda a falta de convite à Associação dos Combatentes da Liberdade da Pátria para participação de protagonistas da luta ainda vivos.

Já na segunda-feira, Luís Fonseca disse estar "indignado" com a situação, depois de se ter insurgido através de um artigo na Internet.

"Quando a abertura oficial é feita pelo mais alto representante do governo, o tom é dado pela primeira declaração que é feita e foi absolutamente desastrosa", referiu à Lusa.

O discurso de Ulisses Correia e Silva, também presidente do MpD, evocou, na sexta-feira, a nação com mais de cinco séculos, que foi colónia, que combateu e conseguiu tornar-se independente e que em 1991 fez as primeiras eleições livres, naquilo que classificou como um "percurso de resiliência" que é "motivo de orgulho" - fazendo a ligação ao slogan das comemorações, "Cabo Verde, nosso orgulho, nosso futuro". 

Noutro excerto em que falou da juventude, o chefe do Governo aludiu aos que fizeram "as lutas pela libertação", porque também eram jovens, acrescentando que a juventude de hoje deve construir a sua própria história. 

As celebrações dos 50 anos de independência, organizadas pelo Governo de Cabo Verde, decorrem até dezembro. O ponto alto está previsto para 05 de julho, Dia da Independência, com uma sessão especial do parlamento, na capital, Praia.

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