MPLA diz ter "maioria absoluta suficiente para governar tranquilamente" com a vantagem que leva nos resultados provisórios das eleições. Partido atribui a sua derrota pela UNITA, em Luanda, à "abstenção da sua base".
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"É uma constatação, mas ainda assim é preciso dizer que o MPLA ganha com uma maioria absoluta suficiente para governar tranquilamente os próximos cinco anos, julgo que os resultados provisórios não poderão alterar grande coisa", afirmou esta quinta-feira (25.08) o secretário para a Informação do Bureau Político do MPLA, Rui Falcão.
Para o político do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder desde 1975) depois dos 86% dos votos já contabilizados pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE) "dificilmente o MPLA poderá perder a maioria absoluta que tem".
"Temos também a nossa base de dados e sabemos o que vai dar e, neste momento, tudo indica que está consolidada essa maioria absoluta, mas é preciso dizer que mais de 90% dos países democráticos do mundo a maioria governa com maioria absoluta", sublinhou.
"Mesma tranquilidade"
Segundo Rui Falcão, o seu partido, que governou a última legislatura com maioria qualificada, "era uma exceção, mas ainda assim com essa maioria qualificada nunca deixamos de negociar os aspetos fundamentais para o desenvolvimento do país".
"Portanto, continuamos no mesmo diapasão, com a mesma tranquilidade e olhando para o futuro de Angola", disse em declarações aos jornalistas na sede nacional do partido, em Luanda.
A CNE angolana anunciou hoje que o MPLA mantém vantagem, com 52,08% das votações, seguido da UNITA, com 42,98%, quando estão escrutinados 86,41% dos votos das eleições gerais desta quarta-feira.
Com 77,12% dos votos apurados em Luanda, a União Nacional para a Libertação Total de Angola (UNITA) lidera com 62,93% dos votos e o MPLA segue em segunda posição com 33,06%, anunciou hoje o porta-voz da CNE, Lucas Quilundo.
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Liderança da UNITA em Luanda
Sobre a liderança de votos da UNITA, em Luanda, maior praça política do país, Rui Falcão referiu que a mesma resulta da abstenção dos militantes do MPLA.
"É basicamente a abstenção da nossa base militante, claro que é o que vamos estudar a seguir, temos que ter a serenidade e tranquilidade suficiente para que de forma equidistante analisar tudo quanto aconteceu e tirar conclusões", frisou.
O MPLA, justificou, "continua ser o mesmo, nós somos um partido muito forte como viu, uma coisa é reorientar políticas, reorganizar internamente o partido, outra é o partido mudar".
"Não muda coisa nenhuma, nós naturalmente vamos evoluir, como temos evoluído ao longo dos anos e não temos outro caminho", notou.
Em relação ao Zaire, onde a UNITA lidera igualmente na contagem provisória, o político do MPLA descartou qualquer quebra do seu partido, apontando as vantagens dos "camaradas" em províncias onde a UNITA tem forte apoio.
"Hoje uns e amanhã outros"
"Não, veja que onde eram os bastiões do nosso principal adversário vencemos e de forma significativa, é a conjuntura, a vida democrática é isso mesmo, hoje uns e amanhã outros", argumentou.
"Precisa saber ganhar e perder, não perdemos nada, ganhamos com uma maioria absoluta que nos permite governar com tranquilidade, a baixa votação não tem reflexos na governação, temos toda a base legal para governar e não precisamos de nada para o efeito, temos uma maioria absoluta e é isso que é necessário", reafirmou.
As quintas eleições gerais em Angola perpetuaram a disputa entre os dois principais partidos do país, o MPLA e a UNITA, oposição, que tentam conquistar a maioria dos 220 lugares da Assembleia Nacional. João Lourenço, atual Presidente, tenta um segundo mandato e tem como principal adversário Adalberto Costa Júnior. As eleições angolanas de quarta-feira decorreram em todo o país e, pela primeira vez, no exterior.
Angola: As eleições em imagens
Esta quarta-feira é dia de Angola decidir quem será o próximo Presidente e os deputados da Assembleia Nacional. A DW compilou as imagens desta manhã de eleições, no dia em que 14 milhões de angolanos vão às urnas.
Foto: Adolfo Guerra/DW
Longas filas no dia de decidir
As mesas de voto só abriram às 07h00, mas as filas para votar nas eleições mais disputadas de sempre em Angola começaram a formar-se bem cedo. Cabe aos eleitores decidir se "a força do povo" continua do lado do MPLA, mantendo no poder o partido que governa o país desde a independência, ou se dizem "sim" ao apelo de mudança da oposição liderada pela UNITA.
Foto: John Wessels/AFP
Oito partidos na corrida
Além dos rivais Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), concorrem Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), Partido de Renovação Social (PRS), Aliança Patriótica Nacional (APN), Partido Nacionalista para a Justiça (P-NJANGO), Partido Humanista de Angola e a coligação Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA-CE).
Foto: António Cascais/DW
Madrugar para votar
Aos 79 anos, Adélia Namalange exerce hoje o seu direito de voto pela quinta vez. A idosa chegou às 5h00 à assembleia de voto número 9658, no município do Lobito, em Benguela, e esperou duas horas pela abertura das urnas, no dia que 14 milhões de angolanos decidem o futuro político do país.
Foto: Daniel Vasconcelos/DW
João Lourenço apela ao voto: "É Angola que ganha"
"Acabámos de exercer o nosso direito de voto, é rápido e é simples", disse João Lourenço, na assembleia de voto n.º 105, em Luanda, convidando os eleitores a fazerem o mesmo. No meio de uma enorme confusão de jornalistas que queriam registar o momento, o candidato do MPLA salientou que todos saem a ganhar: "É a democracia que ganha, é Angola que ganha."
Foto: AP Photo/picture alliance
Adalberto Costa Júnior critica processo
O líder da UNITA votou no bairro 28 de Agosto, em Luanda, onde foi fortemente aplaudido pelos eleitores presentes. "Fiquei satisfeito e votei no meio do meu povo e constatei que a votação está a ser feita sem cadernos eleitorais aos fiscais, apenas um caderno eleitoral na mesa", afirmou Adalberto Costa Júnior, que defendeu mais uma vez a afixação dos resultados nas assembleias de voto.
Foto: John Wessels/AFP
Manuel Fernandes "plenamente" confiante na vitória
Manuel Fernandes, o candidato da coligação Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), votou esta manhã no Bairro Militar, em Talatona, Luanda. Depois de votar, manifestou "plena confiança" no resultado eleitoral do atual terceiro partido com mais assentos no parlamento angolano.
Foto: Borralho Ndomba/DW
"Grande expetativa" de Nimi Ya Simbi é ganhar eleições
Nimi Ya Simbi, candidato da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), votou em Viana, um dos mais populosos municípios de Luanda. Minutos depois, Nimi disse que a sua "grande expetativa é ganhar as eleições." O líder da FNLA acredita que o seu partido "vai vencer" as eleições, "porque quem vai para o combate não vai para perder", tendo enaltecido o cumprimento do seu dever cívico.
Foto: Nelson Francisco Sul/DW
Benedito Daniel exorta à afixação das atas
O candidato do Partido de Renovação Social (PRS) exerceu o seu direito de voto no Instituto Superior Politécnico do Bita, em Luanda. Após votar, Benedito Daniel manifestou um "sentimento de alegria e de dever cumprido", exortando à afixação das atas sínteses nas assembleias. Disse também esperar que a CNE possa corresponder às expetativas dos eleitores.
Foto: DW/M. Luamba
Bela Malaquias insite em "humanizar" Angola
A líder do Partido Humanista de Angola (PHA), Florbela Malaquias, manifestou um "sentimento de realização" após votar e reiterou a promessa de humanizar Angola, "que se encontra completamente desumanizada em todos os sentidos", sublinhou a única mulher a liderar um partido político em Angola, depois de votar no bairro do Maculusso, distrito urbano da Ingombota, em Luanda.
Quintino Moreira, líder da Aliança Patriótica Nacional (APN), sem assento no Parlamento angolano, manifestou-se "otimista" em relação à obtenção de uma "bancada parlamentar vasta", para que não haja maiorias absolutas na "casa das leis", afirmou esta manhã, depois de depositar o seu voto numa assembleia de voto, em Talatona, perto da capital angolana.
Foto: Borralho Ndomba/DW
Dinho Chingunji contra "Votou, Sentou"
O candidato do Partido Nacional para a Justiça em Angola (P-Njango) considerou hoje as eleições como "ocasião soberana" para escolha dos governantes e exortou os eleitores a esperarem os resultados em casa, contrariando o movimento "Votou, Sentou". Chingunji, que votou no município do Kilamba Kiaxi, em Luanda, exortou "os cidadãos a regressarem para as suas casas e a esperar pelos resultados".
Foto: Borralho Ndomba/DW
CNE diz que está tudo a funcionar
A Comissão Nacional Eleitoral (CNE) anunciou que as 13.238 assembleias de voto espalhadas pelos 164 municípios angolanos "estão abertas e em perfeito funcionamento" e "não há registo de qualquer incidente" que possa beliscar a votação. Também foram constituídas 45 mesas de voto no estrangeiro, para as quais foram recrutados 105.952 membros.
Foto: António Cascais/DW
UNITA denuncia irregularidades no Bengo
No Bengo, a UNITA chamou os jornalistas para denunciar supostas irregularidades na votação. De acordo com o partido do "galo negro", a CNE local está a proibir que os delegados de lista suplentes exerçam o direito de voto nas assembleias para as quais estão destacados, contrariando, desta forma, uma circular da própria Comissão Nacional de Eleições.
Foto: António Ambrósio/DW
Queixas de eleitores em Cabinda
A votação em Cabinda está a decorrer com alguma normalidade, mas com várias queixas por parte dos eleitores que dizem desconhecer as suas mesas de voto. Os cidadãos são obrigados a percorrer longas distâncias para votar, já que foram colocados em pontos longínquos da província e da capital. E há delegados de lista de partidos que não foram credenciados.
Foto: Simão Lelo/DW
Delegados monitorizam processo
Delegados de lista dos partidos políticos controlam o processo de votação no Bairro da Cuca, em Luanda, a capital. Durante a campanha eleitoral, o polémico movimento "Votou, Sentou", propalado por alguns partidos e membros da sociedade civil, também pediu aos eleitores para permanecerem nas imediações das assembleias de voto.
Foto: Manuel Luamba/DW
O voto da diáspora em Portugal
O ator Daniel Martinho, a viver há cerca de 40 anos em Portugal, foi ao Consulado Geral de Angola em Lisboa votar, feliz por ser a primeira vez que foi dada à comunidade radicada no exterior a possibilidade de exercer o direito de voto. "Era uma aspiração que nos incomodava", contou à DW. "É uma forma de contribuirmos para um país melhor, porque nós na diáspora também fazemos Angola", precisou.